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O eterno fora todos!

A covardia da esquerda pró-imperialista no caso Ucrânia 

A esquerda pequeno burguesa é incapaz de se desprender do imperialismo, defende a paz imperialista, e ainda ataca o governo Lula, parece que foi criada em uma proveta

Na guerra da Rússia contra a OTAN na Ucrânia, os marxistas têm uma posição clara: defender a nação oprimida contra o imperialismo, ou seja, defender a Rússia. Contudo, em parte da esquerda brasileira a tese que parece prevalecer desde o início do confronto, em 2022, foi a do “nem nem”, nem Rússia, nem OTAN, com suas diversas variações, todas igualmente erradas. Foi o caso de Valério Arcary, que publicou o artigo em seu sítio Esquerda Online: “Não há “solução” militar na guerra da Ucrânia”. Só pelo título já é perceptível, não existe defesa da vitória da Rússia, e, ainda pior, é uma defesa velada do imperialismo.

O artigo começa, como sempre, atacando o governo do presidente Lula. “O governo brasileiro renunciou à neutralidade ao votar na resolução aprovada na ONU. Sacrificou, talvez, de forma irreversível, a possibilidade de ocupar um papel progressivo na mediação de um cessar-fogo e construção de uma saída negociada.” A votação da ONU de Lula contra a invasão da Ucrânia não é uma virada na política. Ao que tudo indica, o presidente está em uma jogada casada com os russos para servir de uma base supostamente neutra na diplomacia internacional. Algo muito importante para os russos que teriam respaldo no Brasil de Lula, um país de referência mundial no quesito relações internacionais. Na prática, o petista segue mantendo a sua neutralidade que, ante a pressão do imperialismo, é, na prática, um apoio à Rússia.

O artigo segue justificando o porquê de não se apoiar a Rússia: “A guerra da Ucrânia não é uma guerra justa. Todas as guerras são uma catástrofe, mas há guerras justas e injustas.” e “A tradição marxista se posicionou, irredutivelmente, contra a guerra, pela paz e pelo anti-defensismo revolucionário, portanto, pela derrubada dos governos de seus países, quando de guerras entre Estados imperialistas. São guerras injustas. Assim foram as duas guerras mundiais do século XX.” A guerra injusta, portanto, seria a guerra entre dois países imperialistas, o que categoriza a Rússia como um país imperialista, um erro grave. Não comparativo entre a Rússia com um país imperialista como a França, por exemplo, que domina um enorme setor da economia mundial com seus monopólios. A Rússia existe à base de exportação de gás natural, uma economia semelhante à da Bolívia.

Sobre essa tese ainda é preciso explicar, não existem guerras “justas” ou “injustas”, a guerra é uma forma em que se dá a luta de classes; portanto, é preciso analisar as classes que lutam. As guerras mundiais foram guerras entre as burguesias imperialistas, inicialmente a burguesia alemã, contra a francesa e a inglesa. Nesse quesito não é correto apoiar nenhum dos lados, visto que o imperialismo é o inimigo maior da classe operária. A guerra Japão contra EUA entra no mesmo quesito. Existem também as guerras do imperialismo contra países oprimidos. Alemanha nazista contra URSS, por exemplo, e nesse caso é preciso apoiar o país oprimido. Por fim, há guerras entre países oprimidos, que podem assumir diferentes formas. No caso do conflito entre Rússia e Ucrânia, este país está travando uma guerra por procuração, uma vez que defende os interesses do imperialismo contra os russos.

Vale a pena discutir a sistematização de Arcary para entender essa questão: “A esquerda mundial reconheceu a existência de guerras justas: (a) pela defesa de Estados pós-capitalistas contra Estados capitalistas, ou seja, pela defesa de países onde triunfaram revoluções sociais; (b) pela defesa de Estados periféricos ou coloniais contra Estados imperialistas; (c) pela defesa de Estados com regimes democráticos-liberais contra Estados fascistas ou bonapartistas; (d) pela defesa do Estado agredido contra o invasor, quando de guerras entre países dependentes ou não capitalistas.”

Os pontos A e o B concernem às guerras de países imperialistas contra nações atrasadas, sejam Estados operários ou não. EUA contra Cuba, ou contra o Iraque. Alemanha contra a URSS ou contra a Iugoslávia capitalista. Netse caso, é necessário se posicionar contra o imperialismo a favor da nação oprimida. O ponto C é onde está o erro de Arcary, é uma posição que não é trotskista. Nesse quesito, na guerra da Alemanha nazista contra a Inglaterra se deveria se apoiara o imperialismo inglês, algo totalmente absurdo. E, ainda pior, nas guerras dos EUA contra países atrasados, Afeganistão do Talibã, Iraque de Saddam Hussein, Panamá do Noriega deveria se apoiar os EUA! Essa posição é a base para o apoio a invasões imperialistas em todo o mundo; afinal, atualmente, todos os países imperialistas são democráticos liberais. O próprio Trotski escreve – pra desmontar a tese de que se fica do lado ‘democrático – que em uma guerra do Brasil semi-fascista de Vargas contra a Inglaterra democrática, o correto seria o apoio ao Brasil.

E por fim o ponto C, que foi onde a discussão parou acima, a guerra entre duas nações oprimidas. A posição de Arcary é reacinária pois ele ignora a existência do imperialismo controlando essas nações atrasadas. A guerras como a do Chaco, entre a Bolívia e o Paraguai, que o correto é a defesa da paz. Mas há guerras em que uma nação está lutando contra o imperialismo ou outra está sendo manipulada pelo imperialismo. A guerra do Golfo é um bom exemplo, o imperialismo dividiu o Iraque criando o Cuaite, quando Sadam Hussein invadiu portanto era uma guerra contra a intervenção do imperialismo na região. Outro caso famoso que também envolve o Iraque, anos antes da guerra do Golfo os EUA armaram Sadam Hussein para atacar o Irã, que havia passado por uma Revolução em 1979. Nesse caso era preciso apoiar o Irã que se defendia da agressão dos EUA.

Nesse sentido, o imperialismo não pode ser ignorado também na Ucrânia. A Ucrânia cumpre um papel ao do Iraque contra o Irã. É um país controlado pelo imperialismo que serve de base de ataque a um país que tem um regime nacionalista que se choca com o imperialismo. Na prática, a luta do Irã contra o Iraque era uma luta contra o imperialismo, de libertação nacional, e o mesmo vale da luta da Rússia contra a Ucrânia.

Arcary se escora no fato de a guerra não ser ‘legalista’, como se a Rússia tivesse invadido, para esconder o seu pró imperialismo. No entanto, o que importa não é quem começou a guerra, mas quais classes lutam. No caso, a luta se dá entre o imperialismo contra a burguesia russa, que tem apoio da classe operária. O quadro é claro, é preciso ficar contra o imperialismo.

Valério Arcary apresenta a tese reacionária da ‘Rússia imperialista’: “Rússia e Ucrânia são Estados capitalistas e ambos têm regimes autoritários, bonapartistas ou semifascistas. Não é uma guerra justa porque não é nem uma guerra defensiva da Rússia, nem uma guerra de libertação nacional da Ucrânia. Trata-se de uma guerra inter-imperialista.” E demonstra toda a sua incompreensão da realidade: “Não é uma guerra defensiva da Rússia porque não existia perigo real e imediato para Moscou.” A Ucrânia, por meio da OTAN, havia se transformado na capital internacional do nazismo. Estava infestada de laboratórios de armas biológicas, que todos sabem, serviriam de base de ataque para os russos. Além de estar massacrando civis na região do Donbass desde 2014. Putin tomou a iniciativa antes que o pior acontecesse, e, na verdade, demorou 8 anos para fazer isso.

Essa última citação é a que revela o maior problema da análise de Aracary, que não enxerga o ataque imperialista contra a Rússia que só vem escalando, uma vez que a OTAN continuou sua expansão para o Leste e deixou os russo sem alternativa, a não ser barrar a entrada a Ucrânia na OTAN. A Rússia é o país é o mais sancionado do planeta. Sua luta contra a OTAN está desmoralizando totalmente o imperialismo por estar vencendo a guerra aos poucos, o que por sim é algo progressista.

O psolista não consegue entender que a Rússia de Putin é um entrada na libertação da humanidade, pois o governo Putin prestou um serviço imensurável quando, no dia 24 de fevereiro de 2022, decidiu que não aceitaria mais a ingerência do imperialismo em sua principal fronteira. Esse tipo de erro é similar ao que cometeram em 2016, não viram a ação do imperialismo contra o governo petista, que julgavam liberal e, na prática, ficaram ao lado daqueles que deram o golpe de Estado quando depuseram Dilma Rousseff.

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