A declaração de Alexandre de Moraes mostra todo o caráter autoritário da chamada suprema corte e seus juízes especialistas em “estuprar” a conservadora Constituição Federal de 1988 e os resquícios de liberdades democráticas existentes no Brasil dominado pelo golpismo.
Ao contrário do que o juiz afirma julgar as opiniões, perseguir e calar aquelas que não vos agrada, obviamente, não é garantir nenhuma democracia, é o exato oposto. Para se ter o mínimo de aparência democrática os ditos “imbecis” por ele citados tem que ter o direito garantido a falar qualquer imbecilidade, assim como o tem de pensar, é claro.
A liberdade de expressão não deve ser um artifício usado somente para dar voz aos amigos, aos que “falam a mesma língua”, que têm as mesmas opiniões, mas sim esta só existe quando qualquer um, mesmo um idiota completo, até mesmo um fascista, tem a liberdade para falar o que quiser, por mais absurda que suas ideias sejam.
Regular a opinião das pessoas, o pensamento – como se fosse possível – não é o papel de ninguém, muito menos do Estado. Este tem a função exatamente de garantir que todos tenham igual direito a pensar e se expressar. Por outro lado, as pessoas afetadas também devem ter o direito de se defenderem quando atacadas. São coisas diferentes, o Estado garante as liberdades individuais, inclusive dos que precisam se organizar para se defender daqueles que querem lhes atacar.
Nas demais declarações o juiz ainda profere que “a justiça agirá, garantirá as eleições, não permitirá ataques” etc. Outro “estupro” à fantasmagórica constituição, vez que esta também prevê que não é papel dos juízes, muito menos, de tribunais e das mais altas cortes, de “agir de ofício” como diz o jargão jurisdiquês, ou seja, agir por vontade própria, sem ser provocado pelas outras organizações do Estado. Uma aberração, mas que já se tornou comum dentre as tantas aberrações cometidas pelo STF praticamente diariamente.
Mostrando claramente o papel político que têm os juízes do tribunal, Alexandre de Moraes praticamente veste a capa preta, como um super-heroi, e já anuncia que irão agir assim mesmo, caçando as “milícias digitais” que segundo ele lesam o sistema eleitoral há muitos anos. Ou seja, a justiça, que deveria aguardar os acontecimentos e, caso haja, algum julgamento que, depois de passadas as duas primeiras instâncias, chegue à alta corte, já anuncia que irá sim intervir no processo político eleitoral mais importante provavelmente dos últimos 30 anos.
Para não deixar dúvidas, deixamos claro que, a ameaça real para os interesses da classe trabalhadora brasileira, não só das eleições, é a manipulação da burguesia e do Estado por ela controlado, aonde o referido juiz é um agente, exatamente como ele diz, da gigantesca manipulação que está sendo preparada e, aliás, já executada.
O ataque da burguesia, através do STF, às redes sociais é obviamente garantir mais uma eleição manipulada, garantir que o candidato da burguesia, ao que tudo indica Bolsonaro mesmo, ganhe. Detalhe que, a popularidade de Lula é naturalmente potencializada nas redes sociais, um fenômeno que tem dado voz a setores importantes da população pobre, exatamente aquele em que o apoio ao ex-presidente é ainda maior.
Há de se falar também que o STF é uma instância que não deveria nem existir, pois é um resquício da monarquia de 200 anos atrás. É formado por 11 (onze) juízes que não são eleitos pelo povo, não prestam contas a ninguém, interpretam como querem as leis e a constituição federal, desrespeitam qualquer princípio da ordem jurídica vigente, usando qualquer argumento superficial e, principalmente, existe para fins políticos, para fazer exatamente o que fez em 2016 quando referendou o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff e quando articulou, junto com os procuradores da Lava a Jato, a prisão do ex-presidente Lula e garantiu a sua cassação das eleições de 2018, uma sequência quase inacreditável de ilegalidades cometidas pelos juízes da dita, suprema corte.
A política para os trabalhadores
Neste sentido é preciso denunciar toda essa engrenagem de manipulação que está se fechando, visando reduzir a influência popular nas eleições. Essa manipulação tocada pelo xerife Alexandre de Moraes visa tolhir a expressão popular nas redes sociais e garantir que somente os veículos oficiais da burguesia, os veículos da imprensa golpista tenham o controle das informações e controle o “microfone”, garantindo que a versão deles seja a única que repercuta em todo o país.
É desta forma que, quando começam as acusações de corrupção, de dossiês, de supostos crimes contra candidatos, garante-se que o que a Globo, o que a Folha de S. Paulo, o Estadão, o SBT, falem é a verdade e ponto final. Não interessa se é realmente verdadeira a “denuncia”. E esta arma será mais uma vez usada contra o ex-presidente Lula, o inimigo declarado da burguesia golpista e pró-imperialista.
Com este cenário piorando a cada dia, os partidos de esquerda e as organizações de luta dos trabalhadores devem se levantar contra a ditadura do STF, não aceitando argumentos fajutos como a “ameaça das fake news” e o uso de embustes como a perseguição de figuras menores da extrema direita – por que o xerife não foi buscar o dono da porcada, o boca-suja do Planalto?
Para barrar todo o esquema de manipulação que está montado e cada dia mais aparelhado contra a candidatura de Lula, é necessário uma ampla mobilização nas ruas, com milhares de comitês populares que defendam dia a dia o ex-presidente, que rejeitem as manipulações da direita e do STF.