O Diário do Centro do Mundo (DCM), canal de imprensa que se apresenta como progressista, utilizou-se contra um partido de esquerda, socialista, o método mais hediondo, típico da direita e da extrema-direita para interditar uma denúncia política e uma polêmica. O referido canal montou um factoide para acusar dirigentes do Partido da Causa Operária (PCO), incluindo seu principal dirigente e presidente nacional do partido, Rui Costa Pimenta, de desviar recursos provenientes do fundo eleitoral para benefício próprio.
A “reportagem” supostamente investigativa, imitando as peças de acusação farsa da operação golpista Lava Jato contra o ex-presidente Lula e o PT, traz tão e somente documentos públicos e muitas ilações e conclusões farsescas que não comprovam absolutamente nada, apenas que o partido realizou campanha de centenas de candidatos com um valor irrisório. Longe de comprovar qualquer superfaturamento, mostrou que o partido realiza todas as demandas por um valor muito menor que qualquer outro partido.
No entanto, logo após a publicação da referida “reportagem” caluniosa ficou evidente a estratégia do portal. Seu diretor, Kiko Nogueira em uma live do canal do DCM no YouTube propugnou que a Polícia e o Ministério Público “fossem atrás” do PCO. Ou seja, a “reportagem” foi apenas um subterfúgio para insuflar o aparato repressivo estatal contra o PCO, assim como a direita usou o Judiciário, o MP e a polícia contra o PT.
Uma conduta inaceitável, repugnante. O DCM atravessou o rubicão e se colocou completamente do outro lado da trincheira, junto dos monopólios da imprensa capitalista, com a direita e a extrema-direita.
O DCM se despiu completamente de sua armadura progressista e mostrou o seu caráter direitista e reacionário. E o que o levou a isso foi a tentativa de defesa estridente de Guilherme Boulos, que o portal tomou para si como tarefa, ante as denúncias políticas realizadas pelo Partido da Causa Operária que mostraram as relações no mínimo insidiosas de Boulos com a direita nacional e o imperialismo. Não tendo como responder politicamente, o DCM, por motivo ainda desconhecido, embora possamos conjecturar, de maneira baixa atacou o PCO para tentar abafar a crítica e a polêmica que havia sido estabelecida: de que setores da esquerda atuam segundo os ditames do imperialismo, consciente ou inconscientemente. Não obtendo sucesso, o DCM foi mais longe e apelou para a burguesia e seu aparato repressivo, para que essa intervenha no debate da esquerda e o desfaça pelas botas da PM.
O debate político e o uso do aparelho repressor para calar os críticos
Não é raro na esquerda brasileira, nos setores mais despolitizados, quando não oportunistas, considerar supérfluas ou mesmo negativas as polêmicas, denúncias e discussões políticas no interior da esquerda. Não compreendem que este debate é um dos fatores fundamentais para o desenvolvimento da consciência das massas, ao tomar partido nas polêmicas os militantes, ativistas e a população que toma contato com elas avançam na sua compreensão da realidade.
Parte substantiva da literatura marxista, talvez a maior parte dela, foi dedicada a criticar posições políticas, pessoas ou grupos que no interior do movimento revolucionário ou mesmo do campo mais amplo da esquerda democrática atuaram, seja como componentes dos interesses do inimigo de classe, seja como fatores de confusão no movimento revolucionário ou na esquerda. Marx criticou Proudhon e Bakunin e muitos outros, Engels criticou Duhring e seu verdadeiro socialismo, Kautsky e Rosa Luxemburgo criticaram o revisionismo de Bernstein, Lênin criticou a tradição do populismo russo, assim como o próprio Kautsky, quando esse renegou o marxismo, Trotski realizou uma crítica demolidora do stalinismo.
O DCM trai os interesses democráticos; progressistas, que eles cinicamente dizem defender ao tentar interditar um importante e esclarecedor debate no interior da esquerda e no interior do movimento contra o golpe de Estado, quando usam da baixeza, que lhes é tão característica, para caluniar e tentar desacreditar uma das partes do debate como meio de enterrá-lo.
Foi a burocracia stalinista, no entanto, que ao trair completamente o socialismo, inaugurou na esquerda essa infame tradição, seguida por alguns ainda hoje, embora de maneira distinta, de impedir o debate e a crítica através do cassetete da polícia, era uma maneira desesperada de se autopreservar no poder. Assim a crítica à burocracia traidora era ela mesma condenada como traição, os milhares ou mesmo milhões de operários e militantes que denunciavam e criticavam a atuação da burocracia eram esmagados pela GPU.
O DCM e a pequena burguesia que os acompanha utilizam o mesmo método político para preservar uma camarilha de oportunistas fartos das migalhas dadas pela burguesia nesse posto inglório que conquistaram; para preservar os que usam a esquerda para se promover individualmente. Por isso, tentam desesperadamente impedir o debate, a polêmica e a crítica que possam afetar suas pretensões.
Logicamente não contam com um aparato repressivo próprio, são fracos e irrelevantes na luta política das massas, por isso vão cada vez mais à direita, suplicando para que a burguesia, exploradores e opressores do povo, que os defenda de seus inimigos da esquerda. Tornam-se a cada dia mais domesticados serviçais da direita. O DCM não pode mais ser considerado órgão progressista, mas apenas um órgão a serviço da direita contra a esquerda e os revolucionários.