Sinais de uma intensificação da política de dominação norte-americana para a América Latina no próximo período pululam. Nesta semana, o Brasil recebeu uma visita preocupante: Victoria Nuland, subsecretária de estado do governo norte-americano para assuntos políticos, esteve no país para um “encontro” com supostos jovens empreendedores, encontro em si mesmo suspeito por não se saber quem são os tais empreendedores ou de que movimento fariam parte. Noland ainda realizou um encontro com representantes do Itamaraty intitulado: Diálogo de Alto Nível Brasil-Estados Unidos da América. A subsecretária estava acompanhada do subsecretário de Crescimento Econômico, Energia e Meio-Ambiente, José Fernández.
O pretexto para o encontro com representantes do Estado Brasileiro, seria promover uma conversa sobre governança democrática, justiça racial e respeito pelos direitos humanos,além de reforçar os laços entre Brasil e Estados Unidos. O “background” político de Nuland, no entanto, dá pistas mais concretas sobre os reais interesses políticos do EUA no Brasil.
Nuland iniciou sua carreira diplomática no início dos anos 1990 e foi chefe de gabinete do vice-secretário de Estado Strobe Talbolt, responsável por assuntos ligados ao leste europeu. Sob o governo George Bush (2001-2009) foi conselheira na brutal Guerra do Iraque, estima-se que essa guerra tenha deixado cerca de meio milhão de iraquianos mortos e uma destruição quase completa do país . No mesmo governo assumiu o cargo de embaixadora dos EUA no Tratado do Atlântico Norte (OTAN) com sede em Bruxelas, Nuland teria sido responsável por negociar junto a União Europeia a invasão criminosa do Afeganistão.
Mas foi em 2014, sob o governo de Barack Obama, que Nuland realizou seu feito mais visível: o golpe do euromaidan na Ucrânia. Victoria Nuland era quem mantinha diálogos e financiamento com os grupos nazistas ucranianos que derrubaram o presidente pró-russo Viktor Yanukovych. Foi divulgado mesmo uma gravação da própria em uma reunião em 2014 afirmando empréstimo de US$ 5 bilhões aos grupos nazistas, outro gravação circulou, após o golpe de Estado, em que Nuland conversa com o embaixador do EUA na Ucrânia, Geoffrey Pyatt sobre quem deveria ser o próximo presidente do país e criticando a União Europeia por não apoiar o nome sugerido por ela. Isto é, a principal organizadora internacional, a serviço dos EUA, do golpe que levou os nazistas ao poder e impõe um sofrimento enorme a população, assim como está no início do atual conflito militar entre Rússia e Ucrânia.
A atual subsecretária para assuntos políticos, havia deixado os postos de comando dentro do establishment norte-americano durante o governo de Donald Trump, retornou a seu posto de especialista em golpes de Estado, como comprovado pela sua biografia, com o governo Biden, sendo a principal colaboradora do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, o mesmo que afirmou que se os pais enviassem armas à Ucrânia poderia derrotar a Rússia, o que levou a uma crise ainda maior, quando os Russo responderam que seria um chamado a terceira guerra mundial e que estão preparados e irão revidar a qualquer agressão externa.
A estranha visita de Victoria Nuland ao Brasil é um sinal claro de que a política externa dos EUA para a América Latina pode ser entrando na rota de intervenções mais duras nos países, sobretudo em países como Brasil e Colômbia.
A Colômbia, conhecida como um país vassalo do EUA, uma verdadeira ditadura contra a população, que enfrentou longo anos de crise armada e em que a direita domina completamente o Estado, teve nas eleições legislativas deste ano, uma vitória expressiva de setores de esquerda e mesmo as eleições presidenciais podem beneficiando a esquerda nacionalista moderada, o que está completamente fora dos planos da burgesia imperialista norte-americana.
Também no Brasil, a luta de classes intensificada desde o golpe de estado de 2016, dado com a participação dos EUA, e quem sabe da própria Nuland,coloca a possibilidade do partido golpeado retornar ao poder sob a liderança de seu principal dirigente, o ex-presidente Lula, um dos principais alvos do golpe, caso aconteça a tendência da situação é empurrar Lula cada vez mais a esquerda, e o imperialismo bem o sabe e por isso veta essa possibilidade. Talvez estejamos diante de um novo plano condor, revigorado e com objetivos bem específicos, recolocar os governos da América Latina na órbita dos interesses norte-americanos.
A declarações concedidas por Nuland, mostram as reais preocupações: em uma entrevista à imprensa, a subsecretária afirmou que o Brasil tem um dos processos eleitorais mais seguros do mundo e que vai retornar ao Brasil em breve para analisar a produção de fertilizantes, para criar alternativas ao Brasil, que depende em grande medida dos fertilizantes importados da Rússia.
É preciso se antecipar aos movimentos do imperialismo, constituir uma campanha ampla e massiva por Lula presidente e lutar por um programa antiimperialista e de verdadeira independência nacional.





