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Candidato do PCO-MS ao Senado

Thiago Assad: “Judiciário é o protagonista desta ditadura”

Partido Operário contra o imperialismo à favor da luta do povo por um governo próprio

Entre os candidatos elegíveis o Partido da Causa Operária faz uma série de entrevistas com os verdadeiros candidatos do povo, ou seja, os candidatos da Causa Operária. O candidato apresentado nessa rodada é Thiago de Carvalho Assad, candidato a deputado federal pelo Estado do Mato Grosso do Sul. O camarada é jornalista, atua na redação do Jornal Causa Operária, do Diário Causa Operária e é militante do PCO desde 2018, integrando sua direção regional. Foi presidente do Centro Acadêmico do Curso de História na UFMS.

Integra as fileiras militantes do PCO com atuação renomada na luta pela garantias trabalhistas. As 10 principais propostas do Partido, as quais Assad apresenta com sua candidatura, são: 1 – Reajuste de 100% dos salários para combater a carestia, 2 – Redução da semana de trabalho para 35 horas para criar milhões de novos empregos, 3 – Restabelecimento de todos os direitos trabalhistas retirados da CLT, fima da terceirização, carteira assinada e direitos para todos, 4 – Confisco do latifúndio, terra para quem nela trabalha, 5 – Cancelamento de todas as privatizações, empresas construídas pelo povo para servir ao controladas pelos trabalhadores, 6 – Estatização dos sistema financeiro para desenvolver o País, 7 – Defesa das liberdades democráticas, liberdade de expressão irrestrita, direito ao armamento para todos, direito de greve irrestrito, liberdade irrestrita de organização política e sindical, fim da PM, 8 – Fora o imperialismo: Nenhuma ingerência estrangeira sobre a Amazônia, petróleo e energia elétrica 100% estatais e nacionais, 9 – Defesa da saúde e educação públicas e gratuitas, fim do vestibular, moradia para todos, 10 – Reforma política e jurídica, com o fim do STF e por um governo dos trabalhadores, pelo socialismo.

Segue a entrevista na íntegra:

Diário Causa Operária: Pode começar contando um pouco sobre você? Sua história pessoal e sua história na política, na militância. Sua formação, profissão etc.

Thiago: Sempre fui próximo ao PT, mas nunca fui além de um simpatizante filiado. Isso mudou quando a mobilização golpista da direita conseguiu derrubar a então presidenta Dilma Rousseff. Este eventos deixou claro para mim que tanto as leis quanto os acordos fechados nos gabinetes parlamentares nada significavam diante da força da burguesia.

Mesmo diante do fracasso dos métodos parlamentares, eles voltaram a aparecer diante do problema da prisão do ex-presidente Lula. O PT e setores mais reacionários da esquerda insistiam em métodos de luta ineficazes. Contrapondo-se ao senso comum esquerdista de então, o Partido da Causa Operária (que eu comecei a acompanhar durante o período do Golpe de 16) chamava a população a se mobilizar e não confiar no Estado. Parecia-me óbvio que o Estado estava determinado a prender Lula, mas a esquerda insistia em uma ilusão de razoabilidade institucional que, já à altura, era totalmente fora da realidade e criticava a palavra de ordem “não deixar prender”.

Diário Causa Operária: Você chegou a presidir o Centro Acadêmico de História na UFMS, certo? O que pode nos falar sobre a importância do movimento estudantil na política?

Thiago Assad: O movimento estudantil é fundamental para um desenvolvimento progressista da luta política, no Brasil e no mundo. Aliás, nos países atrasados, onde a organização da classe trabalhadora é menor, a organização dos estudantes é ainda mais importante para a mobilização popular. Vimos isto acontecer no Brasil diversas vezes.

No dia do golpe que derrubou o ex-presidente João Goulart, em 1964, a extrema direita golpista de então tratou de incendiar o prédio da União Nacional dos Estudantes, no Rio de Janeiro. Poucas semanas depois, em maio, a ditadura abria a famigerada CPI da UNE, que jogaria a principal organização do movimento estudantil brasileiro na ilegalidade. Os golpistas que derrubaram o governo eleito de Dilma Rousseff em 2016 tentaram fazer o mesmo na ocasião, refletindo a preocupação das forças do atraso com o movimento estudantil.

Sobram razões para a direita temer os estudantes. Ainda na Ditadura Militar, é do movimento estudantil que saíram os mais combativos elementos de enfrentamentos contra os militares. Desde os grandes protestos do primeiro período, até o AI-5, passando pela luta armada e finalmente a retomada das manifestações de rua em 1977, os estudantes brasileiros estiveram sempre na vanguarda dessa luta. Também no atual regime, oriundo do golpe de 16, o movimento dos secundaristas de ocupação das escolas acuou não apenas o governo paulista de Geraldo Alckmin, mas também o governo do usurpador Michel Temer. Sobram evidências históricas comprovando que o temor da burguesia quanto aos estudantes, suas tendências radicais e sua disposição infinita para ação revolucionária tem fundamento.

Diário Causa Operária: E sobre o seu trabalho, como jornalista. O que você acha da alegação de que existe um regime, por parte do judiciário, que censura o povo? Está acontecendo a censura no País?

Thiago Assad: Está cada vez mais perigoso ser jornalista no Brasil. Minha simpatia por Allan dos Santos é zero, mas qualquer um com um mínimo de juízo precisa se solidarizar com a situação enfrentada pelo propagandista do bolsonarismo e ter a clareza de que amanhã, pode ser o próximo. Este mesmo Diário Causa Operária já foi censurado, assim como outros órgãos de comunicação relacionados ao PCO, partido que foi também incluído no misterioso Inquérito das Fake News, por ordem do sacripanta ministro do STF, Alexandre de Moraes.

Estamos vendo um agravamento da censura não só no Brasil, mas em todo o mundo. Essa ofensiva contra conquistas históricas da humanidade como a liberdade de expressão e de imprensa, ameça fazer o mundo retroceder à Idade Média e especialmente graves para as organizações de luta dos trabalhadores. A esquerda deveria estar enfrentando esse levante reacionário de maneira enérgica, mas não é o que vemos acontecer.

No Brasil, observamos que apesar de todo alvoroço causado pelas declarações alarmistas do golpista Jair Bolsonaro, foi o judiciário que se mostrou o grande protagonista da implementação prática da ditadura prometida pelo presidente de extrema direita. É o STF que está criminalizando a atividade jornalística e aos poucos, trazendo as trevas da censura e da ditadura ao País.

Diário Causa Operária: No Mato Grosso do Sul, um dos principais destaques da atuação do PCO é justamente a candidatura de Magno Souza, indígena que, agora, está sob o perigo de ser impugnado. O que pode nos falar sobre isso?

Thiago Assad: É muito curioso observar que o registro de qualquer candidatura está atrelada a apresentação de uma certidão de Antecedentes Criminais, o que impede alguém com dívidas junto à justiça penal de concorrer. Trata-se de um expediente draconiano para restringir os direitos políticos sobretudo da população pobre, as vítimas por excelência do sistema penal no País, mas no caso do companheiro Magno, essa certidão foi devidamente apresentada à justiça eleitoral. A Procuradoria Regional Eleitoral do Ministério Público Federal (PRE-MPF) claramente fez uma varredura inacreditável atrás de alguma vírgula fora do lugar em um papel, qualquer loucura capaz de impugnar a candidatura do nosso companheiro, conhecido guerreiro da retomada Araticuti e membro dirigente do comitê de luta de Dourados. Finalmente acharam uma obscura condenação por furto de bicicleta. Ou estamos diante dos únicos burocratas do planeta que apreciam o monte de nada que fazem ou (mais provável) a pressão dos latifundiários locais e da base de apoio da candidata presidencial Simone Tebet foi intensa.

Diário Causa Operária: Outra curiosidade que não podemos deixar de destacar é que o caso comprova o quanto nossos candidatos são pobres. Consegue imaginar o padrão de vida de quem é condenado por furtar uma bicicleta?

Thiago Assad: Precisava fazer esse aparte porque é simplesmente inacreditável que em um país como o Brasil, dadas as condições de vida dos índios, um deles seja condenado por algo que facilmente entraria no que o mundo jurídico classifica como “princípio da bagatela”, isto, uma ação tipificada no código penal, mas de lesão muito baixa para justificar uma condenação.

Diário Causa Operária: Vemos que, quase toda semana, surge a notícia de que um jagunço atacou alguma aldeia indígena no Mato Grosso do Sul. Qual a política do PCO para esses casos?

Thiago Assad: A violência no campo é um fato. Isso não vai mudar com propaganda brega sobre o amor ou dancinhas nas redes sociais. Se, do lado dos latifundiários, há disposição para atirar e matar os indígenas, os índios precisam ter meios minimamente equitativos de reação. Uma coisa que me chamou atenção nessa questão de tornar o conflito mais equilibrado é ver como isso é popular entre os índios. Acredito que o fator principal da aproximação do PCO junto ao povo guarani caiouá no Sul do MS é a nossa defesa do armamento civil irrestrito. É impressionante como isso é popular entre os povos indígenas. Só os privilegiados da esquerda pequeno-burguesa perdem a cabeça quando ouvem falar em armar a população. Os setores mais oprimidos da sociedade em geral reagem muito bem.

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