No dia de hoje (26), celebram-se 70 anos do assalto do Quartel Moncada, um dos capítulos mais marcantes do processo revolucionário que culminou na expropriação da burguesia em Cuba. Naquele momento, um grupo de cerca de 160 homens liderados por Fidel Castro tentou tomar o quartel-general de Moncada, em Santiago de Cuba, com o intuito de derrubar a ditadura de Fulgencio Batista.
A operação fracassou. Dezenas de homens foram mortos. Fidel Castro, por sua vez, foi condenado a 15 anos de prisão. Em seu julgamento, declarou uma de suas frases mais famosas: “a história me absolverá”. E de fato absolveu. Em menos de seis anos, o revolucionário conseguiria tomar o poder. Quatro anos mais à frente, Fidel declararia Cuba um país socialista.
O fracasso de Moncada, que acabou sendo, felizmente, lembrado como um episódio de uma trajetória vitoriosa, é um fenômeno comum nos movimentos nacionalistas. Para que efetivamente a tomada do poder de assalto dê certo, é preciso ter um apoio substancial nas Forças Armadas, o que aconteceu, por exemplo, na década de 1950, no Egito, levando Gamal Abdel Nasser ao poder, e na década de 1960, no Iraque, que acabaria levando Saddam Hussein ao poder.
A tentativa de tomar o poder, mesmo sido reprimida de uma forma brutal, acabou por intensificar o movimento oposicionista mais radical. Foi a partir do episódio, por exemplo, que Fidel Castro se tornou um herói nacional, o que foi fundamental para que viesse a liderar a revolução cubana de 1959.
A revolução cubana, produto direto da iniciativa dos jovens do assalto ao Quartel Moncada, é um dos acontecimentos políticos mais importantes de todo o século XX. Pela primeira vez na América Latina uma revolução foi capaz de acabar com o capital e estabelecer a ditadura do proletariado. A revolução cubana, junto com a Revolução na Argélia, que teve seu desfecho em 1962, seriam dois sinais muito importantes da crise capitalista que iria aparecer de forma explícita em 1968. As revoluções serviram para criar as condições de enfrentamento ao regime imperialista que se deu a partir desse ano.
O assalto ao Quartel Moncada, por sua importância, também foi responsável por dar nome ao Movimento 26 de Julho, batizado com a data de quando aconteceu a tentativa frustrada. O movimento foi o responsável pela revolução de 1959, tendo depois se fundido em outras organizações que formaram o atual Partido Comunista Cubano.
A valentia e o êxito posterior dos jovens do assalto ao Moncada também cumpriram um papel importante na liquidação das burocracias dos partidos comunistas em vários lugares, incluindo o Brasil. Afinal, um grupo bastante pequeno de guerrilheiros foi capaz de desafiar o imperialismo norte-americano bem no seu quintal, pondo à prova a incapacidade dos partidos stalinistas de qualquer ação prática.
O Movimento 26 de Julho só se aproximou da União Soviética após a revolução. Mesmo adotando posteriormente o nome de Partido Comunista, a união de agremiações fundada por Castro já nada tinha a ver com o Partido Comunista que era controlado pela União Soviética e que cumprira um papel de contenção das massas.
Embora o grupo dirigente da revolução tenham sido os jovens guerrilheiros que se aventuraram na tentativa de tomada do Quartel Moncada, a revolução só foi vitoriosa porque o grupo de Fidel Castro contava com o apoio da classe operária. O Movimento 26 de Julho tinha uma ampla organização nas cidades e, portanto, uma penetração na classe operária, a tal ponto que os trabalhadores e os sindicatos participaram ativamente do processo revolucionário.
A data de hoje deve ser celebrada como o marco de uma luta vitoriosa contra o imperialismo. Fidel e seus companheiros, apesar das idas e vindas do processo revolucionário, mostraram que é possível derrotar o país mais poderoso do mundo.
Viva a revolução cubana!