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Fugiu para França

21/07/1917: Kerensky torna-se primeiro-ministro

Ambição desmedida pelo poder. Subiu rápido, mas caiu mais rápido ainda

Alexander Kerensky (1881-1970) foi um dos responsáveis pelo levante dos bolcheviques ao poder. Não como membro bolchevique, mas como aquele que com a política impraticável e inconsistente abriu caminho para o levante vermelho. Como o primeiro-ministro do Governo Provisório cometeu tantas atrocidades que o povo ficou encurralado: ou morre ou luta pela revolução. Sua decisão de manter a participação da Rússia na 1ª Guerra Mundial foi extremamente impopular. 0 povo acreditava que com o surgimento do Governo Provisório deixaria de lutar na guerra. Mas Kerensky acreditava que a vitória era o único caminho a seguir, sobre o sacrifício da população. Grande orador, com seus discursos conseguiram induzir os militares, mas temporariamente. O povo, tanto a classe média como baixa, que já sofria com pobreza, estava em penúrias devido à participação da guerra. Em outubro de 1917, Kerensky distribuiu armas aos trabalhadores de São Petersburgo quando já estava isolado politicamente. Esses trabalhadores passaram ao lado dos bolcheviques. E aconteceu a 2ª Revolução, de outubro de 1917. Kerensky conseguiu escapar e fugiu para a França com a família.

Quando a França foi invadida pela Alemanha na 2ª Guerra Mundial, emigraram para os EUA. Kerensky ofereceu apoio a Stalin quando a URSS foi invadida pela Alemanha. Estabeleceu na cidade de Nova York, trabalhando na Instituição Hoover da Universidade de Stanford. Essa instituição é uma empresa direitista onde muitos de seus membros tornaram-se alto escalão do governo norte-americano, como Condoleezza Rice, Henry Kissinger etc.

Kerensky nasceu na mesma região que Lênin, Simbirsk, distante cerca de 890 km de Moscou. O pai de Kerensky foi professor e diretor de ginásio local, e deu aulas para Lênin. A cidade de Simbirsk alterou o nome em 1924 para Ulyanovsk, em homenagem a Vladimir Ulyanov Lênin. A mãe de Kerensky era neta de um camponês que tinha negociado a sua própria liberdade e que tinha enriquecido tornando-se comerciante (até 1861 ainda vigorava a lei de servidão de campesinato. Em 1899 Kerensky ingressou na Universidade de São Petersburgo para estudar História e Filologia, mas no ano seguinte troca pelo Direito. Em 1904, já graduado, casa-se com Olga Lvovna Baranovskaya, filha de general russo. Kerensky apoiou o movimento de Narodniks (grupo populista composto de elite urbana culta, aderente ao socialismo agrário, inspirado em Rousseau e Alexandre Herzen). Trabalhou como consultor jurídico de vítimas de Revolução de 1905.

Quando Kerensky era membro da Duma (congresso), ocorreu o massacre da bacia do Rio Lena, na região de Sibéria. A empresa de exploração de ouro, com capital inglês, monopolizava quase todo ouro da Rússia, e entre seus acionistas estavam os membros da família imperial russa. Com os lucros recordes, tinha a imagem de bonança, mas este lucro estava apoiado sobre a exploração dos mineiros em condição degradantes, como mais de 16 horas de jornada de trabalho, salário pago em vales que só podiam ser usados no estabelecimento comercial da empresa, salário baixíssimo etc. O sindicato dos mineiros tentou negociar melhoria de condição de trabalho, sem sucesso. O estopim para a greve foi a oferta de carne estragada. O levante grevista sofreu violenta reação da guarda imperial, que matou cerca de 250 pessoas. A notícia correu rapidamente sobre todo território russo, causando comoção geral, acionando uma convulsão geral dos operários que entraram em greve política. O governo central montou uma comissão de verificação do fato ocorrido, tipo CPI, e Kerensky foi líder dessa investigação. O seu relatório do massacre tornou-o famoso, e assim foi subindo no degrau do poder. Virou membro importante do Bloco Progressista que incluía partidos socialistas como mencheviques e liberais, menos os bolcheviques.

Quando a Revolução de Fevereiro de 1917 ocorreu, Kerensky já era um dos mais importantes. Como orador brilhante, com sua posição contra o czar, e como advogado defensor de muitos revolucionários, tornou-se membro do Comitê Provisório da Duma Estatal e foi eleito vice-presidente do recém-formado Soviete do Petrogrado. Acreditando que os oficiais militares poderiam ser elementos contrarrevolucionários, o grupo de Soviete do Petrogrado emitiu ordens aos militares que deveriam formar comitês, o que poderia prejudicar a hierarquia de poder, causando confusão. Kerensky participou da decisão dessa ordem. Enfim, Kerensky foi aumentando o seu poder e influência dentro do governo, até chegar ao cargo de primeiro-ministro. Até chegou a proclamar a República da Rússia, o que era contrário ao Governo Provisório que deveria manter o poder apenas até decidir a forma do governo russo por via da Assembleia Constituinte. Formou um diretório de cinco membros, que incluía a si mesmo. Manteve no cargo até ser derrubado pelos bolcheviques em outubro de 1917. Seu governo durou de julho a outubro, cerca de 4 meses.

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