No dia 12 de outubro de 1984, aproximadamente às 2h45 da manhã, uma bomba armada pelo IRA explodiu no Grand Hotel, em Brighton. O alvo era a primeira-ministra Thatcher, que saiu ilesa da contra-ofensiva que matou cinco pessoas e feriu outras 34. Nenhuma das pessoas assassinadas era do gabinete de Thatcher. No entanto, foram mortos o parlamentar conservador Sir Anthony Berry, Eric Taylor (presidente da área Noroeste do Partido Conservador), Lady Shattock (presidente da área oeste do Partido Conservador), Muriel Maclean (Presidente dos Conservadores Escoceses), e Roberta Wakeham.
O ataque de 1984 foi uma das ações do conflito etno-nacionalista da Irlanda do Norte, que se estendeu de 1960 a 1998 e combatia a ocupação britânica no território.
O grupo nacionalista aproveitou a realização da Conferência do Partido Conservador, no Grand Hotel, em Brighton, para realizar a ação. Membro do IRA Patrick Magee, que se hospedou no hotel de 14 a 17 de setembro, foi o responsável por armar o explosivo embaixo da banheira do seu quarto, cinco andares acima da suíte de Thatcher, conforme investigação das forças policiais.
Ainda que a explosão tenha danificado o banheiro da suíte da britânica, o quarto e a sala de estar ficaram intactos. Depois do ataque, já na delegacia, Thatcher concedeu entrevista à BBC afirmando que a conferência seria realizada normalmente. A resposta da primeira-ministra, posteriormente, fez sua popularidade crescer e abriu espaço para que ela prosseguisse com sua agenda liberal. De modo que o conjunto de suas políticas destruiu setores inteiros de trabalho, acabou com empregos e até hoje é visto com um das principais fatores para a crise que se arrasta ainda no século XXI pelo Reino Unido.
A autoria da ação contra o imperialismo britânico foi assumida pelo IRA logo no dia seguinte com a declaração: “A Sra. Thatcher compreenderá agora que a Grã-Bretanha não pode ocupar o nosso país e torturar os nossos prisioneiros e atirar no nosso povo nas suas próprias ruas e sair impune. Hoje não tivemos sorte, mas lembre-se que só precisamos ter sorte uma vez. Você terá que ter sorte sempre. Deem paz à Irlanda e não haverá mais guerra”.
Patrick Magee foi seguido pelas autoridades policiais durante meses e só foi preso em junho de 1985 junto a outros membros do IRA. Ele foi condenado a oito sentenças de prisão perpétua. No entanto, ele foi libertado após cumprir 14 anos, em 1999, nos termos do Acordo de Belfast, cuja finalidade era acabar com os conflitos entre nacionalistas e unionistas.
Vale destacar que o Exército Republicano Irlandês, mais conhecido por sua sigla em inglês, IRA (Irish Republican Army), é um conjunto de diversos grupos paramilitares irlandeses que eram oprimidos e lutaram contra a influência Britânica na ilha da Irlanda.
O grupo de resistência à ocupação britânica sempre foi considerado pelo imperialismo como terrorista.
Essa prática, inclusive, é tática utilizada até hoje para todos os povos oprimidos que percebem a luta armada como uma das únicas formas de combater a ocupação e domínio externo.
É o caso do conflito entre a Palestina e Israel, no qual a imprensa liberal, esquece todo histórico de ataques realizado pelo Estado de Israel e classifica como terrorista a resposta dada pelo movimento islamista palestino Hamas.