A Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras para os Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês) revelou que o número de residentes da Faixa de Gaza deslocados à força das suas casas ultrapassou 1,5 milhão.
A diretora de Relações Exteriores da agência, Tamara Al-Rifai, afirmou que “mais de 70 por cento da população de Gaza foi deslocada desde 7 de outubro, e a maioria deles vive em condições horríveis em abrigos da ONU”. Ela explicou que “quase metade dos deslocados (717 mil) residem em 149 instalações afiliadas à agência em todas as áreas de Gaza, incluindo o norte, enquanto mais de 557 mil residem em 92 instalações em Khan Yunis e Rafah”.
A responsável da ONU disse que o que suscita preocupações humanitárias e ambientais é a decomposição de corpos enterrados sob edifícios desabados no meio de esforços de resgate limitados, além da situação terrível das crianças e do medo pelas suas vidas e segurança. É importante ressaltar que até a data da publicação desta matéria, o número de mortes atingiu 10.569 e quase 26.500 feridos. Dentre os assassinados pelo Estado de Israel, 4.324 são crianças e 2.823 mulheres.
A última atualização do Ministério de Saúde de Gaza, na segunda-feira (6), apontava que um número de 260 mil habitações foram atingidas pelos bombardeios e nesse momento se encontram parcialmente ou completamente destruídas. Outro registro informado pelo órgão é que há no território palestino cerca de 350 mil pacientes com doenças cronicas como, por exemplo, diabete e câncer. Há ainda mil palestinos que precisam realizar diálise.
Ainda, segundo o site das Nações Unidas, um terço de todos os edifícios no norte de Gaza foram destruídos ou danificados. O relator especial da ONU sobre Direito à Habitação Adequada, Balakrishnan Rajagopal, afirmou que realizar ataques “com o conhecimento de que irão destruir e danificar sistematicamente habitações e infraestruturas civis, tornando uma cidade inteira, como a cidade de Gaza, inabitável para civis é um crime de guerra”.
Laila Baker, Diretora Regional para os Estados Árabes da agência de saúde sexual e reprodutiva, disse, para a Agência das Nações Unidas, temer pelo destino das novas mães e dos seus filhos no meio da “perda de humanidade completa” em Gaza. “É uma brutalidade sem precedentes e sem paralelo na história da humanidade nos últimos tempos: 2,2 milhões de pessoas, entre elas 50 mil mulheres grávidas, sitiadas durante um mês. 5.500 mulheres vão dar à luz nas próximas semanas.” Uma média de 160 mulheres por dia.
No sul de Gaza, 11 padarias foram destruídas pelos bombardeios israelenses, e a única fábrica em funcionamento está paralisada por falta de energia e combustível. A água que vem do Egito em galões e garrafas satisfaz apenas 4% das necessidades dos residentes por dia. Os hospitais que não foram bombardeados – ainda – trabalham superlotados, praticamente sem medicamentos, cirurgias estão sendo feitas sem anestesia.