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Nacionalismo de ocasião

Villas Boas explora um flanco aberto do governo Lula

O setor identitário e ambientalista da esquerda, ligado a ONGs internacionais, é um flanco aberto no governo para ataques da direita, para golpistas se dizerem defensores do Brasil

No dia 16 de dezembro, semana passada, o general Eduardo Villas Boas publicou uma matéria na Revista Oeste, onde estreou como colunista no início deste mês. A matéria se debruça sobre a questão do ambientalismo de maneira aparentemente em defesa da soberania nacional. É preciso, no entanto, fazer um apontamento: seu autor se trata de um golpista e um bolsonarista, que entregou o Brasil para o vampiro Michel Temer (MDB), junto à operação Lava Jato, que destruiu a indústria nacional, ambos articulados de fora do País, pelos Estados Unidos. A sequência do golpe viu a Farsa Eleitoral de 2018, com papel destacado do general na fraude, quando se elegeu Jair Bolsonaro (PL), o presidente que prestou continência à bandeira dos EUA. Ou seja, o nacionalismo de Villas Boas é, antes de mais nada, uma farsa.

Um golpista antinacional, inimigo do Brasil

Durante o golpe, frente à falência da chamada terceira via, representada por Michel Temer e o PSDB, a burguesia em 2018 foi obrigada a se utilizar de Bolsonaro, da extrema-direita. Naquele ano, Lula foi preso e impedido de concorrer, ilegalmente. Atual presidente eleito, Lula foi deixado incomunicável durante todo o processo eleitoral, e se tratava do favorito à eleição presidencial, mesmo preso e sem fazer qualquer campanha eleitoral.

A prisão de Lula ocorreu pela negação do pedido de habeas corpus preventivo, feito pela defesa do então presidenciável. Na iminência do julgamento do habeas corpus pelo Supremo Tribunal Federal, no dia 4 de abril, o general Villas Boas, na noite anterior, dia 3, soltou declaração em seu Twitter bem no horário do Jornal Nacional. A declaração foi lida ao vivo, e dizia:

Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?

Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.

O general Eduardo Villas Boas, então comandante das forças armadas, ameaçou o Brasil de um golpe militar para prender a maior liderança popular do País e candidato favorito na eleição presidencial, que aconteceria em outubro daquele ano. O ato, além disso, foi uma pressão sobre os juízes do STF, já comprometidos com o Golpe, mas que poderiam ceder frente à pressão vinda da sociedade civil.

O suspeito giro de 180o

Chegando ao artigo do general. Em sua coluna, Villas Boas ataca o imperialismo e sua interferência nos países atrasados das Américas, Ásia e África, e denuncia especificamente a atuação de ONGs internacionais, que atuam coordenadas pelo imperialismo, apontando:

Agora, são as ONGs (organizações não governamentais) que surgem como piratas modernos. Manipulando argumentos ambientais, mobilizam países, organismos internacionais e a opinião pública nacional e mundial, concretizando um sistema de pressão, com vista no estabelecimento de reservas ambientais ou terras indígenas.

O artigo cita ainda o “climagate”, quando hackers encontraram nos emails de ambientalistas do Reino Unido o que seriam discussões sobre como fraudar os dados a respeito das mudanças de temperatura no planeta, mais uma demonstração de que, por trás do ambientalismo, está a mão do imperialismo.

Villas Boas ainda cita uma mudança na esquerda: “[…] o ambientalismo vem, crescentemente, sendo empregado como um braço do imperialismo. É curioso notar que as correntes ideológicas que durante o século 20 condenavam o capitalismo, associando-lhe ao imperialismo, passaram a apoiar essas práticas.” Uma denúncia correta da progressiva infiltração imperialista na esquerda, que hoje toma caráter quase caricato.

A denúncia segue, apontando a tentativa do imperialismo de controlar a Amazônia não apenas por pressões internas no Brasil, mas diretamente: “sempre que as questões climáticas dominam a pauta, a Amazônia desponta como a maior preocupação mundial. O Brasil é posto em xeque, e o coro questiona: o que será de todos nós se a floresta ruir?” A demagogia internacional do imperialismo, numa pressão externa crescente sobre o Brasil também é apontada.

O general ainda coloca a necessidade de trazer “a Amazônia ao contexto da vida nacional e efetuando a exploração racional de seus recursos naturais, que ainda aguardam uma completa identificação, delimitação e quantificação”. O artigo destaca também a posição estratégica do Amazônia brasileira no sentido geográfico, de integração da América do Sul.

Flanco aberto: a esquerda pequeno-burguesa

A coluna de Villas Boas desponta aparentemente contra a posição golpista do general. O que se revela, tomando em conta esse ponto de vista, é que Eduardo Villas Boas busca aproveitar de um flanco aberto no governo Lula para atacá-lo, e organizar uma oposição de tipo nacionalista ao governo. A esquerda, ao ceder espaço para identitários, ongueiros de toda sorte e capachos do imperialismo, se abre para ataques políticos que, mais, partem de uma posição correta.

O artigo de Villas Boas e a ascensão de uma direita de perfil nacionalista são uma advertência ao governo e à própria esquerda. A falência política da esquerda pequeno-burguesa, suas pautas identitárias e ambientais pautadas desde Washington deixam a defesa do Brasil contra a infiltração imperialista como pauta aberta para a direita.

O governo Lula deve rejeitar a infiltração desses que são sabotadores no governo, que na prática apoiaram o Golpe de Estado pela esquerda, e adotar uma política baseada no movimento operário. É preciso uma política de desenvolvimento da Amazônia, e cerrar o flanco aberto para a infiltração e para ataques, aberto por figuras inexpressivas politicamente, que desde a esquerda buscam projeção na imprensa burguesa e pró-imperialista e que, não tardará, se alinharão novamente ao golpismo. Tal qual a liberdade de expressão, a defesa do Brasil contra o imperialismo é uma pauta fundamentalmente da esquerda, dos trabalhadores, e não deve ser cedida como aquela, nem mesmo um milímetro.

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