No último domingo (20), o povo equatoriano compareceu às urnas para decidir quem será o próximo presidente da República. O pleito, que foi antecipado devido à “morte cruzada” decretada pelo atual presidente, o banqueiro Guilherme Lasso, vem chamando a atenção de todo o mundo pela enorme violência na qual está inserido. Um dos candidatos foi assassinado a tiros, outro foi ameaçado por um grupo de narcotraficantes e um dirigente ligado à esquerda equatoriana também foi morto. A candidata mas votada foi a correísta Luísa González, que conquistou 33% do eleitorado. A disputa, no entanto, seguirá para o segundo turno.
Além de escolher o próximo presidente, os equatorianos também participaram de um plebiscito surreal, que procurava estabelecer se o país deveria ou não explorar o seu petróleo na região amazônica. Surpreendentemente, a maioria votou a favor da proibição: 59%. Embora surpreendente, o resultado é bastante compreensível: 59% é aproximadamente a votação que a direita teve no primeiro turno da eleição. Isto é, os favoráveis a proibir a exploração de petróleo são também eleitores de vampiros neoliberais como Daniel Noboa.
Ora, se o regime político foi capaz de manipular o processo eleitoral de tal forma que a direita é a favorita nas eleições, mesmo após um mandato presidencial e meio de funcionários dos grandes bancos, também seria capaz de manipular o plebiscito para que a população vote a favor da sua própria miséria. Segundo apenas um dos dados levantados, a interrupção de um único ponto de exploração do petróleo amazônico equatoriano vai trazer um prejuízo de 13,8 bilhão de dólares nas próximas duas décadas – aproximadamente R$68 bilhões. Isso em um país onde o povo está completamente na miséria.
O que torna o caso ainda mais grotesco é que o petróleo no Equador é estatizado. Ou seja, o plebiscito é um golpe contra a empresa estatal de petróleo, a Petroecuador, que poderia destinar bilhões e bilhões de dólares para o desenvolvimento do país. Ao mesmo tempo, a Guiana Francesa, um país minúsculo, mas que é uma colônia francesa e que, portanto, não sofre a mesma pressão para não explorar suas riquezas, anunciou que a quantidade de petróleo que está sendo explorado na Margem Equatorial corresponde a 75% do petróleo brasileiro.
Embora a direita “tradicional” seja o principal elemento na sabotagem ao petróleo equatoriano, é preciso destacar também a atuação de uma figura que já havia aparecido nas últimas eleições equatorianas. Yaku Pérez, que se apresenta como um candidato “indígena”, uma alternativa de esquerda ao correísmo, é um dos grandes defensores dessa política. Acontece que Yaku Pérez não é nem índio, nem de esquerda. Ele atua como um porta-voz não eleito dos índios, mas não passa de um funcionário do Departamento de Estado norte-americano.