O início da campanha eleitoral, as entrevistas e debates organizados pela imprensa golpista brasileira já foram suficientes para comprovar que está em marcha uma grande operação eleitoral para favorecer a candidatura da terceira via, Simone Tebet (MDB).
Tratada como uma defensora das mulheres, uma progressista ponderada que pouco fala em privatização e se coloca, como afirmou Merval Pereira, como a “mãe dos pobres”, Tebet orquestra por baixo dos panos um grande golpe contra todo povo brasileiro. Ao contrário do que a mesma afirma, como “opositora” ao regime encabeçado hoje por Jair Bolsonaro, a candidata da terceira via tem, em seu “time dos sonhos”, como pontuou a imprensa burguesa, os mesmos golpistas de sempre.
Com a equipe fechada já no início da campanha eleitoral, Simone Tebet destacou, em entrevista ao Jornal Nacional, que possuí os “melhores liberais” para comandar sua equipe econômica. Em uma frase que já mostra que sua política pretende ser, no mínimo, tão golpista quanto a de Bolsonaro, Tebet ainda definiu como um dos seus principais quadros Vanessa Canado, nada mais, nada menos, que a ex-assessora especial para a reforma tributária no Ministério da Economia de Paulo Guedes, o ministro da economia e o homem de confiança da burguesia no governo Bolsonaro.
Vanessa ocupou o cargo durante todo o período de maiores ataques feitos a classe trabalhadora durante o governo Bolsonaro. Naquele momento, sua política foi de total apoio às medidas tomadas por Paulo Guedes, se opondo, muitas vezes, a questões básicas como o aumento da tributação aos mais ricos, do qual a mesma afirmava ser uma “escolha política”.
Se colocando a frente da reforma tributária, uma das principais reivindicações do golpe de Estado e um duro ataque ao bolso dos trabalhadores, Vanessa Canado é a continuidade do que há de pior no governo de Bolsonaro. Finalmente, compõe o time de economistas do golpe, aqueles que foram colocados para cumprir o verdadeiro papel do regime, esmagando os trabalhadores e entregando a economia nacional para o imperialismo.
Simone Tebet, assim, decidiu, acompanhando sua política identitária, ter seu próprio Paulo Guedes de saia, mostrando que suas diferenças com o próprio Jair Bolsonaro são secundárias comparadas à verdadeira política golpista que pretende levar adiante. É isso que toda política identitária busca esconder: um verdadeiro e criminoso golpe contra os trabalhadores.
Como não bastasse a nova “Paula Guedes”, Simone Tebet tem em seu time, também, uma série de outros assessores, como José Mendonça na agricultura, o mesmo ex-secretário da fazenda no governo de Fernando Henrique Cardoso, além de Wanda Engels, também figura marcada por seu trabalho no governo FHC.
Dessa maneira, o “time dos sonhos” de Simone Tebet revela-se ser pior do que tudo que Bolsonaro fez em seus quatro anos de governo. Simone quer a volta da política aos moldes de FHC, ou seja, uma destruição total da economia nacional e das condições de vida dos trabalhadores, ao mesmo tempo que busca preservar o que há de pior no governo Bolsonaro e no regime golpista, os “projetos” econômicos neoliberais.
Vanessa Canado é mais uma dessas figuras, uma mulher que serve aos interesses dos banqueiros e do imperialismo e que, assim como Paulo Guedes, tem como único objetivo garantir a espoliação do povo brasileiro.
No entanto, este time liberal vem sendo escondido por meio da campanha demagógica e identitária de Simone Tebet. A imprensa golpista busca mostrar a candidata como uma alternativa à Lula contra o bolsonarismo, uma defensora das mulheres, uma figura que pensa nos pobres, porém não é “extremista” ou “corrupta” como Lula.
Na prática, o que Simone Tebet quer é a continuidade deste mesmo regime golpista que, desde o golpe contra Dilma Rousseff, a mulher que Tebet ajudou derrubar, vem colocando milhões de trabalhadoras na miséria e entregando o País para o controle do imperialismo.