A investida imperialista contra governos nacionalistas em países atrasados é uma constante desde o fim da Segunda Guerra Mundial, basta que um governo tome medidas para a proteção de sua economia ou nacionalize seus principais setores, para que sua população tenha melhoras nas condições de vida, e lá estará o imperialismo conspirado para a derrubada do governo em questão, impondo novamente o retrocesso e atacando o povo local.
No Brasil o imperialismo já esteve por trás de inúmeros golpes de estado, a derrubada de Getúlio Vargas, em 1954, também Jango, 10 anos depois para a implantação da ditadura militar, e mais recentemente conspirou através de seus representantes no país para o golpe de 2016 contra Dilma Rousseff.
Assim como o Brasil e toda América Latina, o Oriente Médio também foi vítima da intervenção imperialista quando governos nacionalistas subiram ao poder em diversos países da região.
Há 70 anos, no dia 19 de agosto de 1953, o governo nacionalista de Mohammad Mosaddegh, democraticamente eleito, foi derrubado através da chamada “Operação Ajax”, levada adiante pela CIA, o serviço de inteligência dos Estados Unidos e o MI6, equivalente inglês da famigerada agência norte-americana. Os ingleses historicamente foram responsáveis por intervenções em diversas regiões do oriente médio.
Mossadegh nasceu em Teerã em 1882 e deu início a sua vida política em 1905, eleito para o recém criado parlamento persa. Não assumiu o cargo por não possuir idade suficiente. Em 1919, foi convidado pelo primeiro-ministro Hassan Pirnia para ser seu ministro da justiça, porém acabou se tornando governador da província de Fars. Posteriormente foi nomeado ministro das finanças no governo de Ahmad Qavam em 1921 e, em 1923, foi ministro das Relações Exteriores, já no governo de Moshir ed-Dowled. Foi também governador da província do Azerbaijão e reeleito para o parlamento.
Em 1925, votou contra a nomeação de Reza Khan como o novo Xá, alegando o movimento como algo inconstitucional. Em 12 de novembro daquele ano, o fato se concretizou e Mossadegh retirou-se da política por discordâncias com o novo regime.
Em 1944, foi novamente eleito para o parlamento e assumiu a Frente Nacional do Irã, organização que tinha como objetivo acabar com a presença estrangeira na política do país. Em abril de 1951, foi nomeado primeiro-ministro pelo Xá Reza Pahlavi. Sua administração foi marcada por reformas sociais como o seguro desemprego e outros benefícios para os trabalhadores.
Mossadegh também instituiu a reforma agrária, porém o mais marcante foi a nacionalização da Anglo-Iranian Oil Company, empresa responsável pela exploração do petróleo na região. O então primeiro-ministro cancelou a concessão vigente da empresa, expropriando seus ativos, alegando que o Irã era o proprietário legítimo desses recursos.
A partir daí se deu a campanha apoiada pelo imperialismo para a sua destituição. Houve, por parte dos britânicos e norte-americanos, um investimento em propaganda negativa do primeiro-ministro, na finalidade de fazer com que a população iraniana se tornasse contrária a ele, corrompendo o exército e políticos do país. Além da campanha internacional pelo boicote do petróleo iraniano.
A intenção era fortalecer o poder do Xá e retroceder nas medidas progressistas realizadas por Mossadegh. O que de fato aconteceu após o golpe com o governo comandado pelo general Fazllolah Zahedi. A participação norte-americana no golpe já foi assumida há uma década, porém os ingleses só admitiram participação recentemente com a declaração do ex ministro de relações exteriores David Owen.
Não há força mais reacionária que a do imperialismo mundial, sempre com as mesmas táticas, procuram e na maioria das vezes conseguem fazer retroceder qualquer progresso alcançado por governos nacionalistas de países atrasados. A luta anti-imperialista é central para todos os revolucionários, a maior parte da esquerda mundial não consegue enxergar a ação dessa força, a qual é combatida de forma cada vez mais aberta em países do mundo todo.