O caso do “cancelamento” e demissão de Monark, um dos apresentadores do Flow Podcast, na última terça-feira (8), levantou diversas polêmicas principalmente ligadas à liberdade de expressão e também a liberdade de organização. Mas um ponto crucial que também precisa ser discutido é quem estava por trás do cancelamento, que afetará profundamente a audiência do podcast, e o motivo econômico e político por trás desse ataque ao Flow Podcast.
Em janeiro deste ano, o presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, foi entrevistado no mês de janeiro e comentou sobre a atuação sórdida nos monopólios sobre a sociedade.
O Flow Podcast foi fundado no ano de 2018 pelos jovens Monark, apelido de Bruno Aiub, e Igor Coelho, conhecido como 3k. Ele tem uma forte inspiração no podcast dos EUA The Joe Rogan Experience em que o apresentador tem uma conversa descontraída com o convidado que dura muitas vezes até 4 horas. O cerne do podcast é deixar os convidados a vontade para que a conversa flua naturalmente, daí o nome traduzido para o inglês Flow. Além disso, a frequência de episódios do podcast é alta o que faz com que uma enorme quantidade de convidados de todos os âmbitos da sociedade participem, desde gamers até políticos.
Como o podcast de Joe Rogan se tornou o maior do mundo o de Monark se tornou o maior do Brasil, alcançando centenas de milhares de pessoas todos os dias. O modelo não só permite (ou permitia) uma liberdade maior nas conversas do que os programas tradicionais da televisão como há uma liberdade maior em quem pode ser convidado. A presença de Rui Costa Pimenta, por exemplo, é algo que a grande maioria dos meios de comunicação da direita (o programa não é propriamente de direita, mas certamente não é da imprensa de esquerda) não permite. O presidente do PCO teve mais de 200 mil visualizações no programa que participou.
Um dos tópicos abordados foram justamente os monopólios, tendo sido usado o exemplo da computação foi explicado por Rui Pimenta. A IBM, maior empresa do ramo na década de 1970 havia se tornado um monopólio e não conseguia mais inovar. O maior desenvolvimento tecnológico da época, que se tornaram os computadores pessoais atuais, foi desenvolvido em garagens de jovens com ideologia libertária. A IBM, com bilhões de dólares foi incapaz de criar algo inusitado e logo que surgiu comprou a tecnologia. O mesmo é valido para os monopólios da imprensa. Eles são enormes estruturas burocráticas que só produzem sempre o mesmo com o único intuito de manter seus lucros.
O Flow foi capaz de adaptar um podcast dos EUA para a realidade brasileira e furar o bloqueio que é imposto por esses monopólios, que sempre se colocaram contra a presença da existência de canais independentes na internet. O interessante é que nesse mês o canal de Joe Rogan também sofreu uma tentativa de cancelamento pela questão das vacinas que terminou com a retirada de dezenas de seus vídeos do ar o que indica que essa política de censura a canais de internet pode ser uma nova investida do imperialismo. Visto que a imprensa golpista brasileira é completamente subordinada a imprensa dos EUA o ataque a Monark possivelmente pode ter vindo de fora do Brasil.
Voltando ao tema principal, durante a conversa com Monark e Bruno 3K, Rui Pimenta comenta a possibilidade da Globo tentar comprar o podcast, a qual ambos respondem rapidamente que não aceitariam. A compra de programas da internet pela Rede Globo e outros monopólios é comum e sempre resulta em uma perda da qualidade e da originalidade do programa. Casos recentes são o programa Choque de Cultura, e outro um pouco mais antigo é do canal de humor, Porta dos Fundos. Os apresentadores do Flow já sabiam dessa tendência e queriam evitá-la.
Ao mesmo tempo, a tendência natural desses monopólios é atacar as concorrências que surgem justamente pois é só assim que pode se manter monopólios. Eles precisam controlar o seu ramo da economia, as petroleiras imperialistas querem destruir a Petrobrás, a Light e a ENEL querem destruir a Eletrobrás, as grandes automobilísticas destruíram a Gurgel e todos os carros nacionais e os monopólios de imprensa boicotam, compram ou esmagam qualquer jornal ou meio de comunicação alternativo. Vendo o ataque fulminante ao Flow é provável que já tenha acontecido uma tentativa de compra para enquadrá-lo, que não foi aceita por Monark como o próprio afirmou no programa. Vendo que isso não era possível, a imprensa burguesa partiu para o ataque.
O cancelamento como sempre é algo organizado pela direita e tem como seu flanco de cobertura a esquerda, para que a atitude tipicamente fascista tenha uma cobertura democrática. Foi o que aconteceu com Monark, a direita tradicional, que é o bloco político ligado aos grandes monopólios, toda caiu em cima do apresentador e levou consigo a enorme maioria da esquerda. Pela reação ao ato de linchamento tudo indica que será mais um estímulo ao crescimento da extrema direita. Contudo, no curto prazo, quem ganhou com a ação não foram os judeus, não foi a classe trabalhadora, mas sim a Rede Globo, a Folha de São Paulo e o Estadão. Os monopólios são sempre os que mais se beneficiam de todas as medidas ditatoriais pois no fim são eles os que de fato comandam a ditadura.