Um ataque cardíaco foi a causa da morte de Gamal Abdel Nasser, que completa nesta quinta-feira (28) 53 anos. Um dos maiores líderes do nacionalismo árabe de todos os tempos, foi o segundo presidente do Egito de 1954 até sua morte em 1970.
No Brasil, a morte do político de 52 anos foi noticiada pela Folha de São Paulo, que descreveu que o colapso cardíaco ocorrido após Nasser se despedir do emir do Kwait, com quem tratava dos últimos detalhes do acordo entre os chefes de Estado dos países árabes sobre a crise da Jordânia.
A influência de Nasser era tão grande que, além de líderes do mundo árabe como Yasser Arafat, da Al Fatah, o então presidente imperialista Richard Nixon lamentou sua morte.
Nascido em 15 de janeiro de 1918, Nasser militou no movimento estudantil contra o colonialismo britânico no país, onde participou de diversos protestos. Inclusive, sua ação anti-governamental foi fator dominante para que fosse recusado em sua primeira candidatura à Real Academia Militar, onde almejava treinamento oficial do exército. Somente em uma segunda tentativa é que ingressou nas fileiras do oficialato.
A insatisfação com o sistema político vigente despertou seu desejo de derrubar a monarquia, então capacho do imperialismo britânico. “… com o falecimento de Fuad I, ascendeu ao trono seu filho, Faruk I. O tratado de independência entre Egito e Inglaterra fora finalmente concluído, em meio à crise do regime. Entretanto, Nasser não mantinha nenhuma ilusão a respeito do documento, que previa a continuidade das bases militares britânicas e entregava o Canal de Suez aos ocupantes”, descreveu o jornalista Eduardo Vasco em matéria ao Diário Causa Operária publicada em 2018.
Em 1948, na Guerra árabe-Israelense, Nasser teve sua primeira experiência em campo de batalha. Diante das experiências e seu sentimento nacionalista, organizou o comitê fundador do Oficiais Livres, que reunia representações diversas, da irmandade muçulmana, passando pelo Partido Comunista Egípcio e da aristocracia. Ele foi eleito presidente do grupo.
Foi com esse grupo que Nasser, por meio da Revolução de 1952, derrubou o rei Farouk e encerrou o regime monárquico no país. O estopim para revolução foi o assassinato de 50 soldados por parte das forças britânicas, o que gerou grande revolta da população.
Com a dissolução da monarquia e a declaração da República do Egito, não demorou para Nasser ascender ao poder e assumir a presidência. Em seu período foi responsável por algumas ações que o transformaram no reconhecido líder, entre elas estatização dos meios de produção, que estavam nas mãos de monopólios estrangeiros.
Em 1956, Nasser deu um passo além: nacionalizou o Canal de Suez, que então era administrado por uma companhia franco-britânica. As ações e sua retórica combinada com seu nacionalismo populista cativaram a população que tinha um sentimento de retomada do Egito.