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"O escritor do povo"

Há 111 anos, nascia o escritor Jorge Amado

Um dos escritores mais populares da literatura brasileira

Jorge Amado

Lourenço Favari –

“A vida e a obra de Jorge Amado são marcadas por diversas mediações culturais que atravessam fronteiras nacionais e internacionais. Os seus discursos transcendem os limites estéticos da obra literária e transitam entre a arte e a ação partidária e dialogam com outros sistemas políticos e culturais dos quais o escritor participou intensamente no Brasil e no mundo”.

Assim, o pesquisador Cláudio Novaes descreve a influência do escritor brasileiro Jorge Amado na edição número 10 da revista ‘Amerika – Mémoires, Indetités, Territoires‘, de 2014. Na ocasião, a publicação reuniu um dossiê temático sobre parte do trabalho que alimentou as discussões do colóquio internacional Le Brésil de Jorge Amado : perspectives interculturelles, organizado pela Universidade de Rennes 2 – França, que ocorreu dois anos antes, em 2012.

O reconhecimento internacional aliado à popularidade do escritor dentro do Brasil reforçam a sua importância para a cultura brasileira.

Jornalista, romancista, político e memorialista, Jorge Leal Amado de Faria nasceu na Fazenda Auricídia, em Ferradas, Itabuna, BA, no dia 10 de agosto de 1912. Muito cedo, aos 14 anos de idade, já em Salvador, iniciou atividade nos jornais e começou a participar da vida literária local. Seu papel como um dos fundadores da Academia dos Rebeldes, ao lado da atuação do grupo Arco & Flecha e do Samba, foram fundamentais para a renovação literária baiana.

Até seu falecimento em 6 de agosto de 2001, em Salvador, Jorge Amado produziu 37 obras, sendo que a primeira como autor solo, o País do Carnaval, foi publicada em 1931. Um ano antes, publicou em colaboração com Édison Carneiro (1912-1972) e Oswaldo Dias da Costa (1907-1979), o livro Lenita, obra que posteriormente o próprio Amado definiu da seguinte forma: “é uma coisa de criança”.

O crítico Antonio Candido destacou o conjunto da obra Amadiana se desdobrando segundo uma “dialética da poesia e do documento”. Ou seja, de um lado o autor leva a narrativa para o romance social, proletário, enquanto do outro dá um “tratamento, por assim dizer, atemporal dos homens e das coisas”.

Não à toa este movimento dialético criou a popularidade deste romance modernista por meio de imagens quase que “fotográficas”. Isso o aproximou e, sobretudo, influenciou outro grande movimento brasileiro: o Cinema Novo. Glauber Rocha, por exemplo, dirigiu o média-metragem “Jorjamado no Cinema”, em 1977, onde registrou a intimidade familiar do escritor, que também fala de sua trajetória literária e suas obras adaptadas para o cinema.

Vale ressaltar que grande parte das obras de Jorge Amado foram adaptadas para a televisão e cinema. Em 1975, pela rede Globo, estreava a novela Gabriela, adaptação livre do romance Gabriela Cravo e Canela. Esta foi uma das mais de dez adaptações audiovisuais, que no cinema contou com o filme “Dona Flor e Seus Dois Maridos” de Bruno Barreto e que teve 10 milhões de expectadores. Considerando que a população do Brasil nos anos 70 , quando do lançamento tinha pouco mais que 100 milhões de brasileiros, é possível afirmar que de cada 10 brasileiros um assistiu ao filme.

Sua obra foi vastamente premiada no Brasil e no exterior, conforme destaca a Academia Brasileira de Letras, entidade que Amado também foi membro, tendo ocupado a cadeira de número 23, na sucessão de Otavio Mangabeira.

Entre os principais prêmios internacionais estão: o Prêmio Internacional Lênin (Moscou, 1951); Prêmio da Latinidade (Paris, 1971); Prêmio do Instituto Ítalo-Latino-Americano (Roma, 1976); Prêmio Risit d’Aur (Udine, Itália, 1984); Prêmio Moinho, Itália (1984); Prêmio Dimitrof de Literatura, Sofia – Bulgária (1986); Prêmio Pablo Neruda, Associação de Escritores Soviéticos, Moscou (1989); Prêmio Mundial Cino Del Duca, da Fundação Simone e Cino Del Duca (1990); e Prêmio Camões (1995).

No Brasil recebeu o Prêmio Nacional de Romance do Instituto Nacional do Livro (1959); Prêmio Graça Aranha (1959); Prêmio Paula Brito (1959); Prêmio Jabuti (1959 e 1970); Prêmio Luísa Cláudio de Sousa, do Pen Clube do Brasil (1959); Prêmio Carmen Dolores Barbosa (1959); Troféu Intelectual do Ano (1970); Prêmio Fernando Chinaglia, Rio de Janeiro (1982); Prêmio Nestlé de Literatura, São Paulo (1982); Prêmio Brasília de Literatura – Conjunto de Obras (1982); Prêmio Moinho Santista de Literatura (1984); prêmio BNB de Literatura (1985).

Mesmo com uma atribulada e reconhecida vida de escritor ainda em vida, Amado participou também da política, tendo sido eleito deputado federal por São Paulo em 1945, participado da Assembleia Constituinte de 1946 (pelo Partido Comunista Brasileiro) e da primeira Câmara Federal após o Estado Novo. Sua participação política rendeu leis que impactaram diretamente a cultura. Além de ter viajado pelo mundo, foi também alvo dos opositores e teve de viver no exílio em diferentes momentos de sua vida entre os anos de 1940 e meados de 1950.

Nesta quinta-feira (10) completam-se 111 anos de nascimento do escritor que apresentou o Brasil ao mundo e deu vez ao povo na literatura, foi e ainda é uma das principais figuras da cultura brasileira.

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