Nada como acompanhar o desenrolar da vida política na sociedade através de princípios científicos, a verdade logo aparece concretamente. Como disse um pensador, os fatos são teimosos. Assim, o que este Diário tem noticiado, antevendo que a terceira via seria impulsionada pela imprensa capitalista e golpista a mando do imperialismo, tem se confirmado verdade.
Através dos debates, a imprensa burguesa está favorecendo a terceira via ao mesmo tempo que explora os pontos fracos dos candidatos que não quer que sejam eleitos, como é o caso do ex-presidente Lula e de Bolsonaro nestas eleições.
Segundo pesquisas da DataFolha, que ocorreram durante e após o debate, os candidatos da terceira via saíram vitoriosos entre os prováveis eleitores indecisos, votos nulos e brancos. A favorita do imperialismo, Simone Tebet (MDB-MS), obteve 43% de avaliações positivas. Já Ciro Gomes (PDT-CE), o segundo nome da burguesia, obteve 23% das avaliações, enquanto que os primeiros colocados nas pesquisas de intenção de votos, Lula e Bolsonaro, obtiveram empate em 10% cada de avaliações positivas. Além disso, a pesquisa cita Felipe D’Avila (Novo), com 8%, e Soraya Thronicke, com 2% de “boas avaliações”.
Desta maneira, coroaram Tebet como vencedora, ao mesmo tempo que depuseram como perdedores Bolsonaro, sendo o mais rejeitadom com 51% de avaliações negativas, e Lula, com 21%.
Finalmente, trata-se de uma campanha política que, por meio da imprensa burguesa, tem como objetivo alavancar os candidatos da terceira via. Não é à toa que, no dia seguinte ao debate, todos os principais jornais da burguesia noticiaram, em suas manchetes, o “impecável” desempenho de Tebet.
O debate foi articulado com essa intenção. As perguntas aos candidatos da terceira via ficaram centradas nas questões das mulheres, do feminismo, da “misoginia” (ódio às mulheres) e até o pedido de compromisso de colocar nos ministérios o mesmo número de homens e mulheres. As perguntas a Lula e Bolsonaro se concentraram em corrupção e, em particular ao Bolsonaro, acrescentaram o “machismo e misoginia”, na intenção clara de deixá-los encurralados.
Tanto os candidatos da terceira via como os jornalistas seguiram essa pauta, que deixou Bolsonaro nas cordas, ficando como o “grande perdedor”, e Simone Tebet como a “grande vencedora”.
Essa é a história fabricada: a eterna luta do bem contra o mal, na qual o mal são os candidatos que o imperialismo não aceita, mas que estão em primeiros lugares nas pesquisas, e o bem, a Simone Tebet, Soraya Thronicke e Felipe D’Avila. Os santos contra o demônio, onde o demônio é apenas um espantalho criado para enganar o povo e, assim, colocar no poder a terceira via, essa sim o demônio em carne e osso, que fortalece o imperialismo contra os trabalhadores.
“Eu acho que a terceira via, que estava no acostamento, ganhou uma sobrevida nesse debate”, disse um comentarista do UOL. Com isso, vemos como funciona o mecanismo da burguesia para alçar a sua candidata mesmo contra a vontade popular.
Finalmente, a entrevista na Globo e o debate na Band serviram para posicionar Tebet como a candidata boa, meiga, “mãe dos pobres”, feminista, uma verdadeira santa. Por isso, não mencionam sua origem social: latifundiária do Mato Grosso do Sul e do agronegócio, estado que desde sempre é palco de chacinas de povos indígenas e pequenos agricultores por parte de jagunços dos latifundiários, PM, e até a força de segurança nacional.
Como disse o candidato do PCO ao governo do estado, Magno Souza, ela não é amiga dos indígenas. É o braço armado do estado defendendo o latifúndio contra os povos indígenas e agricultores. Ajudam a ampliar as terras dos mais ricos expulsando os menores de suas terras para benefício do latifúndio.
Do mesmo modo, escondem que seu partido, e a própria Tebet, votaram favorável na maioria dos projetos de Bolsonaro e Temer contra os direitos trabalhistas e previdenciários, no teto de gastos e também nas verbas secretas recentemente aprovadas pela imensa maioria do Congresso em plena campanha eleitoral.
Ou seja, ela se apresenta como uma mulher humana, doce, preocupada com o social, quando, na vida prática, atua pelo seu oposto. O que fez ela pelas mulheres, pelos trabalhadores, pelos índios? Não se pode falar que nada, pois seu histórico é repleto de ações e projetos que atacam diretamente os trabalhadores brasileiros e os seus direitos.
Ela de fato representa a continuidade do golpe contra Dilma e o PT, que ela, inclusive, não defendeu como mulher e, ao contrário, votou com muita satisfação pela sua derrubada no golpe de estado mais escancarado da história do País. Os interesses de classe sempre falam mais alto do que seu “feminismo”, e a classe dela é a burguesia.
Tanto na entrevista de candidatos que a Globo fez com ela, como agora no debate em questão, nota-se sua preocupação em se portar adequadamente para que dispare nas intenções de voto e chegue ao topo nas pesquisas, com chance de vencer. A postura firme, feminista, com aparência de novidade, busca conquistar eleitores tanto de Bolsonaro quanto de Lula.
Como diz o velho ditado popular, “por fora bela viola, por dentro pão bolorento”. Sabemos que o povo não compra essa farsa, mas sabemos que os resultados finais não representam o que o povo quer, a margem de manobra pelo imperialismo é muito vasta. Assim, resta ao povo ir às ruas e lutar pelos seus direitos, por emprego, salário, atendimento médico, moradia, terra para produzir, aposentadoria e toda riqueza que o trabalho produz. O imperialismo teme apenas o povo na rua, então é pra lá que, o quanto antes, se deve ir.