O setor público consolidado registrou, em janeiro de 2022, superávit primário recorde de toda a série histórica, R$101,8 bilhões. Esse é o maior valor já registrado desde que série teve início no ano de 2001. Em termos práticos, o superávit significa quanto o governo conseguiu economizar nos gastos essenciais como educação, saúde, salários dos servidores, previdência e no conjunto de despesas sociais.
Essa economia é feita às custas da redução da qualidade e quantidade dos serviços públicos, para que o recursos poupados sejam utilizados no pagamento dos juros da dívida pública. O superávit do setor público consolidado leva em consideração as receitas e as despesas do Governo Central, dos Estados, dos Municípios e das Estatais, com exceção da Petrobras e Eletrobrás.
Apesar do resultado recorde, ele não foi suficiente para tornar positiva as contas públicas após o pagamento dos juros. No acumulado em doze meses, o déficit nominal alcançou R$317,5 bilhões, ou seja, todo o valor economizado, todo o sofrimento imposto ao povo, não foi suficiente. O governo precisou contrair novas dívidas para fechar as contas e honrar os compromissos firmados com os banqueiros.
No ano passado, os bancos espernearam contra um programa assistencial de R$80 bilhões para cerca de 40 milhões de miseráveis. A lógica do sistema atua para perpetuar essa situação. Como é possível que um país imenso como o Brasil, com todas as suas riquezas naturais e minerais, parque industrial e população de mais de 200 milhões de habitantes, ano após ano permaneça nessa situação deficitária? Os economistas neoliberais prometem que fazendo superávit primário (esfolando o povo), vendendo empresas estatais, pagando em dia os juros, a situação seria revertida, mas ano após ano temos sempre o mesmo resultado final: déficit nominal.
Essas contas precisam ser administradas pelo próprio povo, de modo que tudo seja feito levando em consideração os interesses da classe trabalhadora e não dos banqueiros. A expropriação dos bancos será fundamental para garantir o atendimento das necessidades dos explorados desse país.


