Os servidores públicos das três esferas administrativas não podem mais esperar. Até porque não têm mais nada a perder; pois já perderam muito. Os ataques contra a categoria se sucedem, vindo de todos os lados, até mesmo de quem menos se esperava. Se Já não bastasse as farpas atiradas pelos neoliberais golpistas representantes dos partidos direitistas, também por parte do governo Lula, parece não haver muita disposição para um tratamento digno aos trabalhadores do serviço público.
Que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), o chefe da máfia do Centrão, esteja com suas baterias direcionadas contra os servidores, é compreensível, pois se trata de tradicionais inimigos dos servidores. No entanto, quando o ataque vem da trincheira aliada (ou supostamente aliada), aí a coisa muda de figura, pois se trata de fogo amigo. E foi o que aconteceu no dia 29 passado, quando da terceira rodada de negociação entre representantes da categoria e governo, reunidos na Mesa Nacional de Negociação Permanente (MNNP), fórum instituído para encontrar soluções para os graves problemas que acometem os servidores federais, em especial a dramática situação dos salários, que estão há sete anos congelados, sem um único reajuste, situação essa imposta desde o golpe de Estado de 2016 que inaugurou a era dos governos golpistas (Temer e Bolsonaro), inimigos dos servidores e do Estado.
O fato é que nessa última negociação – depois de muita enrolação nas duas primeiras rodadas – esperava-se uma postura mais positiva do governo em relação ao anúncio do reajuste dos servidores para 2024. Frustração total, pois a ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, declarou de viva voz para os dirigentes sindicais que o governo dispõe somente de R$1,5 bilhão para o reajuste dos servidores, incluído aí os benefícios (auxílio-alimentação, transporte e outros). O valor anunciado como disponível deve corresponder a 1%, ou menos, de reposição. Uma afronta, um escárnio. O mísero percentual segue a lógica do corte de despesas, do teto de gastos, defendido por integrantes do próprio governo, como a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB-MS). Fica claro e evidente que acordos e alianças com a direita – em nome da tal “governabilidade” – não servem para nada, a não ser mesmo para desmoralizar o atual governo e atacar os trabalhadores.
Não pode deixar de ser dito que desde quando foi anunciada pelo presidente da Câmara Federal a disposição de dar andamento à reforma administrativa e agora o anúncio da esmola governamental, muito pouco ou quase nada foi feito de concreto, por parte das direções e entidades do movimento de luta da categoria para mobilizar o funcionalismo público. É necessário que haja medidas para colocar o conjunto da categoria em pé de guerra, agora não somente contra a direita congressual reacionária, mas também contra os que, dentro do governo, querem matar o funcionalismo de fome, oferecendo humilhantes migalhas à categoria.
É hora, portanto, de ir à luta e não ficar lamentando. É necessário romper com a paralisia e organizar a categoria com assembleias em todos os estados e locais de trabalho, caravanas à Brasília, ocupação dos ministérios e do Congresso para derrotar a reforma administrativa e conquistar a reposição das perdas salariais que chegam a mais de 30%.