No início do século XX, a Europa estava efervescente, mergulhada em conflitos regionais e levada ao limite com a declaração de guerra entre Alemanha e França em 1914. Nas fileiras operárias, discutiam-se dois posicionamentos sobre a guerra que, brevemente, seriam responsáveis pelo surgimento da 3ª Internacional Comunista.
Nos congressos da 2ª Internacional Socialista ecoavam denúncias da expansão imperialista através das guerras. De um lado, a defesa da guerra pelos socialistas e anarquistas, complementada pela resolução do conflito de forma pacífica e pela via parlamentar. Do outro, minorias que defendiam transformar o conflito anunciado numa guerra civil, dado que a guerra entre países imperialistas nada mais era que uma forma de espólio contra os demais países, e, a guerra civil, teria um caráter revolucionário e de enfrentamento e resistência contra o avanço e dominação dos países capitalistas sobre os demais. Nesta posição estavam figuras como Lênin, Trótski e Rosa Luxemburgo.
O tensionamento esgarçou a relação entre os grupos e provocou o rompimento da minoria favorável à guerra civil com a 2ª Internacional. Na oportunidade, Lênin foi além e propôs a construção de uma 3ª Internacional, pois, para ele, a 2ª Internacional Socialista havia se transformado em uma organização reformista, oportunista, estando, portanto, morta para os ideais revolucionários do proletariado. Esta proposta rondou e resultou em discussões calorosas entre os grupos, superada após a Revolução de 1917, que se seguiu com a fundação da 3ª Internacional Comunista (IC).
O primeiro congresso da 3ª IC em 1919 anunciou uma nova organização dos trabalhadores, de caráter e força revolucionários, que chamou a atenção dos países capitalistas. A nova organização internacional do proletariado provocou um rearranjo nas relações dos países imperialistas, transformando-as de conflituosas para cooperativas, de modo a construir uma frente de enfrentamento à nova ameaça que surgiu na União Soviética, o Estado operário.
Imediatamente, a “ameaça comunista” ficou sob ataque dos países imperialistas, que enviavam, quase que sequencialmente, seus exércitos para invadir o Estado Soviético. Mas, nem o chamado “cinturão sanitário”, que isolava a União Soviética dos demais países, e os constantes conflitos impediram a realização dos congressos da 3ª IC de 1919 a 1922, demonstrando a importância e o pilar que a mesma representava para a organização e ação dos trabalhadores na busca de uma revolução socialista de alcance mundial. A cada exército enviado, uma derrota era imposta pelos trabalhadores contra os imperialistas.
A derrocada da 3ª IC, entretanto, deu-se com a morte de Lênin e ascensão de Stalin, que aparelhou a organização proletária para acomodar burocratas e reformistas, regredindo a 3ª IC ao modus operandi da 2ª Internacional Socialista.
Burocrática e adepta a coligações com burgueses, a 3ª IC toma como função acomodar objetivos não revolucionários, mais próximos da ditadura impetrada por Stalin durante o tempo que permaneceu no poder.
Depreende-se da história da formação e avanço da 3ª IC até a morte de Lênin a importância da organização internacional dos trabalhadores, de base revolucionária. As afirmações dos que defenderam a guerra civil como saída para a transformação e ascensão do proletariado mostraram-se corretas com o passar da história.