A vitória de Lula sobre Jair Bolsonaro foi a vitória da classe operária, a vitória dos trabalhadores. Bolsonaro era o candidato da burguesia, um representante dos capitalistas, que deram o golpe de Estado em 2016 para atacar o direito do povo. Lula era o candidato do povo trabalhador, que só conseguiu chegar onde está porque lutou contra seis anos de golpe de Estado, inclusive contra sua prisão ilegal de mais de 500 dias.
Não se deve confundir as alianças de Lula com elementos da burguesia, como Geraldo Alckmin, ou as declarações de apoio a ele de setores dos capitalistas. Isso não quer dizer que Lula era o candidato da burguesia. Apenas alguns setores dos capitalistas decidiram, por falta de uma opção melhor para eles, permitir que Lula ganhasse. A política de colaboração de classes de Lula não quer dizer que ele é o político dos banqueiros.
Dizer que Lula é o candidato dos trabalhadores significa que ele representa, com todos os problemas que se possa apontar, os anseios do povo que tem sido massacrado pela política golpista. Lula de fato representa um movimento que ganhou força para enfrentar o golpe. Os trabalhadores viam em Lula a superação da política golpista.
Dizer que a classe operária conseguiu vencer o candidato da burguesia não significa que o resultado da eleição foi a derrota definitiva do fascismo, como alguns acreditam. Não é possível derrotar o fascismo por meio das eleições, muita mobilização ainda terá que ser feita. Mas é inegável que uma batalha foi vencida contra a direita.
Alguns setores da esquerda, anti-Lula, defendem a tese de que Bolsonaro contra Lula teria sido a eleição do banqueiro versus banqueiro e que, portanto, o resultado não faz nenhuma diferença. Nada poderia ser mais equivocado. É uma posição sectária que não leva em conta a realidade nem o movimento das amplas massas dos trabalhadores.
Além disso, contraditoriamente, alguns desses setores que dizem que não foi uma vitória da classe operária porque Lula é um candidato dos banqueiros votaram em Lula mesmo assim. Portanto, se fossem coerentes com seu pensamento aloprado, deveriam aceitar que são eles próprios apoiadores da colaboração de classes e de um governo dos banqueiros.
Mas essa não é a realidade e o PCO sabe muito bem disso. O PCO não votou em Lula mesmo sabendo que ele é um candidato dos banqueiros, mas sim porque sabe que Lula não é um candidato dos banqueiros. E não é por causa da política conciliadora de Lula, mas sim porque a situação política em meio a uma intensa polarização fruto do acirramento da luta de classes forçou os banqueiros a excluírem Lula como uma boa opção de governo. Tanto é assim que a burguesia fez uma forte campanha para eleger Bolsonaro, despejando quase 100 milhões de reais em sua candidatura, quase 50 vezes mais do que Lula recebeu.
Tal posição, no final das contas, coloca esses setores lado a lado com a direita. Se Lula não deve ser apoiado porque é um candidato dos banqueiros, então para que tirar Bolsonaro do poder? Essa é a conclusão lógica do raciocínio.
A realidade é que Lula, independentemente do que se passa na cabeça de algum esquerdista de classe média, personificou a luta da classe operária e Bolsonaro a opressão da burguesia contra o povo. Se Lula venceu, venceram os trabalhadores.
A política a partir de agora é empurrar o governo Lula para que represente de fato os interesses dos trabalhadores. Que Lula revogue a reforma trabalhista, restabeleça todos os direitos retirados por Bolsonaro e os golpistas, que pare imediatamente as privatizações.
É para isso que o povo votou em Lula.
