Se, daqui para o final do ano, Jair Bolsonaro for reeleito, a Amazônia se transformar no jardim da Casa Branca, o Brasil perder a Copa do Mundo, a varíola do macaco se tornar uma pandemia e a Coca Cola levar o Dolly Guaraná à falência, o brasileiro ainda terá muito o que comemorar. Afinal de contas, teremos uma coisa para esfregar na cara de todo o mundo: as super urnas eletrônicas infraudáveis, inauditáveis e incriticáveis.
Ou melhor, de quase todo o mundo, porque o Brasil não é o único abençoado com a santa urna eletrônica. Todos os países que começam com a letra “B” e têm, como extensão territorial real, medida em hectares, um número primo cuja soma dos seus algarismos multiplicado por 37 dê um número cuja soma dos algarismo seja igual a dez contam com a mesma máquina para contagem de votos. Isto é, o Brasil, o moderníssimo Butão e o glorioso Bangladexe.
O que é bom, só pode ser para poucos. As super urnas brasileiras não são aquelas fuleiras usadas na Venezuela e em Cuba. Não, senhores! Aquelas dão sempre um resultado contrário à maioria da população, que sempre se rebela em massa contra os seus governos eleitos.
As urnas brasileiras são aquelas usadas no Butão. Isso mesmo, em um país tão democrático que, até 2008, nunca registrou uma única acusação de fraude eleitoral. Afinal, até aquele ano, o país contava com uma figura tão poderosa que tornava as eleições uma coisa supérflua. Essa figura se chamava rei. Hoje, o Butão ainda tem um rei, com a diferença de que agora os seus impressionantes meio milhão de eleitores podem escolher seus representantes no parlamento apertando um… botão.
Não há dúvida quanto à procedência divina do rei do Butão, como de qualquer rei. Trata-se, portanto, de um país duplamente abençoado: um país com um rei e com uma urna santificada. Deus queira que um dia o nosso Brasil seja assim.
Já há adeptos, em nossa terra, dessa interpretação dos textos sagrados do Butão. Ouvimos falar de várias pessoas respeitabilíssimas, como o competente João Doria Júnior, o simpático Luciano Huck e o vigoroso Michel Temer, que a santa urna eletrônica brasileira deveria ser protegida contra tudo e contra todos. Em outras palavras, que um rei — ou uma espécie de rei — se colocasse acima de todos e obrigasse todo mundo a ser devoto da vossa santidade urna católica.
Nada mais justo. Os primeiros passos estão sendo dados. Agora está proibido dizer que qualquer eleição na história do País foi fraudada. É fato que as eleições de 2010 são frequentemente chamadas de “fraudadas” por causa da participação de Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) e de José Serra (PSDB), dois usuários frenéticos de fraudas geriátricas. No entanto, dizer que uma eleição foi “fraudada” é, sem dúvida, um crime hediondo.
Por exemplo, suponha, caro leitor, que um professor de história terrorista e mentiroso diga, em sala de aula: “as eleições na República Velha eram fraudadas”. Algum aluno pode entender errado e achar que ele quis dizer que as eleições eram fraudadas! Algo que desafia as leis da física. Dizer que eleições no Brasil, que só teve presidente honesto, dedicado e trabalhador, são fraudadas, é o mesmo que dizer que a terra não é plana! É preciso pôr na cadeia quem diga tal absurdo.
Mas pode vir coisa muito pior, se não colocarmos um freio naqueles que falam em “fraude”. Daqui a pouco, dirão que as eleições da ditadura do Estado Novo não eram legítimas. Ou que as eleições na ditadura militar, supervisionadas pelas Forças Armadas, eram fraudadas! Seria o mesmo que chamar os militares de golpistas!
É justamente em tempos de anarquia, tão perigosos para o nosso País, que os nossos heróis que constroem a nação emergem. É por isso que devemos gritar mil “vivas” para aqueles que estão salvando o nosso sistema eleitoral da infâmia. Viva o STF! Viva o Judiciário! Viva Alexandre de Moraes! Povo e Judiciário unidos, a democracia jamais será vencida!