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Chile e Argentina

O que fazer frente à crise do neoliberalismo na América Latina?

A crise da direita na Argentina e Chile pode significar um fortalecimento da extrema-direita, daí a importância de a classe trabalhadora intervir diretamente na política

Decalcomania - Magritte

A matéria publicada no Brasil 247 “A direita em crise na Argentina e no Chile”, assinada por Marcia Carmo, acaba dando a impressão de que a crise na direita seja um sinal de que a esquerda esteja em ascenso, o que não é um fato. A crise da direita tem levado a um fortalecimento da extrema-direita, como se nota no Congresso brasileiro. Alguns poderão argumentar que Bolsonaro está na mira da Justiça, e pode até se tornar inelegível, mas a extrema-direita não depende dele que, em certa medida, até atrapalha os planos do imperialismo.

Lembremos que Bolsonaro não era o candidato preferencial da burguesia, apenas que o candidato do PSDB, à época Geraldo Alckmin, não deslanchou e recorreram ao plano B. Em 2022, o imperialismo auxiliado por setores da esquerda pequeno-burguesa tentou um candidato alternativo, que também não vingou, por isso Bolsonaro se apresentou novamente, e se reelegeria, não fossem a popularidade de Lula e a ação da esquerda mais aguerrida na campanha.

Voltando ao texto, lemos que “A direita teve uma semana marcada por enxurradas de críticas na Argentina e no Chile. No Chile, o representante da extrema-direita Luis Silva, chamado de ‘professor Silva’, disse que o ditador Augusto Pinochet foi um estadista. “Eu reconheço minha admiração por ele. Pinochet foi um estadista”, disse. Silva é do Partido Republicano, liderado pelo ex-candidato presidencial José Antonio Kast, que perdeu a eleição presidencial de 2021 para o presidente Gabriel Boric, de esquerda”.

Um primeiro problema que temos aqui é considerar Boric como sendo um governo de esquerda. Um presidente que critica a Venezuela está claramente a mando do imperialismo. Reclamar de presos políticos em solo venezuelano quando ele próprio não liberta aqueles que foram presos por enfrentarem o fascista Piñera. Criticar a má qualidade de vida do povo venezuelano sem mencionar a causa: o bloqueio econômico criminoso do imperialismo, mostra a que veio Gabriel Boric.

Como o próprio texto diz, “No mês passado, a ultradireita, de Kast e de Silva, do Partido Republicano, recebeu ampla votação dos chilenos para a redação da nova constituição chilena”. A esquerda que agora se diz enojada por Luis Silva ter elogiado Pinochet, foi conivente com o processo da Constituinte, que nada mais foi que uma forma de interromper a sublevação popular que colocou o Chile à beira de uma guerra civil. Nunca deveria ter aceitado que aceitado um processo constituinte chamado e controlado pelo governo fascista de Piñera.

Argentina

Temos o mesmo problema na Argentina, pois é preciso um grande esforço para se considerar Alberto Fernández como um político de esquerda. Cristina Kirchner, sua vice, desistiu de sair como cabeça de chapa nas eleições passadas por estar pressionada pela Justiça, que agora a ameaça novamente de prisão e pode impedir que se candidate. Ou seja, o imperialismo continua controlando o processo eleitoral na Argentina. Que Macri anuncie que não disputará a eleição não representa necessariamente um fator de crise dentro da extrema-direita, podem estar em busca de uma figura menos estigmatizada, como tem ocorrido no Brasil, onde o bolsonarista Tarcísio de Freitas já vem sendo considerado um candidato mais palatável que o histriônico Jair Bolsonaro.

A matéria diz que “A poucos dias do prazo final do dia 14 deste mês de junho, quarta-feira, para a inscrição das coalizões para a eleição presidencial argentina, em outubro, a direita não se entende”. E aqui temos de dizer que a direita e a extrema-direita são coisas distintas. No Brasil, por exemplo, com a polarização política cada vez mais intensa, a direita foi praticamente estraçalhada e atraída para o bolsonarismo.

O União Brasil, teve de ser formado pela junção do DEM (Democratas) e PSL (Partido Social Liberal) para a direita conseguir ter alguma coesão e força para resistir à atração poderosa que o bolsonarismo exerce sobre a direita tradicional.

Colômbia

Gustavo Petro, outro candidato ultramoderado que a imprensa insiste em chamar de esquerda, já está às voltas com a possibilidade de um golpe judiciário. Sua eleição serviu para esfriar a situação política em um país à beira da convulsão social. Pressionado pela própria condição em que se encontra a Colômbia, Petro tentou reformas que, apesar de tímidas, não foram aceitas pela burguesia que se movimenta para derrubá-lo.

Mais uma vez o imperialismo se utiliza do judiciário para tentar um golpe de Estado. Um golpe em um país polarizado demonstra que a burguesia não quer ceder a nenhum tipo de reforma e se dispõe a ir para enfrentamento. A Colômbia é basicamente um país ocupado pelos Estados Unidos, e vem se empenhando em esmagar a esquerda e a população pelo uso do terror.

Brasil

No Brasil o quadro político demonstra bem a polarização agindo, pois se vê nitidamente setores da direita tradicional aderindo ao bolsonarismo, enquanto setores da esquerda, como PSTU, PCB, UP e tendências do PSOL ensaiam o abandono – que nunca deram de fato – ao governo Lula e bandeiam para a oposição golpista, como fizeram em 2016.

O governo está emparedado por um Congresso cada vez mais de ultradireita. A imprensa burguesa já iniciou seu tradicional método de perseguição. É nesse ambiente que acontece a III Conferência dos Comitês de Luta. Os setores mais politizados da esquerda e a classe trabalhadora são chamados a intervir no quadro político.

A capacidade de o governo Lula conseguir trazer as massas trabalhadoras para seu apoio é que decidirá o futuro desta gestão, pois está sem base no Congresso.

O simples fato de se realizar esta III Conferência representa em si um avanço na consciência política da esquerda, pois ela é fruto de uma intensa luta dentro da própria esquerda.

A matéria se engana ao colocar a direita e a extrema-direita num mesmo cesto. A crise de uma não é a crise da outra. O imperialismo tem sofrido derrotas internacionalmente, por isso está jogando para esmagar a esquerda e manter sua dominação. Não será a primeira vez que a burguesia lançará mão da extrema-direita para oprimir o povo, daí a importância do que está se iniciando no Brasil: a classe trabalhadora se movimentando para agir diretamente na situação política.

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