Há 100 anos atrás, o poder Judiciário norte-americano proibiu a censura a um dos maiores escritores de todos os tempos.
Acusada de “obscenidade”, a obra literária Ulysses, de James Joyce, foi censurada em várias partes do mundo, mesmo antes de ser publicada na íntegra. Joyce apresentava sua obra fragmentada em capítulos que eram publicados na revista nova-iorquina Little Review durante os anos de 1918 a 1920.
Uma de suas leitoras, filha de um advogado de Nova York, provocou a ira de seu pai que se queixou a um promotor público da cópia recebida por sua filha.
A cópia em questão, que provocou a revolta do advogado, mostrava um personagem que se masturbava na praia enquanto admirava uma garota de 17 anos de idade.
Com a denúncia promovida pelo promotor público ao qual se queixou o advogado, as editoras da revista Little Review foram consideradas pelo juiz culpadas de publicar material indecente e multadas em cerca de 50 dólares cada (cerca de 900 dólares considerando a inflação), além de ter a publicação do material banida em 1921.
A proibição das publicações, as quais pretendiam as editoras posteriormente juntá-las para a publicação de um livro, causou revolta em muitos artistas importantes, como T.S. Eliot, D.H. Lawrence e outros.
Em 1933, o juiz John Munro Woolsey do Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Sul, de Nova Iorque, recebeu em suas mãos o caso United States v. One Book Called “Ulysses”.
Então, em 6 de dezembro de 1933, o juiz Woolsey, com o apoio inclusive de um dos promotores que ao longo do processo mudou sua opinião a respeito da obra, prolatou uma decisão em prol da liberação do livro, o qual foi considerado pelo juiz uma obra-prima “absolutamente saudável”.
A sentença de Woolsey foi acolhida pela imprensa como algo “monumental” e logo na sequência as editoras se prepararam para publicar o livro.
Atualmente, entretanto, o precedente firmado por Woolsey já não é levado tão a sério. Diversas obras, desde então, já foram censuradas, inclusive por considerações de tipo sexual. Nesse sentido, nenhuma obra, seja nos Estados Unidos, seja no resto do mundo, está segura. O imperialismo promove uma ampla campanha em defesa da censura, atacando de maneira generalizada os direitos democráticos do povo.