Às vésperas da Conferência Nacional do Partido que ocorre em São Paulo neste sábado e domingo, depois de ter sido obrigado a depor na Polícia Federal por uma medida autoritária do STF, o companheiro Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, fala ao Diário Causa Operária sobre o que aconteceu até agora, sobre o bloqueio das redes sociais do Partido, a mobilização do partido para por fim a esta censura.

DCO: Como têm sido os desdobramentos, jurídicos da decisão de Moraes? O Partido já tem uma noção clara do que está enfrentando?
Infelizmente, não temos a menor ideia do que pode acontecer. O inquérito está tramitando de maneira sigilosa, de forma que não temos acesso ao conjunto do Inquérito das chamadas “fake news”. As acusações não claras. Fala-se em “ataque às instituições”, o que é vago e, portanto, sequer sabemos do que somos acusados exatamente. As informações que temos sobre o que aconteceu até aqui são aterradoras. Há pessoas que sequer fazem parte do inquérito que tiveram sua contas bancárias bloqueadas sem explicação, busca e apreensão de aparelhos de informática e documentos sem qualquer explicação. O ministro do STF determinou o bloqueio das redes do Partido e não temos a menor idéia sobre isso é definitivo ou temporário e, se temporário, por quanto tempo. Nessas condições, tudo pode acontecer, sem que tenhamos a capacidade de prever nada. Estamos em um terreno de completa barbárie jurídica.

Já temos diversos presos no decorrer deste inquérito, você já foi ouvido pela Polícia Federal? Você ou outros do Partido, correm risco de prisão ?
R – Somente eu fui convocado para depor diante da Polícia Federal onde, essencialmente, nos pediram informações sobre o conteúdo das nossas posições política, por exemplo, sobre a extinção do STF. Na medida em que não temos absolutamente nenhum parâmetro legal sobre o qual se basear, eu diria que é possível inclusive a prisão minha ou de outros dirigentes partidários. Mas não é seguro afirmar nada sobre o que vai acontecer em seguida.
Nas redes sociais, vimos que militantes, filiados e até apoiadores do Partido criaram um movimento de apoio ao Partido nas redes sociais e montaram páginas, como você vê isso?
R – Creio que, diante do tamanho do ataque da Corte aos meios de comunicação do Partido, isso é natural. Há um amplo movimento de solidariedade ao Partido, vindo dos mais diferentes setores políticos. Se a intenção das medidas é nos silenciar, esse objetivo não será atingido, ao menos pelos meios utilizados até agora.
A reação em defesa do PCO, é grande, ao seu ver?
R – Sim, e vai crescer ainda muito. O ataque contra o Partido acendeu uma luz vermelha de alerta na esquerda, parte da qual estava anestesiada pela propaganda golpista de que se o STF passa por cima da lei é por objetivos democráticos, uma tentativa de impedir um suposto “golpe fascista”. O ataque contra o PCO demascara essa propaganda uma vez que o Partido não é nem fascista nem golpista, mas um dos partidos mais radicalmente defensores das liberdades democráticas no Brasil, senão precisamente o maior defensor.
O Partido está convocando uma Conferência Nacional para este sábado, poderia falar sobre?
R – Decidimos convocar em caráter emergencial o conjunto do partido nacionalmente, através dos seus representantes para deliberar sobre o ataque que estamos sofrendo e organizar coletivamente a nossa resposta. O conjunto dos militantes tem que participar dessa deliberação. Vamos analisar as implicações políticas e decidir as medidas para responder à situação.

Haverá uma manifestação em defesa do PCO? Como será a Conferência?
R – Estamos discutindo as formas de combater essa ofensiva do judiciário. Estamos analisando a possibilidade de realizar uma passeata no centro de São Paulo, onde será realizada a Conferência, no sábado à tarde. Seria uma primeira manifestação de protesto e faria parte da abertura da Conferência onde falarão representantes de outras organizações e personalidades de esquerda.
Gostaria de deixar alguma mensagem aos leitores?
R – Sim. Esta luta, como toda luta política, não é uma tarefa exclusiva do PCO porque as suas consequências recaem sobre todos os brasileiros. Chamamos toda a esquerda, todas as organizações e todos os democratas a protestar contra esta monstruosa arbitrariedade. Do nosso ponto de vista, pedimos apoio de todos para que possamos abrir canais de comunicação que evitem o silenciamento do Partido.