Em uma importante lição de unidade os operários da CSN Mineração, de Congonhas (MG), em greve desde o último dia 31, e liderados pelos operários da manutenção (GMN), desde o último dia 5, milhares de companheiros cruzam os braços na Usina Presidente Vargas.
Os trabalhadores, já não aguentam mais o aumento da exploração, depois de milhares de demissões feitas pelos abutres que privatizaram a empresa, e os baixos salários, diante de uma inflação que não para de crescer. Graças ao trabalho desses operários, em 2021, a CSN registrou um lucro líquido de R$13,6 bilhões, um aumento de 217% em relação ao ano anterior, em plena pandemia, quando os trabalhadores sofreram com o arrocho salarial, perda de entes queridos e aumento da exploração na Usina.
Frente a esta situação os operários resolveram dar um basta e sair à luta por reivindicações fundamentais, como a reposição das perdas salariais, com 30% de aumento em todos os salários, mais a correção do INPC, o pagamento de R$10mil de PPR para todos (até 30/4) e a volta do plano de Saúde.
A greve é um exemplo de luta, depois de muitos anos de sofrimento e traições. Por isso mesmo está passando por cima da direção pelega do Sindicato dos Metalúrgicos que, ano após ano, vem rifando os trabalhadores e colaborando com os patrões para ferrar com a vida dos operários, aprovando acordos miseráveis, em manobras arquitetadas com os patrões.
Nos grupos de WhatsApp da categoria circulava a seguinte mensagem:
“A comissão de negociação dos trabalhadores deliberou em reunião que:
Amanhã – quinta-feira, dia 07 de abril – os trabalhadores sairão da CSN em caminhada até o sindicato da categoria para informar ao sindicato que os trabalhadores organizados coletivamente não aceitam negociar a pauta apresentada pela CSN. Não iremos debater pautas que não foram deliberadas por nós tanto quanto não aceitaremos que o sindicato realize a assembleia na sexta-feira pois as pautas que o sindicato traz não foram discutidas pela categoria.
Nós iremos fazer, em outra data, uma assembleia geral para que todos os trabalhadores possam participar e pautar suas demandas. A partir deste ponto aceitaremos abrir negociação com empresa.
O SINDICATO NÃO PODE PASSAR POR CIMA DA DELIBERAÇÃO COLETIVA DOS TRABALHADORES.
Outro ponto, não iremos entregar o abaixo assinado (mais de 1.100 nomes) para o sindicato e nem para a empresa para garantir que não haja represálias aos trabalhadores.
O sindicato e a empresa precisam reconhecer a comissão de negociação dos trabalhadores pois é a partir do encaminhamento dos trabalhadores que será determinado qualquer possível acordo.
Convocamos a todos para estar amanhã às 14hrs em frente ao sindicato para mostrarmos a força da nossa organização.
A paralisação continua!”
A greve segue a tendência geral de luta dos trabalhadores que, para enfrentar os patrões e seus governos, muitas vezes, precisam passar por cima das direções traidoras, como se vê também no caso da combativa greve dos garis do Rio de Janeiro. Lá os sindicalistas da UGT tentaram acabar com a greve alegando que estava chovendo, quando os garis trabalham dia e noite sob sol e chuva, tentando passar por cima de decisão da assembleia da categoria e querem rebaixar o que foi pedido pelos trabalhadores, 25% de aumento.
Um importante recado para as direções traíras, que vendem a luta das diversas categorias país afora por interesses individuais, a situação política está virando, quem não acompanhar a tendência de mobilização da classe operária ficará para trás.