Em outubro um grupo de ativistas se tornou notícia mundial quando arremessou sopa de toma sobre um dos quadros mais famosos do planeta, Girassóis, de Van Gogh. Não era um protesto dadaista e nem tinha nada a ver com a arte em si mas si uma manifestação contra o uso de combustíveis fosseis para evitar as mudanças climáticas. O “protesto” se espalharam mundialmente e agora se assemelham as manifestações identitárias, servem de base para um radicalismo ambientalista mas que na prática defende a política do imperialismo.
O grupo que organizou tal ato foi o Coletivo Justa Stop Oil, apenas parem o petróleo, da Inglaterra. Ele foi fundado em 2022 e já depredou além do quadro de Van Gogh Carroça de Feno”, de John Constable, uma réplica de “A Última Ceia”, de Leonardo Da Vinci, “Moça com Brinco de Pérola”, de Johannes Vermeer, além das molduras de uma série de obras de Francisco de Goya. Apesar de as obras não serem muito danificadas devido a medidas de segurança os “protestos” podem facilmente danificar essas que estão entre as obras mais importantes da arte dos últimos séculos. A Carroça de Fene por exemplo passou por restauros.
O porta-voz do grupo James Harvey afirma que os protestos são um sucesso pois são estão chamando atenção para a sua pauta e lhe garantindo entrevistas em diversos portais de imprensa. A ideia por si só é uma farsa visto que a questão climática adquiriu um destaque gigantesco na última década, o próprio Partido Democratico dos EUA, representante do bloco mais poderoso do imperialismo, coloca as questões climáticas como assunto de extrema importância.
Há eventos internacionais para debater o clima, ativistas como Greta Thunberg ganham destaque em toda a imprensa mundial, a própria Amazônia se tornou um tópico de debate internacional. Sobre a questão do petróleo e dos combustíveis fosseis em geral há um enorme debate nos EUA sobre a necessidade de um processo de transição para a produção de energia renovável, o chamado “Green New Deal”, em alusão ao projeto de governo de Franklin Roosevelt na década de 1930. A própria Greta Thunberg chamou atenção para a questão climática por meio de manifestações de rua.
James Harveu chegou a ponto de afirmar que se estivesse vivo Van Gogh apoiaria os atos do Just Stop Oil. Em suas palavras “Já tentamos de tudo. Escrevemos petições, falamos com políticos, marchamos, erguemos cartazes. Nada funcionou. Nós precisamos desesperadamente interromper as emissões de gás de petróleo.” Considerando que o grupo está de fato bem-intencionado e se preocupa com o meio ambiente a ação performática já seria uma conclusão estranha, visto que é menos radical que atos de rua ou que as chamadas greves climáticas.
Mas dado que essa questão ambiental é uma ponta de lança do imperialismo para avançar a sua política e que o grupo fundado de 2022 já está sendo comentado em todo o planeta o mais provável é que esse seja mais um grupo pseudo radical financiado pelo próprio imperialismo. As suas ações lembram muito grupos como o Femen e o Pussy Riot, organizações supostamente feministas criadas pelo imperialismo para atacara o governo de Vladimir Putin na Rússia.
Algo importante sobre essas ações do Just Stop Oil é que elas também jogam agua no moinho da extrema direita. A Europa se encontra em uma crise gigatesca, o imperialismo por meio da guerra da OTAN contra a Rússia criou um caos no continente com o aumento do preço de gás. A inflação da energia e dos alimentos ameaça deixar dezenas de milhões de europeus com frio e fome no inverno que se aproxima. As manifestações em defesa da abertura dos gasodutos e pelo fim da guerra crescem, nessa conjuntura aparece um grupo desconhecido defendendo que se pare o uso de gás, é um escarnio a população pobre europeia, e de todo o planeta.
Esses grupos são identificados com a esquerda, muitos desses ativistas verdes são membros de partidos de esquerda e os partidos verdes em geral se agrupo com o bloco da esquerda. Com a crise gigantesca essa posição ambientalista “radical” choca diretamente com a classe operária. Ser contra o gás na Europa, contra a Petrobrás no Brasil, é uma política totalmente contra os trabalhadores, posição oposta a da extrema direita, que defende até mesmo a indústria do carvão, como forma de manter empregos e energia barata.
O ataque a arte também joga água no moinho da extrema direta por outro motivo, os trabalhadores não tem um apreso pela destruição gratuita de patrimônio publico e cultural. O recente caso da derrubada de estátuas mostrou isso, não foi algo que ressoou entre a classe operária, apenas entre a esquerda pequeno burguesa. Os quadros de Van Gogh não são inimigos de ninguém, bem como as estátuas de Borba Gato e o Monumento as Bandeiras, ao contrário da Shell e da Polícia Militar.
O imperialismo deturpa completamente a questão climática para manobrar uma política a seu favor, o caso da Amazônia é escancarado, o imperialismo planeja uma intervenção no território brasileiro. Os trabalhadores devem apresentar a sua própria política, controle operário sobre as empresas de extração de combustíveis fosseis, políticas públicas para os afetados por desastres ambientais e uma política de industrialização de todos os países atrasados para acabar com a miséria que assola a maior parte da população mundial.