Em 1º de dezembro de 1934, Sergei Mironovich Kirov, dirigente do Partido Comunista da União Soviética, foi assassinado. Nunca houve uma confirmação oficial, mas denúncias afirmaram que ele teria sido morto pela polícia secreta de José Stálin, na figura de Leonid Nikolayev.
Em 1921, Kirov assumiu o posto de Primeiro Secretário do Partido Comunista no Azerbaijão. Homem muito leal a Stálin, com a tomada do Partido Comunista da União Soviética pela burocracia, foi nomeado para o comando do Partido em Leningrado.
Apesar do declarado apoio de Kirov a Stalin, a respeito do qual, durante o 17° Congresso do PCUS, em 1934, chegou inclusive a declarar que “o discurso do camarada Stálin é o programa do nosso partido”, a popularidade de Kirov junto à população de Leningrado passou a incomodar Stálin. Ele era visto como o sucessor natural do comando da União Soviética pela burocracia.
Então, em um sábado, durante o período da tarde, dentro do famoso prédio do então Instituto Smolny, Leonid Nikolayev dirigiu-se ao terceiro andar do edifício e esperou que Kirov passasse por um determinado corredor quando o assassinou com um tiro na nuca.
O assassinato de Kirov restou encoberto por uma manta de mistério e foi atribuído inicialmente ao próprio Nikolayev que era conhecido por ser um ex membro bastante problemárico do partido. Nikolayev acabou condenado à morte por fuzilamento em 29 de dezembro de 1934, no que pode ter cido uma operação de queima de arquivo.
A partir daí, Stalin passou a atribuir o assassinato de Kirov a uma conspiração organizada por “terroristas contrarevolucionários” liderados por Leon Trótski e Gregório Zinoviev, líderes da Oposição Unificada do Partido Comunista. No entanto, àquela altura, Zinoviev já havia capitulado para a política da burocracia. Na verdade, o que Stálin desejava ao atribuir a morte de Kirov aos seus principais opositores era dar início a uma brutal perseguição a todos os chamados “Velhos Bolcheviques”, em um episódio do stalinismo que acabaria sendo conhecido como “Grande Expurgo”.
Durante uma reunião, na sede do Partido Comunista em Moscou, realizada em seguida à morte de Nikolayev, o secretário do partido anunciou que Stalin havia interrogado Nikolayev pessoalmente e que estava convicto de que “os líderes da oposição colocaram as mãos na arma de Nikolayev.” Sobre a acusação, Trotsky na época denunciou que “é evidente que essas informações referentes ao ‘grupo Zinoviev’ não foram lançadas acidentalmente; só podem significar que são a preparação de um ‘amalgama’ jurídica, isto é, uma tentativa conscientemente falsa de implicar no assassinato de Kirov a outros indivíduos e grupos que não têm nem podem ter nada em comum com o ato terrorista.”
O assassinato de Kirov é um acontecimento de importante destaque na história da União Soviética porque mais do que livrar Stalin de um possível rival foi utilizado para iniciar um verdadeiro período de terror na URSS que durou de 1937 até o início da Segunda Guerra Mundial. Um desses episódios deflagrados pelo expurgo stalinista ficou conhecido como “Massacre de Vinnytsia” em que a polícia secreta de Stalin executou entre 9 e 11 mil pessoas na Ucrânia.