Essa semana mais um golpe de Estado aconteceu na América Latina, na quarta feira o presidente peruano Pedro Castillo foi derrubado pelo Congresso Nacional. Ele apresentou um esboço de resistência decretando o fechamento do Congresso mas visto que não tinha nem o apoio das forças armadas e nem mobilizou os trabalhadores em apoio ao seu governo foram palavras ao vento. Após o decreto o Congresso não só continuou aberto como votou pela sua destituição, a polícia o prendeu e a vice presidenta Dina Boluarte assumiu o governo.
Após Castillo decretar o fechamento do Congresso a embaixadaora dos EUA no Peru publicou: “Nós encorajamos o povo peruano a se manter calmo durante esse momento de incerteza. Os Estados Unidos rejeita categoricamente qualquer ato extraconstitucional do presidente Pedro Castillo que impessa o Congresso de terminar os seus mandatos.” Deixando muito claro que a posição do imperialismo era em defesa da derrubada de Castillo.
A crise política no Peru estava em iminência de explodir, nos últimos 4 anos o país teve 5 presidentes, o último presidente eleito a terminar o mandato foi Ollanta Humala em 2011. Pedro Castillo por sua vez não é um representante da esquerda nacionalista latino americana como Lula, Maduro, Kirchner, Correa e Morales, seu governo nunca teve o mesmo tipo de apoio popular e portanto desde o principio era instável. E ainda é importante lembrar que até os governos da esquerda nacionalista estão em grandes dificuldades.
Pedro Castillo após perceber que seria derrubado pelo Congresso tentou se exilar na embaixada do México mas foi detido pelo polícia. Na quinta feira a Suprema Corte também entrou no golpe decretando prisão preventiva, em nota oficial eles afirmaram: “A Suprema Corte de Instrução Preparatória, a cargo do juiz Juan Carlos Checkley, deu sete dias de prisão preliminar contra o ex-presidente Pedro Castillo, investigado pelo crime de rebelião (alternativamente conspiração)” A semana após o golpe e essencial para estabilizar o novo governo e é possível que Castillo se torne um preso político.
Na capital do peruano os protestos de rua acontecem de forma não muito organizada, o partido de Castillo não dirige a mobilização. Uma militante do Nuevo Peru foi entrevistada pelo Telesur e afirmou “O que reivindicamos é que se convoquem novas eleições com novas regras; é preciso realizar um referendo onde o povo consiga reformas e assim o poder volte ao povo, e também preciso questionar se o povo quer uma nova constituição.” Há indícios de que os indígenas estão também se organizando para sair do interior e protestar na capital. A polícia por sua vez reprime violentamente os protestos.
Ahora, desde Perú: la policía arremete con violencia y gases contra manifestantes en Plaza San Martín, rechazan el gobierno de Dina Boluarte, un fallecido sin confirmar… la violencia siempre viene con el golpismo!! pic.twitter.com/H8LcSQXign
— DΛViD.cu (@David_qva) December 9, 2022
O golpe está em seu terceiro dia e ainda não se estabilizou. Dado a história recente do Peru é difícil que o novo governo tenha capacidade de governar ante a crise geral no país. Contudo, enquanto não houver uma organização dos trabalhadores que dirija o movimento não será possível resolver a crise política no país.