Um artigo de O Globo do dia 10 de novembro chama muita atenção. Em meio a uma crise sobre as indicações de Lula para a esquipe de transição e as especulações sobre o futuro ministério, há consenso em torno de um nome: Sônia Guajajara, do PSOL. “Sonia Guajajara é o primeiro nome de consenso para Ministério do governo Lula”, afirma o Globo.
A burguesia, mais especificamente o tal “mercado”, que nada mais é do que o setor imperialista, banqueiros e capitalistas internacionais, está numa política de sabotagem do futuro governo. Isso porque querem que o PT adote a política do imperialismo, mas as declarações de Lula estão entrando em choque com o “mercado” sobre um problema vital: a responsabilidade fiscal e o teto de gastos. A burguesia não quer nem ouvir falar de nenhuma indicação mais à esquerda de Lula, por menor que seja.
Mas por que então um nome que seria de um partido esquerdista como o PSOL é “consenso”, segundo a própria rede Globo, porta-voz do dito “mercado”? A resposta deveria ser óbvia: Guajajara é um nome de confiança do imperialismo, do “mercado”.
A especulação é a de que Lula irá criar um Ministério dos Povos Originários e Guajajara aceitará o convite para ser a ministra da pasta. À primeira vista, a criação de tal ministério é parte da demagogia identitária, sem maiores consequências. Mas não é bem assim. Se do ponto de vista político e econômico essa pasta pode não ser fundamental, ela servirá como um ponto de propaganda contra o governo. Uma infiltração identitária no governo, mais precisamente uma infiltração do imperialismo através da demagogia identitária.
Mais importante ainda do que a simples propaganda, essa demagogia servirá para atacar o desenvolvimento da Amazônia, que nesse momento é um objeto de cobiça por parte do imperialismo.
Sonia Guajajara é apresentada como a grande lutadora dos povos indígenas e do meio ambiente. Seu partido, o PSOL, é apresentado e se apresenta como radical de esquerda, quase revolucionário. No entanto, o radicalismo de Guajajara termina no financiamento de sua candidatura de capitalistas e banqueiros. E o próprio radicalismo do PSOL acaba com esses elementos do partido. Como Guajajara, a maioria dos deputados eleitos pelo partido recebeu financiamento de capitalistas, incluindo o “radical” Guilherme Boulos. O radicalismo do PSOL acaba aí e termina de ser enterrado com os cargos no governo Lula.
O “consenso” Guajajara vem de suas ótimas relações com os banqueiros e o imperialismo. Se no Brasil, ela é conhecida nos meios da esquerda de classe média, nos países imperialistas ela é apresentada como a grande lutadora pelos direitos dos indígenas e da Amazônia, chegando a ser eleita como uma das cem pessoas mais influentes do mundo pela revista imperialista Time. Basta morar no Brasil para saber que sua única influência é no estrangeiro, porque aqui ela não influi nada.
Mas seu reconhecimento pelo imperialismo é o suficiente para torná-la o “primeiro consenso”. Pintada como esquerdista, é um elementos do imperialismo.