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Aerogerador ameaça caatinga

A destruição da Caatinga pela “limpa” energia eólica

Caatinga, bioma exclusiva do Brasil, é ameaçada agora pela expansão de Energia Eólica, considerada "limpa". Os moradores locais também sofrem com poluição sonora

Significando “mata branca” em tupi-guarani, a CAATINGA é um dos seis tipos de bioma que existem no território brasileiro. AMAZÔNIA, CERRADO, MATA ATLÂNTICA, PAMPAS, PANTANAL e CAATINGA são os tipos de biomas que existem no Brasil. Destes, somente caatinga é exclusiva do Brasil, ou seja, só existe aqui.

Caatinga é predominante no Nordeste brasileiro, e tem característica semiárida. Durante o período de seca as folhas caem, secas, aparecendo somente os troncos esbranquiçadas das árvores. Mas, no período chuvoso, o verde predomina, alterando totalmente a paisagem.

Preenchendo cerca de 844 mil km², o bioma da caatinga ocupa os estados de Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe. Bahia, Maranhão e região norte de Minas Gerais. Caatinga faz limite com os biomas Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado.

O clima da caatinga é semiárido, com altas temperaturas. A chuva divide o ano em dois períodos: o chuvoso e o seco. As chuvas duram pouco, de 3 a 5 meses por ano, geralmente de janeiro a maio. As chuvas são torrenciais e irregulares. O semiárido é uma das regiões secas mais quentes do mundo. A temperatura do solo pode chegar até 60°C durante o período seco, que faz evaporar as águas existentes no ambiente.

A vegetação da caatinga é perfeitamente adaptada ao clima semiárido, com suas chuvas irregulares e grandes evaporações. Perdem suas folhas durante a seca, e seus troncos possuem espinhos, que são conhecidas como vegetação xerofítica, constituída de árvores de pequeno porte e arbustos de troncos retorcidos com espinhos. Poucas plantas não perdem suas folhas, como é o caso de juazeiro. Outra característica é a presença de cactos, que armazenam água. Entre elas destacam-se cora-de-frade, facheiro, xique-xique e mandacaru. Outras plantas típicas de caatinga são: umbuzeiro, jatobá, baraúna, maniçoba, mimosa, aroeira, macambira etc. Entre as plantas nativas de caatinga, foi identificado que 323 espécies são endêmicas, ou seja, existem somente na caatinga.

A fauna de caatinga é muito rica e diversificada, com diversos tipos de repteis, anfíbios, aves e mamíferos. 13 espécies de mamíferos, 23 lagartos, 20 de peixes e 15 de aves são endêmicas, ou seja, só existem na caatinga. Falando em aves da caatinga, foi identificado mais de 200 espécies que vivem em caatinga. Dentre elas, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii). O último exemplar de ararinha-azul que habitava a região de caatinga foi vista em 2000. Outra espécie em fragilidade é a ararinha-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), que está com risco de extinção. A espécie é endêmica do estado da Bahia.

Outra espécie que a sua existência está em risco é a onça parda. A onça parda não é endêmica da caatinga, ela existe em outras biomas também, inclusive na caatinga. Com a caça predatória e perda de sua habitat, a população de grandes felinos foi diminuindo drasticamente, e recentemente outro fator tem sido o causador de risco de sua existência, a expansão desenfreada de parques eólicos.

Das cerca de 82 milhões de hectares, somente 7,8% da área de bioma da caatinga está sobre proteção. Menos de 1% de sua área está em unidades de proteção integral (como parques, reservas biológicas e estações ecológicas). Atualmente restam somente cerca de 53% da cobertura vegetal, ou seja, a caatinga já perdeu cerca de 45% da área original devido à ação humana. Ou seja, a caatinga é um dos ecossistemas menos preservados e mais degradados, com a desertificação do bioma. Por fato de não ser tão conhecido como floresta amazônica, a caatinga não recebe atenção do imperialismo e das ONGs para a tal “preservação ecológica”.

No evento “Brazil Forum UK 2023”, que aconteceu em Reino Unido entre os dias 17 a 18 de junho de 2023, Rodrigo Agostinho, presidente do IBAMA comentou o seguinte:

Nas últimas semanas, as pessoas só me perguntam de petróleo. Mas estou licenciando 300 projetos de eólica offshore e ninguém me pergunta sobre isso. Estou licenciando quase 30 projetos de hidrogênio verde. Isso é olhar pra frente. A gente fica preso a técnicas do passado. O IBAMA vai continuar licenciando petróleo, mas precisamos ter um olhar um pouco mais pra frente.

Ou seja, quando toda atenção está concentrada no petróleo de Amazônia, o presidente do IBAMA faz comentário acima, de que está investindo em energia eólica para não usar o petróleo. Claramente é a fala do imperialismo para atacar a soberania dos países em desenvolvimento.

A energia eólica é gerada pela força dos ventos, sendo reconhecido como fonte de energia elétrica limpa e renovável. O que poucos falam é sobre os impactos negativos que isso causa. As parques eólicas de grande porte são instalados em região nordeste, por sua característica geográfica, ou seja, a existência de ventos fortes. Os impactos que causam à natureza são mortes de animais e destruição de vegetação nativa, no caso o bioma de caatinga. Os parques eólicos situados no nordeste são compostos de cataventos gigantes que atingem até 80 metros de altura, e os pás giratórias chegam até 30 metros. Na região de caatinga situam 78% de turbinas de todo território nacional. Segundo ABEEólica – Associação Brasileira de Energia Eólica, existem mais de 10.178 aerogeradores em operação no Brasil. Aerogerador é o nome técnico do que conhecemos como catavento gigante. Também é conhecido como turbina eólica ou sistema de geração de geração eólica.

Com a implantação de parques eólicos ou solares, as formações florestais da caatinga são desmatadas, exatamente onde existem vida silvestre. Das montanhas rochosas às dunas litorâneas, a imagem das pás giratórias tem invadido o ecossistema, causando desmatamento para ter acesso aos aerogeradores. Na região litorânea, região tradicionalmente turística, a poluição visual causado pela implantação de turbinas eólicas, prejudicando economicamente, ocasionou estresse com os moradores.

Quando existe conflito de interesses entre o setor energético e os governos, e o setor de conservação da caatinga, geralmente o lado ambiental perde, por ser o elo mais fraco. Os pás giratórios causam a mortalidade de aves, muitos em riscos de extinção. Mas o impacto negativo de parque eólico vai além. Os moradores locais têm denunciado problemas de saúde como depressão, insônia, surdez etc. Isso porque em algumas situações, os aerogeradores são implantados muito próximos às residências das pessoas, o que causa poluição sonora.

Enquanto isso, o IBAMA só foca no lado positivo de energia eólica, sem considerar o prejuízo que tem causado à população. As pessoas que vivem ao redor do caatinga, os mais afetados diretamente, são pessoas do povo, simples. São agricultores, pescadores, pessoas que vivem da terra. Para eles, e por fato de não serem tão expostos na mídia como os moradores da região amazônica ao imperialismo e aos ONGs, e pelo fato de moradores de região rural serem em menor porte do que urbana, o apelo das vítimas de implantação de parques eólicos, parecem ser de menor importância do que o lucro que as turbinas dão à burguesia.

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