Desde o dia 7 de outubro, Israel tem sido exposto ao mundo, para além de qualquer dúvida razoável, como um Estado verdadeiramente genocida, já tendo assassinado mais de 15 mil palestinos, sendo pelo menos 6 mil crianças e 4 mil mulheres, com seus bombardeios indiscriminados de casas. Aos poucos, também vem sendo esclarecido por este Diário, e também por diversos órgãos da imprensa independente que o Estado de Israel foi fundado sobre a limpeza étnica da Palestina, e que o sionismo é um tipo de fascismo que não se difere muito do nazismo.
Exemplificando, já há décadas que Israel rouba órgãos de palestinos assassinados, uma tática nazista. Trata-se de uma situação que já foi denunciada por jornalistas independentes; inúmeras ONGs, várias das quais inclusive imperialistas; pela imprensa burguesa; e, inclusive, admitido abertamente por funcionários do alto escalão do governo israelense. De forma que só não se trata de um fato notório pois a disseminação dessa informação, até o presente momento, foi contida pelo aparato de propaganda do sionismo (e do imperialismo).
O roubo de órgãos de palestinos assassinados passou a ser denunciado na década de 1980. Artigo do jornal sueco Aftonbladet, em 2009, escrito pelo jornalista freelancer Donald Boström, relata suas experiências nos territórios ocupados da Palestina, em 1992, ocasião em que ele coletou denúncias de palestinos a respeito do roubo de órgãos por parte dos israelenses, tendo inclusive ele mesmo presenciado um enterro de um corpo anormalmente retalhado:
“Juntamente com os ruídos agudos das pás ouvíamos risadas ocasionais dos soldados que, enquanto esperavam para voltar para casa, trocavam algumas piadas. Quando Bilal foi enterrado, seu peito foi descoberto e de repente ficou claro para as poucas pessoas presentes a que tipo de abuso ele havia sido exposto. Bilal não foi de longe o primeiro a ser enterrado com um corte do abdômen até o queixo e começaram as especulações sobre a intenção.
[…]
As famílias palestinianas afectadas na Cisjordânia e em Gaza tinham a certeza do que aconteceu aos seus filhos. Nossos filhos são usados como doadores involuntários de órgãos, disseram-me parentes de Khaled, de Nablus, assim como a mãe de Raed, de Jenin, e os tios de Machmod e Nafes, de Gaza, que desapareceram por vários dias apenas para retornar à noite, mortos e autopsiados.
– Por que razão iriam eles manter os corpos durante até cinco dias antes de nos deixarem enterrá-los? O que aconteceu com os corpos durante esse tempo? Por que estão realizando uma autópsia quando a causa da morte é óbvia e, em todos os casos, contra a nossa vontade? Por que os corpos são devolvidos à noite? E por que com escolta militar? E por que a área fica fechada durante o funeral? E por que a eletricidade está cortada? Houve muitas perguntas chateadas do tio de Nafes”.
Conforme consta do sítio da Wikipedia, enciclopédia eletrônica frequentemente editada pelo aparato de inteligência do imperialismo e do sionismo, “Boström também escreveu que funcionários não identificados da ONU lhe disseram que ‘o roubo de órgãos definitivamente ocorreu’, mas que foram ‘impedidos de fazer qualquer coisa a respeito’”.
Como já dito, o jornalista independente sueco não fora o único a expor o roubo de órgãos de palestinos. No livro “Over Their Dead Bodies”, da médica israelense Meir Weiss, é relatado o tráfico ilegal de órgãos palestinos mortos entre os anos 1996 e 2002, para serem utilizados tanto para fins de pesquisas científicas em universidades israelenses, quanto para fins de transplantes (para cidadãos israelenses, é claro). A situação inclusive chegou a ser admitida por funcionário do alto escalão do Estado de Israel, em documentário datado do ano de 2014. No caso, houve o roubo de pele de palestinos mortos, destinada ao transplante de israelenses vítimas de queimaduras, em especial soldados. Segundo informado pelo próprio diretor do Banco de Pele de Israel, o país possuía reserva de pele humana de 17 metros quadrados, um número não compatível com a população do país, evidência para o roubo.
A própria CNN, em 2008, e a ONG Euro-Med Monitor (sede em Genebra) já disseram que Israel é o maior centro de comércio ilegal de órgãos humanos. Ambos são órgãos do imperialismo. Inclusive, a referida ONG vem atuando em Gaza e colhendo depoimentos de palestinos, inclusive de médicos e profissionais de saúde, ao menos desde o dia 7 de outubro. Segundo depoimento do diretor do complexo médico hospitar al-Shifa, recentemente invadido pelas FDI (Forças de Defesa de Israel), as tropas roubaram corpos, exumando-os de uma vala comum. Outros médicos relatam que inúmeros corpos de palestinos assassinados estariam faltando órgãos vitais, como fígados, rins e corações, além de cócleas e córneas, o que o Euro-Med Monitor chamou de “evidência” de possível roubo de órgãos. A ONG também documentou que as FDI roubaram corpos do Hospital Indonésio, no norte de Gaza, além de outros no sul do enclave. Para além disto, constatou recentemente que o governo sionista está retendo, desde o dia 7 de outubro, cerca de 400 corpos de palestinos assassinados, impedindo-os de retornarem às suas famílias (sendo 145 nos necrotérios israelenses, e 255 no chamado “Cemitério dos Números”, um local próximo da fronteira com a Jordânia, onde não é permitida a entrada pública).
Conforme informações levantadas, também pela Euro-Med Monitor, tudo isto é permitido pelo ordenamento jurídico israelense. Em 2019, uma decisão da Suprema Corte permitiu aos militares o enterro temporário no “Cemitério dos Número”. Já no final de 2021, o Knesset (parlamento) aprovou leis permitindo à polícia e ao exército a retenção dos corpos de palestinos assassinados.
Por trás desse roubo sistemático de corpos de palestinos assassinados, está não apenas o tráfico ilegal de órgãos, mas também o interesse político de os utilizar como moeda de barganha nas negociações do Estado de Israel com a resistência palestina. Militantes da resistência mortos pelo sionismo são frequentes objetos dessa política. Palestinos que não são militantes também acabam tendo o mesmo destino, quando não são enterrados como indigentes. Em suma, “Israel” tem uma política de confisco de corpos para utilização como moeda de troca, o que é proibido pela lei internacional. Tal política é tanto uma forma de punição aos palestinos, como também uma tentativa de evitar tumultos e protestos nos velórios e enterros, de forma que sua acentuação desde o dia 7 de outubro é outra evidência do enfraquecimento do sionismo e seu Estado.