Nas últimas semanas, a pré-candidata da 3ª Via até o momento,, Simone Tebet (MDB), tem intensificado a sua demagogia com a questão das mulheres. Em outras palavras, está utilizando o identitarismo como parte central de sua campanha eleitoral com palavras de ordem como “Mulher vota em mulher”.
Sua colocação mais recente em relação a isso se deu após um suposto racha dentro de seu partido, no qual representantes de 11 estados declararam apoio à candidatura de Lula ainda no primeiro turno, indo contra a determinação de até então do MDB.
“Não vão tirar a única mulher hoje competitiva e com espaço de fala no momento em que o Brasil mais precisa. Que Brasil nós mulheres queremos para nossos filhos e nossos companheiros?”, afirmou a emedebista.
Quais são as mulheres que Tebet defende?
Infelizmente, para Tebet, seu histórico na política não abre espaço para enganos no que diz respeito à sua ideologia. Assim como em qualquer situação, o identitarismo serve para colocar um véu democrático na direitista, que afirma estar extremamente preocupada com a situação da mulher brasileira.
Finalmente, Tebet representa os interesses de classe da burguesia, e não dos trabalhadores. Afinal, fez sua carreira política beneficiando os grandes latifundiários do Mato Grosso do Sul, defendendo com unhas e dentes um projeto de lei que suspendia a demarcação de terras indígenas e o pagamento de indenizações aos fazendeiros. E as mulheres dessas tribos?
Pelo menos em um aspecto podemos afirmar que Tebet é coerente com seu discurso. Em agosto de 2016, votou a favor do impeachment de Dilma em um dos processos jurídicos mais fraudulentos de toda a história do País. Nesse sentido, seguiu à risca sua máxima de que mulheres devem votar em mulheres…
O “lugar de fala” de Tebet
Vemos, então, qual o lugar de fala de Tebet no que diz respeito à sua luta em prol das mulheres. Ela sabe exatamente o que fazer para atacar de maneira certeira qualquer direito de qualquer mulher brasileira. Finalmente, é uma representante dos banqueiros, dos algozes do povo.
E mais: não é representante de uma burguesia de baixo escalão, como é o caso de Bolsonaro. É a escolhida pela burguesia neoliberal para levar adiante a política do imperialismo no Brasil. Ou seja, caso eleita, provocará uma devastação nunca antes vista na história nacional. Talvez apenas no governo de FHC, no qual era comum morrer de fome.
Afinal, é impossível ser “à favor das mulheres” ao mesmo tempo em que defende a política econômica mais reacionária já criada até os dias de hoje. Ou as mulheres pobres não se encaixam em seu grande guarda-chuva político pela defesa de todas as fêmeas no Brasil?
O identitarismo: uma arma contra o povo
Fica cada vez mais claro que o identitarismo é uma ideologia criada pelo imperialismo para sabotar a luta da esquerda em todo o mundo. Não é à toa que é defendido por figuras desde Simone Tebet, no Brasil, até Joe Biden, nos Estados Unidos.
No caso de Tebet, é uma estratégia que visa angariar o voto da esquerda pequeno-burguesa tipo psolista que adora cair em uma armadilha para apoiar os candidatos dos patrões. Mais especificamente, é uma arma que será, provavelmente, utilizada contra a candidatura de Lula. Vejamos o seguinte caso.
No atual momento, as pesquisas burguesas indicam uma disputa acirrada entre Bolsonaro e Lula, com o petista liderando as intenções de votos. Ao mesmo tempo, cresce o espaço da 3ª Via, liderada por Tebet, que, no total, já conta com mais de 10% das intenções.
Seguindo seus próprios interesses, a burguesia fará – como já o fez – de tudo para impedir uma eventual vitória de Lula. Acima de qualquer coisa, quer emplacar o neoliberalismo no Brasil, representado por Tebet. Ou seja, lhe é muito mais vantajoso um segundo turno entre Bolsonaro e Tebet do que qualquer outra alternativa viável. A luta se torna, então, uma questão de tirar Lula do pleito.
Como é padrão, a burguesia, em época eleitoral, realiza as mais nefastas calúnias contra a esquerda, principalmente contra Lula. Já vimos, por meio de um colunista do jornal O Globo, uma prévia desta manobra, que afirma que existe a possibilidade de um escândalo envolvendo Lula e um suposto assédio sexual. É um golpe montado.
A imprensa burguesa, então, soltaria as denúncias farsescas contra Lula, utilizando todos os jargões modernos acerca da luta das mulheres, como “machista”. Então, substituiria sua candidatura pela de Tebet por meio das pesquisas eleitorais. Ela ,por sua vez, já estaria com sua campanha feminista montada. Seria, portanto, a candidata das mulheres que se oporia ao “machismo” de Lula.
Uma manobra que, diga-se de passagem, é extremamente apelativa ao feminismo de setores como o PSOL que, no passado, não hesitaram em apoiar figuras políticas verdadeiramente grotescas em nome de uma luta contra a “opressão” das mulheres.