O governo chileno, comandado por Gabriel Boric e ligado ao imperialismo, tem se referido à região de La Araucanía como “Wallmapu”. Wallmapu é a forma como grupos separatistas mapuches se referem à região. A principal pessoa do governo que se referiu à região como Wallmapu foi a ministra do Interior Izkia Siches.
A região que esses grupos separatistas reivindicam consiste em uma parte do território do Chile e em uma outra parte do território da Argentina. A campanha eleitoral de Boric deu especial destaque à questão mapuche, que são indígenas que seriam “oprimidos” pelos chilenos e por isso estariam reivindicando uma autonomia nacional; no entanto, não deu destaque do ponto de vista de defender essa comunidade, mas sim de separar o território chileno.
E eis o único objetivo desta campanha: separar territorialmente o Chile. Não é uma reivindicação real dos mapuches, mas sim uma reivindicação do imperialismo a Boric e seu governo, que usam a questão mapuche como uma folha de parreira para promover a cisão do país.
O interesse do imperialismo em dividir os países oprimidos
Não é de hoje que o imperialismo deposita esforços para esse objetivo. Afinal, quanto maior é o país, maior é a ameaça para o domínio mundial do imperialismo – a Rússia é um excelente exemplo disso.
A dissolução da Iugoslávia, que foi extremamente sangrenta, é um dos exemplos de como o imperialismo trata a questão nacional: quanto mais dividido o país, melhor. Afinal, quanto mais o país é dividido, mais difícil é unificar a população do antigo território para enfrentar o imperialismo.
No Chile, é essa a política que está sendo aplicada por Gabriel Boric. Ao contrário do que um setor da esquerda nacional diz, Boric é um soldado do imperialismo no Chile. A demagogia com os mapuches para defender a cisão territorial é um exemplo disso.
Os países imperialistas almejam – e só não o fazem, porque não tem condições objetivas para tal – dividir toda a América Latina em diversos minúsculos países, desde os gigantes como o Brasil, até os menores como o Chile. É o objetivo do imperialismo de dividir para enfraquecer e conquistar. E é precisamente nisso que consiste a campanha por Wallmapu.
Não se trata de uma defesa real dos mapuches. Os mapuches são oprimidos de verdade. Mas a reivindicação de cisão territorial não atende a esta demanda objetiva dos mapuches. A divisão do Chile atende apenas aos interesses do imperialismo: é um ataque à soberania nacional chilena e, inclusive, até à soberania nacional argentina, já que esse tal “Wallmapu” compreenderia até mesmo regiões argentinas.
Defender a divisão do Chile não é defender os direitos dos mapuches
Apesar do cinismo e da demagogia de Boric, o povo mapuche não ganhará nada com a divisão territorial do Chile. Os inimigos dos mapuches não são os outros chilenos, mas sim o imperialismo e sua política sanguessuga: são os interesses do imperialismo que o governo de Boric defende ao se referir a região de La Araucanía como Wallmapu
É preciso combater a política de divisão dos países atrasados que o imperialismo promove. Ela é um freio na luta dos oprimidos, representa a reação contra a classe trabalhadora internacional.
A dissimulação a que recorrem tanto a ministra do Interior, quanto o presidente chileno Boric apenas demonstra como eles são alinhados politicamente aos maiores inimigos de toda a humanidade de conjunto, que é o imperialismo.
A questão nacional ao redor do mundo
A divisão da Iugoslávia demonstrou de maneira clara como funciona a “democracia imperialista”, quando ela decide que um povo “precisa de autodeterminação”, cria artificialmente esta demanda e realiza todo tipo de atrocidade para garantir a separação territorial – ou seja, o enfraquecimento da nação.
Praticamente todos os países constituídos de nacionalidades – ou seja, países com mais de um grupo étnico – sofrem com esta questão da soberania nacional. Até mesmo entre os países imperialistas isso acontece, como na Espanha, por exemplo – no entanto, nessas circunstâncias, o imperialismo faz a campanha em defesa da união nacional, que ele ataca em todos os outros países.
Citando o Brasil como exemplo, que não tem grandes diferenças de nacionalidades e em que o problema nacional não é tão levantado, a campanha que o imperialismo faz para dividir o país se concentra na região da Floresta Amazônica – com o discurso de que seria um território de toda a humanidade e não do Brasil.
Logicamente, se trata de um absurdo: a Amazônia é e deve ser de posse apenas dos países em que ela compõe o território, de modo algum de toda a “humanidade”. No caso específico da Amazônia, a campanha do imperialismo não é voltada somente à cisão territorial, mas também à pilhagem das riquezas do país.
Enfim, no Chile, como a questão nacional é um problema mais levantado pela realidade objetiva, o imperialismo tem mais facilidade de se utilizar dele de forma demagógica para tentar levar à frente sua política genocida. E é a esse movimento que corresponde a suposta “luta” pelo reconhecimento do território de Wallmapu. Em oposição a isso, é preciso defender: fora imperialismo da América Latina!