Retrospectiva 2022

Um ano de acirramento da luta de classes no mundo

Na Análise Internacional desta semana, Rui Costa Pimenta, Comandante Farinazzo e Rogério Anitablian fizeram uma retrospectiva internacional de 2022

A Análise Internacional, programa de todas as segundas-feiras, aconteceu ao vivo nos canais DCO – Diário Causa Operária, Arte da Guerra e Rogério Anitablian, reunindo dezenas de milhares de espectadores. Rui Costa Pimenta, Anitablian e Comandante Farinazzo fizeram uma retrospectiva dos principais temas internacionais do ano de 2022. É o terceiro encontro do trio de experientes analistas políticos e o último programa deles deste ano.

A transmissão é, na verdade, uma conquista para a classe trabalhadora. Uma aquisição de pessoas, que independentemente de suas outras posições, defendem o Brasil contra a política de rapina que o país sofre a anos. Anitablian, Rui, e Farinazzo têm, cada um, uma abordagem de diferentes pontos de vista, mas que juntos defendem o Brasil e a soberania nacional.

Guerra na Ucrânia: um pano de fundo para todos os acontecimentos de 2022

“A Ucrânia é o pano de fundo de toda a retrospectiva internacional, o que nós estamos vendo é o nascimento ou, pelo menos, a tentativa de um nascimento de uma nova ordem mundial.” comentou Farinazzo logo no início do programa. 

Para ele existe a possibilidade de darmos uma despedida de um mundo como o qual conhecemos no começo de 2022. De um mundo “unipolar” dominado pelos EUA. Ele duvida, abrindo o debate, se “a Europa vai conseguir manter competitividade industrial com a China e a Índia.”

Rogério Anitablian não só concordou, como levantou mais dados em defesa da tese. A China já se consolidou como uma potência global e já disputa as rotas comerciais em todo o mundo. Assim, “o que acontece na Ucrânia deveria dessa nova ordem econômica, dessa nova ordem do ponto de vista da disputa pela influência comercial, pela disputa dos portos e dos mares. De modo geral, a gente percebe que a aliança da China com a Rússia é muito próxima, pois esses países tem interesses muito alinhados.”

De fato, como Anitablian coloca, o que está acontecendo na Ucrânia está em ligação com tudo de importante nos termos retrospectivos do ano de 2022. “É um novo mundo que está sendo disputado dentro da Ucrânia”

Entretanto, além desse grande desafio que Rússia e China lançaram sobre o domínio político norte-americano, a operação levada pelo imperialismo no conflito da Ucrânia tem vários lados e é mais complexa, como esclarece Rui.

A Rússia é o maior exportador de gás do mundo, seguida do Irã, do Catar e, em quarto, aqueles que ganhariam os espólios da guerra, os EUA. No Catar, há de se considerar não só toda a campanha do imperialismo norte-americano contra o país neste ano, como a crise recente que se deu quando uma das presidentes da União Europeia foi acusa de um suposto escândalo de corrupção. Ela teria recebido na casa dos milhões para falar bem do Catar, para fazer uma política de boa vizinhança. 

Logicamente, a Europa não pode ficar sem o fornecimento de gás, seja dos russos, seja do Catar. Agora, para o imperialismo norte-americano, é essencial que a Europa continue sobre sua dependência. 

“Um lado importante, decisivo, é o conflito que está latente nesta situação entre a União Europeia e os Estados Unidos, os dois maiores blocos imperialistas do mundo… no extremo, podemos ter uma completa desestabilização econômica de todo o continente europeu.” Como explica Rui.

De fato, a economia alemã, uma das mais fortes do mundo, faz uma competição direta aos Estados Unidos. Assim, os EUA buscam reduzir essa ameaça da União Europeia. 

“A impressão que eu tenho é que o imperialismo norte-americano, diante da profundidade da crise capitalista mundial, está procurando diminuir as zonas de atrito, ou seja, as contradições, entre os diversos blocos imperialistas. Potencialmente nos temos uma crise muito grande, o que eu acho que resta saber é como vai se desenvolver essa combinação de enfrentamento do imperialismo com países como a Rússia e a China e outros países que não fazem parte dos capitalistas desenvolvidos, e a tentativa de subordinar todo o bloco imperialista de uma maneira muito rígida a sua orientação política. Suprindo, aí, as tentativas de independência da UE. Isso aponta para um cenário de grande crise política no próximo ano.”

Por fim, Rui e os outros participantes do programa concordam que ano que vem deve haver uma explosão, seja na Europa, ou seja, em qualquer lugar do mundo, uma crise de grandes proporções.

Eleições de meio mandato dos EUA, um desafio estratégico para o imperialismo

Os comentaristas, em unanimidade, concordaram que existe uma crise de grandes dimensões por vir para o governo dos EUA, especialmente para o núcleo fundamental do imperialismo norte-americano. Anitablian coloca como uma “disputa entre setores do estado profundo dos EUA”,

Para ele é uma situação muito difícil, principalmente para os setores das finanças dos EUA. Existe uma pressão muito grande para continuar a guerra e manter o domínio sobre a Europa, simultaneamente, já acontece o empobrecimento da população norte-americana.

Farinazzo aponta, ainda, uma série de desafios estratégicos que os EUA precisam superar no cenário mundial. Precisam conter a China no pacífico, precisam conter a Rússia, “não querem um confronto aberto com a Rússia, apenas conter a Rússia com a Ucrânia, mas essa estratégia já está chegando nos limites. Bilhões de dólares sem muita mudança prática na situação.” Precisam conter o Irã, que já está a caminho de possuir sua própria bomba nuclear.

Os gastos bélicos, como explica o Comandante, estão para além da rubrica do congresso, e já passam de um trilhão. A administração de Biden dá atenção para esses gastos, mas governa de costas para os eleitores, podendo estar sentada em cima de uma crise sem mesmo perceber.

Não só o imperialismo norte-americano precisará lidar com a revolta de seu povo contra os tremendos gastos da guerra, como também precisará lidar com esses desafios externos. Para complicar ainda mais a situação, Rui explica sobre a problema do trumpismo:

“O núcleo fundamental do imperialismo norte-americano não pode permitir um novo governo Trump. Trump não está em uma posição ruim, apenas conseguiram manter de maneira parcial uma vitória avassaladora do Trump nas eleições intermediárias. Mas eles não conseguiram manter o movimento trumpista. Inclusive na Câmara ele tem maioria.”

“O Biden retornou ao governo, o governo anterior do Obama era um governo do Biden, e lançou uma política agressiva e a situação já ameaça desandar. Para manutenção disso, será necessário um novo mandato para o Biden, e, por essa necessidade, vai aprofundar a crise interna nos EUA de uma forma muito aguda. A vitória do Trump é uma ameaça muito grande, e a política do Trump não é a política do núcleo duro do imperialismo, não é nem de perto tão agressiva quanto a política do Biden.”

Ou seja, o alto escalão político dos EUA, o núcleo duro do imperialismo mundial, tem uma crise muito grande para resolver nos próximos anos. Agora, ao falar em crise nos Estados Unidos, era impossível passar a Retrospectiva de 2022, sem falar sobre as revelações de Elon Musk nos Twitter Files.

Compra do Twitter e revelação dos twitter files, mais um sintoma da crise do imperialismo

Para chegar ao poder, o imperialismo norte-americano nunca precisou se utilizar da censura massiva como se utiliza hoje. Rui explicou que até “tivemos a época do Macarthismo, um episódio, não foi uma coisa generalizada, mas sim para se livrar dos aliados de diversas áreas da sociedade norte-americana. De modo geral eles agiram com descrição, não foram até as últimas consequências. Agora eles estão partindo para a manipulação aberta da opinião. Trata-se de um controle muito explícito. É um sinal de crise.”

A situação mostra, para piorar, que boa parte da esquerda no mundo todo, se deixou manipular por esta campanha. No Brasil, por exemplo, enquanto a censura estava acontecimento explicitamente nas plataformas com o direcionamento de conteúdo, boa parte da opinião respeitável aderiu à campanha das Fake News, e do aumento da perseguição nas redes.

“Quando a gente abre o olho, a gente vê que isso tudo é uma operação que está sendo organizada pelos serviços de inteligência norte–americanos. A pior que coisa que existe do mundo” como explica Rui.

Além disso, não é uma novidade da política imperialista. É um funcionamento típico como esclarece Anitablian. Primeiro o direcionamento da desinformação, depois a legitimação política para a opinião pública para depois uma intervenção. Foi assim em 1991 na Primeira Guerra do Golfo, em 2011 quando aconteceram os fatos das torres gêmeas e a intervenção no Afeganistão e em 2003 na questão do Iraque, quando em 2002, o embaixador brasileiro disse que os iraquianos não possuíam armas biológicas, sendo substituído por um capacho do imperialismo.

Um programa histórico, imperdível

Muitos outros temas foram abordados no programa, como o que o governo Lula deveria fazer, a questão da Armênia e do Azerbaidjão, quais as dificuldades para o Brasil se reerguer, entre muitas outras. Milhares de telespectadores fizeram suas perguntas sendo respondidos ao vivo. Não deixe de conferir o programa e acompanhar o que, hoje, deve ser a mais importante análise internacional do país. 

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