Ao mesmo tempo em que afoga a Rússia com sanções econômicas, o imperialismo americano intensifica a crise no mundo inteiro.
Nem a África do Sul do apartheid sofreu tantas sanções como o povo russo tem sido submetido após a decisão de Putin de empreender uma operação militar na Ucrânia.
Caso a busca imperialista pelo banimento dos produtos russos do comércio mundial se estenda por mais tempo, provocará preços mais altos, uma profunda recessão e uma penúria dolorosa para a classe trabalhadora mundial.
A razão disso é que a Rússia não é somente uma fornecedora de gás natural e de petróleo como a imprensa burguesa gosta de afirmar. Ainda que possua 10 % do mercado mundial do petróleo com cinco milhões de barris exportados diariamente. Além disso, junto com a Ucrânia possuem cerca de 29 % do mercado mundial do trigo, quase 60 % da produção mundial de óleo de girassol, cerca de 19% do mercado de milho e quase 29 % das exportações globais de cevada.
Em relação ao fornecimento de metais, a Rússia fornece matérias primas para a produção de latas de alumínio até cabos de cobre e componentes de automóveis. É o quarto exportador mundial de alumínio, o quinto maior produtor mundial de aço com 71,1 milhões produzidos em 2021, o terceiro maior produtor mundial de níquel com 288mil toneladas em 2020, domina 38% da produção mundial do paládio, metal usado nos conversores catalíticos para redução das emissões de gases pelos automóveis e cobre.
Não fica só nisto, o país eslavo é um dos principais fornecedores de fertilizantes para o resto do mundo, em especial para o Brasil visto que 23% das importações nacionais são oriundas da Rússia.
Assim passado um mês do início das operações militares, é notório do aumento dos preços mundiais destes produtos.
O trigo chegou a US$14,00 por bushel, no dia 7 de março o que representava um aumento de 46,5%, ainda que tenha ocorrido uma pequena redução para US$ 12,50 nos últimos dias.
O barril de petróleo chegou a US$ 121,60 dólares em 23 de março, ainda que depois o preço reduzisse para US$ 108,65 dólares em 29 de março. Enquanto no meio de fevereiro o preço estava em US$ 94,00 dólares.
Todavia o aumento do preço do níquel foi impressionante saindo de US$ 141,69 para US$ 160,96 em oito de março, provocando inclusive o fechamento das bolsas de Londres e de Xangai em algumas ocasiões no último mês.
Estes são alguns exemplos dos impactos do confronto russo-ucraniana, contudo principalmente das sanções promovidas pelos Estados Unidos, pela Grã-Bretanha, pela União Europeia e alguns outros estados como Canadá, Austrália, Japão e Coréia do Sul, ou seja, o Imperialismo e seus asseclas. Vale ressaltar que a Índia, a China e muitos outros estados não participam e nem concordam com estas sanções.
As sanções aplicadas inclusive desrespeitaram a propriedade dos russos e das suas empresas, tomando os bens e as reservas nos bancos ocidentais, mesmo sem relação com o governo russo.
Contudo muitos políticos estadunidenses querem ampliar as sanções para os estados que ainda negociam com a Rússia mesmo contra a China. Sanções indiretas a serem aplicadas as empresas do mundo todo e as pessoas que negociarem com a Rússia. As últimas semanas se viu como o Secretário de Estado estadunidense Antony Blinken tem feito ameaças veladas a India e a China, além de cobrar uma posição mais assertiva contra a Rússia do Brasil. Não fica só nisto.
Pois, ainda que a Ucrânia tenha perdido praticamente a sua capacidade de poder aéreo e só mantém as principais cidades como Kiev, Kharkov, Sumy pelo fornecimento das armas antitanque e antiaéreas pela OTAN e pelo uso da sua própria população como escudo humano, os analistas militares independentes como o coronel Douglas MacGregor destacam que ela já foi derrotada.
Os quase quatro milhões de refugiados, os quase sete milhões de deslocados, a destruição dos aeroportos, dos depósitos de combustíveis , a destruição da sua marinha e dos principais portos como Maripol, tomada de usinas nucleares, o bombardeio incessante das suas principais cidades comprovam esta derrota.
Todavia o imperialismo não se importa nem com o aumento dos preços no mercado mundial que em última estância provocam mais fome no mundo e mais carestia e muito menos com o sofrimento do povo ucraniano.
O presidente estadunidense Joe Biden, que a esquerda liberal brasileira dizia ser melhor que o Trump, continua estimular a resistência ucraniana, alçando o comediante e apoiador de neonazista, presidente Volomdyr Zelensky, a herói mundial. Apostando que esta resistência levará a um desgaste do governo Putin podendo provocar a sua queda. Mesmo que ele possua uma aprovação popular de 70 % e tenha conseguido tirar a Rússia da crise dos anos 90. Não importando que suas medidas estejam provocando um risco de uma guerra nuclear só comparável à crise dos mísseis de Cuba em 1962.
A descoberta dos laboratórios capazes de produzir armas biológicas e químicas com apoio e participação dos Estados Unidos além das bases controladas pela OTAN de Yavoriv e Zhytomyr comprovam como a Ucrânia estava se transformando em uma ponta de lança para ameaçar a Rússia e as republicas independentes de Donestk e Luhansak no Donbass.
Esta postura é mais uma prova de como o imperialismo está sentido que sua predominância mundial está sendo colocada em xeque. Por isto ele se comporta como um animal ferido. A retirada desastrosa do Afeganistão, a gestão irresponsável e incompetente da Covid no seu próprio país, o crescimento econômico da China, a Arábia Saudita podendo aceitar a moeda chinesa, o Yuan, no fornecimento do petróleo para Pequim apontam como sua hegemonia está em xeque.
Vários analistas apontam que o emprego do dólar como arma política está provocando o abandono como moeda de reserva internacional por vários países com receio de serem alvos da revanche imperialista. Ainda que os Estados Unidos possam assumir o fornecimento de gás natural para a Europa no momento Putin decide que os estados não amigáveis deverão pagar o gás dos seus oleodutos no rublo o que tem provocado uma alta da moeda.
Entretanto, o imperialismo só será derrotado de modo definitivo com a mobilização da classe trabalhadora para a realização de uma revolução mundial que permita a superação do capitalismo.