No dia 3 de setembro, ocorreu uma grande manifestação contra o governo liberal da República Tcheca na praça Venceslau no centro de Praga. A imprensa informa a participação de 70.000 a 100.000 pessoas, e foi organizada pelo partido de direita nacionalista, o SPD, e teve a participação do partido comunista, o KSCM. A pauta da manifestação foi principalmente contra o aumento da energia elétrica, pela demissão do primeiro-ministro, pela neutralidade da República Tcheca na guerra da Ucrânia, e, portanto contra as sanções sobre a Rússia.
A manifestação mostra uma mudança do apoio popular da população europeia ao governo Zelensky na guerra da Ucrânia. Isso ocorre porque a população da Polônia e da República Tcheca ficaram bastante sensibilizada pela guerra da Ucrânia devido a proximidade e a afinidade cultural. Logo que iniciou a guerra, muitas pessoas e instituições hastearam a bandeira da Ucrânia, em apoio ao governo ucraniano. E esta manifestação mostrou que uma considerável parte da população está contra o governo liberal tcheco.
O governo tcheco é um presidencialismo parlamentar, liderado pelo presidente Zeman, que está debilitado em sua saúde e pouco atua na política. E quem é a figura mais importante no governo é o primeiro ministro, que atualmente é o Petr Fiala, que foi reitor de uma das importantes universidades de Praga. Ele foi eleito por uma coligação liberal denominada Spolu (Juntos), que depois recebeu apoio do partido Piratas, que tem uma forte presença na política tcheca. O atual governo segue a cartilha liberal e a ordens do EUA e a Alemanha e tem defendido com o governo Zelensky. Petr Fiala fez o seguinte comentário sobre as manifestações:
“O protesto na Praça Venceslau foi convocado por forças pró-Rússia, próximas de posições extremas e contrárias aos interesses da República Tcheca. Está claro que a propaganda russa e as campanhas de desinformação estão presentes em nosso território e algumas pessoas simplesmente as ouvem.“
O partido direita nacionalista SPD (Liberdade e Democracia Direta) tentou nos últimos anos chamar manifestações contra imigrantes, mas com pouca adesão. Porém, no dia 4 de setembro, eles conseguiram um grande protesto contra o primeiro ministro Petr Fiala. Manifestação de mesmo tamanho ocorreu anos atrás contra o antigo primeiro-ministro, Andrej Babiŝ, que não estava muito alinhado com o imperialismo.
O partido comunista também participou da manifestação do dia 4 de setembro junto com a direita. E levou as seguintes pautas para o protesto.
KSČM TEM A RECEITA PARA A CRISE ATUAL!
- Parar a negociação de eletricidade na bolsa de valores, os preços da eletricidade devem ser baseados em seus custos reais de produção;
- Rever consistentemente o Pacto Ecológico Europeu;
- Pagar taxas por fontes renováveis de energia pelo Estado;
- Substituir distribuidoras privadas de energia por empresa estatal;
- Assumir o controle de 100% da produção e distribuição de eletricidade pelo Estado e desempenhe um papel vital na conclusão de usinas nucleares;
- Comprar tanques de armazenamento de gás da RWE alemã para as mãos do Estado;
- A responsabilidade pela reposição das reservas deve ser garantida pelo Estado e não por entidades privadas estrangeiras;
- Reduzir o IVA sobre a energia;
- Acabar com o comércio de licenças de emissão;
- Introduzir uma taxa zero de IVA para bens de consumo básico;
- Fixar os preços da gasolina na empresa estatal ČEPRO (posto de gasolina EuroOil) para 35 CZK/l
- Comparar os impostos indirectos sobre os combustíveis com os países vizinhos;
- Tributar excepcionalmente aqueles que enriquecem com a crise atual;
- Introduzir um imposto de renda corporativo progressivo ou imposto setorial nas áreas de energia, finanças e empresas digitais;
- Introduzir um imposto bilionário e um imposto de luxo.
E por fim, o partido comunista tem chamado uma nova manifestação neste sábado, dia 17, às 14:00. O cartaz abaixo diz: “manifestação contra o governo, retorno estratégico da infraestrutura ao Estado Tcheco”.