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Henrique Simonard

Membro do Comitê Central do Partido da Causa Operária (PCO) e militante da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR). Redator do Dossiê Causa Operária e colunista do Diário Causa Operária.

Em memória de

Robert Capa, um artista na guerra – parte I

Capa foi o primeiro a caputar o que realmente é uma guerra e mostrá-lo ao mundo.

Dia 25 de maio, próxima quarta-feira, completar-se-ão 68 anos da morte de Robert Capa, o maior fotojornalista de todos os tempos, e me arrisco a dizer, o maior fotógrafo de todos os tempos. Capa iniciou e popularizou a profissão de fotógrafo de guerra, e o fez de uma maneira que ninguém nunca o fez depois dele, em parte graças a sua filosofia, seu lema era “se não está bom o suficiente, é porque não esta perto o suficiente”. Pode parecer banal, mas para alguém que fez a vida nas maiores guerras do século XX é uma frase tão corajosa que parece louca.

Nascido Endre Friedmann, em Budapeste, no dia 22 de outubro de 1913, Capa sempre teve uma vida conturbada, em maio de 1931 foi expulso de seu país. Preso por manter atividades esquerdistas contra ditadura fascista do Almirante Miklós Horty. Seus amigos eram envolvidos com militância socialista, mas seu envolvimento com um partido ou corrente na época nunca foi clara. Fato é que foi preso pela polícia secreta e só conseguiu escapar, e com vida, graças a mãe, que tinha uma loja de alfaiataria cuja mulher do chefe de polícia era fiel cliente. Escapou com a única condição de que saísse do país. Com apenas 17 foi para Viena e depois para a Alemanha estudar jornalismo, contudo seus pais sofreram muito com a crise econômica e não conseguiram o sustentar até o fim do curso. Teve que procurar emprego e conseguiu estágio numa agência de fotografia, Dephot, onde começou como contínuo, depois assistente de laboratório até se tornar aprendiz fotógrafo. Foi graças a essa agência que tirou suas primeiras fotos famosas. Foi enviado para Copenhague onde Trótski, na época já em exílio, iria discursar para estudantes dinamarqueses. Não pôde ficar muito na Alemanha, com a subida do partido nazista ao poder teve que sair do país. Era judeu.

Em março de 1933 voltou para Budapeste, mas no outono já estava em Paris, foi lá onde conheceu seu grande amigo e famoso fotógrafo David Seymour “Chim”, Henri Cartier Bresson, cujo nome, para muitos, dispensa apresentações, e a pessoa mais importante de toda sua carreira e talvez vida, Gerda Pohorylle. Gerda era uma jovem alemã, foi responsável por inventar o nome Robert Capa. Eles se apaixonaram e foram morar juntos, ela servia de agente para ele, legendava suas fotos e arrumá-lhe bicos, ele em troca ensinou ela a fotografar. Capa sempre foi malandro e bon-vivant, Gerda era mais proativa e certamente livrou os dois da fome na época. Foi em 1936, quando as coisas andavam muito difíceis financeiramente para o casal que Gerda teve a ideia de inventar uma persona para Endre Friedmann. Para conseguir trabalho inventou um fotógrafo famoso e prestigiado nos EUA, chamado Robert Capa, um empréstimo de dois americanos famosos da época, o cineasta Frank Capra e o ator Robert Taylor. Assim conseguiu que os editores comprassem sem pensar duas vezes as fotos do jovem Endre, que gostou tanto da personagem que o levou para a vida. Gerda também mudara de nome e adotara Gerda Taro, pegando emprestado o nome de um artista japonesa alocada em Paris no mesmo período.

Foi assim que Capa e Gerda conseguiram a primeira aventura: com 22 e 25 anos, foram cobrir a Guerra Civil Espanhola. Ambos foram para o front, la conheceram muitas personas famosas da época como Hemingway, um amigo que Capa guardou para a vida inteira, embora tivessem uma relação um tanto quanto conturbada. Uma das fotos mais famosas e controversas da época foi tirada na Espanha, um militante do POUM, partido que Capa acompanhou de perto, caindo em batalha. Alguns dizem que foi encenada, o que fugiria do estilo intrépido e autentico do fotógrafo. A foto ficou muito famosa e fez de vez sua reputação como grande fotojornalista de guerra.

Gerda morreu num acidente de percurso, um veículo que transportava soldados feridos atropelou a fotógrafa. Capa estava em Paris resolvendo coisas pessoais quando recebeu a notícia. Nunca mais foi o mesmo e quem o conhece diz que nunca se recuperou da perda de Gerda. Endre, embora tenha saído com muitas mulheres depois, nunca se casou.

Robert Capa manteve uma vida aventurosa, além da Guerra Civil Espanhola: cobriu a resistência chinesa à invasão do Japão em 1938, a IIª Guerra Mundial, a guerra árabe-israelita e por fim a invasão francesa da Indochina. Capa também foi, junto a seu amigo o autor John Steinbeck realizar o primeiro trabalho jornalistico na URSS de Stalin, que rendeu um famoso diário de viagem de Steinbeck.

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