A imprensa golpista busca apresentar como certo o apoio do Partido dos Trabalhadores à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) para prefeito da mais importante capital do país, dessa forma tenta fazer passar o mesmo golpe que aplicou nas últimas eleições municipais. Através de pesquisas manipuladas, a imprensa burguesa impulsionou a candidatura do psolista e parte dos petistas, por conta dessa campanha, se convenceram de retirar o apoio ao candidato do próprio partido em 2020.
O deputado federal Jilmar Tatto, que foi a vítima dessa manobra da imprensa na última eleição municipal em São Paulo, ainda que com viés bastante direitista, colocando o problema de apoiar Boulos sob uma perspectiva de conseguir apoio do centro político, se trata da figura dentro do PT que mais denuncia essa política. O vice-presidente, Washington Quaquá, também denunciou a mesma manobra na capital de Minas Gerais, sobre possível apoio à candidatura da deputada Duda Salabert (PDT).
O problema que surge desse tipo de apoio político é o risco de o PT desaparecer enquanto partido, há uma operação neste sentido que é orquestrada pela burguesia há muitos anos e que escalou diante do escândalo do Mensalão. No entanto, nem mesmo a Lava-jato conseguiu liquidar o PT, assim a burguesia buscou outras estratégias como a “Frente Ampla”, que tinha como maior defensor na esquerda ninguém menos que Guilherme Boulos.
Diante das dificuldades impostas pela situação política, o PT busca se reinventar fazendo mais daquilo que não deu certo, buscando a conciliação e abrindo mão de seu papel como único partido de importante massa de trabalhadores. E pior, aumentando a confusão no interior da esquerda ao oferecer de graça seu eleitorado para setores que sequer pode-se dizer de esquerda. Boulos era funcionário da golpista Folha de S.Paulo e também do think tank IREE, que é ligado a CIA e dirigido pelos golpistas Raul Jungmann, Leandro Daiello e Sérgio Etchegoyen.
Nas eleições de 2022, o PT prestou sua credibilidade para que o psolista fosse eleito deputado federal com uma votação bastante expressiva. Em contrapartida, figuras históricas do partido, como o ex-metalúrgico Vicentinho, não foram eleitos. O apoio a Boulos não garantiu nenhuma fidelidade como expôs a votação de toda bancada por ele liderada contra o arcabouço fiscal de Haddad, o projeto evidentemente não resolveria o problema do “Teto de gastos”, mas permitiria ao governo aumentar suas despesas.
Não foi a única vez que o psolista se mostrou uma figura não confiável, o mesmo ganhou projeção nacional como líder do movimento “Não vai ter Copa”, o qual serviu para atacar a popularidade do governo de Dilma Rousseff às vésperas do golpe de Estado de 2016. Ele também participou dos atos contra o “Ajuste fiscal de Dilma” em meio ao desenvolvimento do processo que destituiria a presidente petista. E também buscou desmobilizar a luta contra o Golpe dividindo as ruas com a “Frente Brasil Popular” e sua frente de brinquedo “Povo sem medo”.
A vitória de Lula nas eleições de 2022 representa uma derrota parcial do golpe de Estado e confere condições reais de lutar pela eleição de um candidato próprio do PT para prefeitura de São Paulo. Apesar da burguesia já ter escolhido seu candidato para esquerda defender nas eleições de 2024, ainda falta combinar com os filiados e militantes do PT, abdicar de candidatura própria na cidade mais importante do país deve ter como desfecho uma crise muito grande e caberá ao presidente Lula decidir a questão.