Markus Sokol mente e a mentira já começa no título de sua matéria ‘Contra a guerra bárbara de Putin’ publicada na Folha de S. Paulo, um dos principais jornais da imprensa golpista, nesse 20 de março. Todos sabem que houve um grande esforço diplomático da Rússia, na figura de Vladimir Putin, em evitar um confronto. Mas os EUA insistiram em colocar a Ucrânia como membro da OTAN e deixou os russos sem saída. Se existe uma guerra, o responsável seguramente não é Putin, mas o imperialismo.
Qualquer país tem o direito legítimo de se defender contra um inimigo, este sim, capaz de empreender as guerras mais bárbaras das quais temos notícias. A OTAN destruiu o Iraque, não sem antes montar uma grande farsa internacional sustentando que naquele país havia armas de químicas, biológicas e de destruição em massa. Usou a mesma fraude para atacar a Síria e reduziu o país a escombros. A antiga Iugoslávia, antiga porque foi despedaçada, sofreu bombardeios durante 78 dias consecutivos.
De 24 de março a 11 de junho de 1999 a OTAN lançou um total de 2.300 mísseis contra 990 alvos e 14.000 bombas sobre o território da Iugoslávia. Portanto, Sokol mente também quando diz que a intervenção militar russa na Ucrânia “não é mais uma guerra localizada, é o maior conlito militar no coração da Europa desde a 2ª Guerra Mundial”. (grifo nosso) Foram 15 toneladas de bombas com urânio empobrecido que colocaram a Iugoslávia no topo de casos de câncer na Europa. Estima-se que mais de 10 mil pessoas morreram em decorrência da contaminação e os casos não cessaram.
A informação de que “um dilúvio de fogo e bombas sufoca as cidades do segundo maior país da Europa. De norte a sul, de leste a oeste” é constestada até por militares dos EUA. A Rússia tem concentrado seus ataques em alvos militares. O que é brutal nesse conflito é justamente a censura imposta às redes de informação russas por parte do imperialismo. Mesmo assim, furando o bloqueio, dia a após dia surgem vídeos e notícias dando conta de que os batalhões nazistas estão mantendo a população refém para usá-la como escudo humano e incriminar o exército russo. Conforme denunciou a correspondente de guerra Anne-Laure Bonnel, que diz que os ataques aos civis estão sendo realizados pelo exército ucraniano.
Assista ao vídeo no qual o coronel aposentando dos EUA, Douglas McGregor, em entrevista à Fox, desmonta a versão de que a Rússia esteja usando métodos que sequer chegam aos pés do que os americanos fizeram em outros países.
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O texto de Markus Sokol muito en passant critica a inflação provocada na Rússia em decorrência das sanções econômicas impostas pelos EUA e pela União Europeia. O foco mesmo é criticar o presidente russo. Diz que “apesar da repressão brutal de Putin, milhares de pessoas foram presas por protestar contra a invasão da Ucrânia em dezenas de cidades”.
Os jargões não podem faltar nas formulações domesticadas da intelectualidade pequeno-burguesa, aparece a figura do neoczarismo russo e também a frase surrada que diz que “não há lado bom nessa disputa intercapitalista”, “não há campo progressista”. Primeiramente, alguém deveria provar que a Rússia, ou Putin, esteja em uma cruzada para restabelecer a União Soviética ou o Império Russo. Onde está o tal neoczarismo? Ninguém demonstra. A “luta intercapitalista” não passa de uma falácia; embora a Rússia seja capitalista, trata-se de um país atrasado contra o imperialismo, portanto, há, com toda certeza, um lado progressista. Se Markus Sokol e seu grupo, O Trabalho, se reivindicam trotskistas, deveriam ficar do lado do país oprimido, é o bê-a-bá do ensinamento de Trótski.
Esquerda “nem-nem”
Quando a esquerda ‘compatível’, como se está costumando dizer, vem com essa história de ‘nem um nem outro’, o fato é que está do lado mais forte, do agressor. Sokol acusa a “invasão feroz da Ucrânia” e clama por “fraternidade entre os povos, nenhuma intervenção, nenhuma anexação (qual?), nem Biden nem Otan (…) que Putin retire suas tropas”… toda essa lenga-lenga é para acusar quem está se defendendo em vez de dar nomes aos bois, dizer quem realmente é feroz nessa história. Deveria dizer que se estão cercando a Rússia é porque têm a intenção de atacar, como já cansaram de fazer.
O fato é que não podemos esperar nada dessa esquerda que está a serviço da burguesia. Tudo o que ela faz é ficar repetindo ideias que já vêm prontas da grande imprensa. O P.I.G (Partido da Imprensa Golpista) vem se utilizando, dando voz para esses elementos da esquerda, para impor ainda mais o discurso que tem se tornado hegemônico: de que a culpa é da Rússia, a culpa é de Putin.
Já que se falou em ferocidade, M. Sokol deveria denunciar a campanha ferocíssima contra o povo russo. Para quem tinha curiosidade de saber como os nazistas fizeram para demonizar os judeus e criar uma histeria coletiva contra eles, basta olhar o que estão fazendo neste exato momento com os russos, é uma lição de História em tempo real. Uma senhora foi agredida em Paris porque estava conversando em russo com outra pessoa, qual o motivo dessa agressividade? O bombardeio perpetrado pela imprensa. Estão cancelando eventos sobre Dostoiévski, suspendendo artistas russos, como a soprano Anna Netrebko; estão perseguindo atletas; a seleção russa não deverá participar da Copa do Mundo. Uma série de coisas que são apenas noticiadas, como se isso fosse normal, a grande imprensa não questiona, normaliza esses absurdos.
É muito conveniente para a grande imprensa esse tipo de matéria, dá a impressão de que é democrática, de que está ouvindo todos os lados, mas é conivente com a censura da imprensa russa nas redes sociais. Ocorre que toda essa censura é para esconder a verdade, há um grande repúdio internacional contra o imperialismo. Existe muita gente que é contra a expansão da OTAN e que vê legitimidade nas ações da Rússia.
Ninguém gosta de guerras, elas trazem dor e muito sofrimento. Porém, existem guerras e guerras. Se um país está sendo ameaçado ou agredido pelo imperialismo é nosso dever apoiá-lo. Só os pacifistas de aluguel é que conseguem ou não querem ver a realidade.
Essa esquerda conveniente tenta confundir a classe trabalhadora, mas o fato é que, com isso, perde apoio constantemente. Partidos como PSTU, PSOL, que tomaram posições direitistas e agora estão sentindo na carne o resultado dessa política, estão entrando em crise porque a radicalização política faz evoluir a consciência das massas. Por isso destacamos a importância de uma imprensa revolucionária, que é fundamental para a organização da classe trabalhadora.