Um texto do sociólogo Michael Löwy foi publicado no site A Terra é Redonda, no último dia 29 de janeiro. Intitulado “Crise climática e alienação”, o texto fala sobre o atual ativismo político ecológico de uma maneira bastante despolitizada, pois não leva em consideração a luta política internacional em torno do problema do meio ambiente e do clima.
Depois de fazer uma comparação entre a humanidade atual com o Titanic prestes a bater num iceberg, o autor do artigo fala em “alienação”, uma vez que, para ele, a humanidade como um todo encontra-se “alienada”, “incapaz de lidar com o perigo iminente”, que seria a “mudança climática”.
“Esta consciência reflete-se na palavra de ordem de inúmeras manifestações desde a Conferência de Copenhague em 2009: ‘Mudemos o sistema, não o clima!’ Pois, como Greta Thunberg resume com perfeição: ‘É matematicamente impossível resolver a crise climática dentro do atual sistema político e econômico'”.
A mudança que o mundo precisa está nas mãos de ativistas que ganharam destaque graças à propaganda imperialista. Em resumo, poderíamos afirmar que a esperança é o imperialismo.
O autor, sendo um antigo ativista de esquerda, sequer leva em consideração o papel do imperialismo na chamada política do clima. A jovem Greta Thunberg, que recebeu holofotes dos principais meios imperialistas seria a grande esperança revolucionária do mundo. Ou melhor, revolucionária não, porque nitidamente não é disso que o autor está falando.
“Greta Thunberg (…) desempenhou inegavelmente um papel de catalisadora na mobilização da juventude para o clima. Seu apelo de 2019 para uma greve climática mundial foi seguido por 1,6 milhões de jovens em 125 países do mundo, e o de 20 de setembro de 2019 por 7 milhões! A crise de Covid-19 pode ter atenuado esta mobilização, mas ela está recomeçando, sob mil formas diferentes: Friday for Future, Global Climate Strike, Extinction Rebellion, Youth for Climate, etc.”
Michel Löwy se diz “ecossocialista”. Com essa concepção, apostando na campanha cínica da burguesia em relação ao clima, mostra que não tem socialismo nenhum nessas teorias. Não passa de um ecletismo que tenta utilizar alguns conceitos marxistas para disfarçar uma política imperialista.
É a propaganda dos países imperialistas contra o desenvolvimento dos países atrasados. Qualquer um deveria saber que é disso que se trata toda a ideologia ecológica.
O socialismo não precisa de “ecologia”. O socialismo é a libertação da humanidade, o que implica numa profunda revolução na relação entre o homem e a natureza.
O que temos aqui é uma infiltração de uma ideologia do imperialismo na esquerda. É uma “verdade inconveniente”, como diria o título do documentário de 2006 inspirado nas considerações sobre o aquecimento global feita pelo ex-vice presidente do Estados Unidos, Al Gore. Este é o verdadeiro ideólogo de Greta Thunberg, e, de tabela, de Michel Löwy. Assim, fica mais fácil de saber quem são os verdadeiros “alienados”.