Cannes é um nome recorrente para os meios publicitários ou audiovisuais, já que é lá que ocorre anualmente a principal premiação do mundo destes setores. Porém, em 2013, a cidade no sul da França parou para receber uma verdadeira majestade: o Rei Pelé. Foi durante esta visita que ele se posicionou de forma contrária à privatização do Maracanã, alvo dos capitalistas há mais de década.
“Não estou de acordo com o projeto”, disse o Rei, que originalmente estava lá para falar de seu documentário, que estava para ser lançado, mas que não deixou de se posicionar sobre a privatização do mais tradicional estádio brasileiro. Pelé completou, ainda, dizendo que o Maracanã é e deve ser “do povo, para o povo”.
A fala do maior jogador de futebol do mundo reforça a defesa de que a burguesia não está interessada no Maracanã para defendê-lo, mas para arrumar uma forma de capitalizar em cima de um bem do povo brasileiro. O estádio localizado na região central do Rio de Janeiro, que já sediou duas finais de Copa do Mundo, diversos títulos nacionais e, em 1969, o milésimo gol de Pelé, está em um complexo processo de privatização, tendo sido oficialmente cedido aos capitalistas em 2013 mas resistido ao longo dos anos, sendo, agora, uma concessão pública dividida para o Flamengo e o Fluminense de forma provisória.
A fala de Pelé é importante, também, porque a Alerj (Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) discutiu ao longo de 2021 um projeto de lei do então deputado André Ceciliano, do PT, que propunha a mudança de nome do estádio de Mário Filho para Estádio Edson Arantes do Nascimento – Rei Pelé, por reconhecer a importância do ídolo para a cultura nacional e pela “importante prestação de serviços ao país”.
Voltando no tempo até 2013 e indo novamente para Cannes, na França, o Rei Pelé defendeu não só a manutenção do Maracanã como público, do povo e para o povo, como defendeu a realização da Copa no Mundo no Brasil, que aconteceria no ano seguinte, no auge do movimento contra a competição que a imprensa burguesa nacional realizava. Por fim mas não menos importante, quando questionado sobre a escalação, Pelé argumentou que Ronaldinho deveria ter sido convocado, um jogador ofensivo e que esbanja o futebol-arte que já é de praxe dos brasileiros, e defendeu que o principal jogador do Brasil, já em 2013, era o jovem Neymar, que mesmo precisando ganhar experiência, nas palavras da majestade, já era “um astro”.
Por fim, sobre a privatização do Estádio do Maracanã, faz-se fundamental ressaltar novamente as palavras de Pelé; não só por quem disse, mas pelo que ela significa. O Maracanã é “do povo, para o povo”.