A articulação por parte da direita e dos setores da direita dentro do Partido dos Trabalhadores (PT) tem o objetivo de trazer novamente em cena, e possivelmente ao comando do Banco Central (BC), o conhecido como “o mais longevo presidente do BC”, Henrique Meirelles. É assim porque o “deus mercado” considera essa figura política como um fiador em quem os empresários e os banqueiros possam confiar e até mesmo manobrar em um eventual governo Lula.
O fato de a esquerda pequeno-burguesa propagandear que Meirelles pode ser a salvação de Lula vai nesse sentido, o de “tentar” garantir a posse dele caso as manipulações da direita imperialista não consigam realizar o objetivo central da mesmo, que é eleger a terceira via com Simone Tebet, Ciro ou quem for. Afinal, já deixaram claro que não é Lula nem Bolsonaro, apesar de que, em última instância, Bolsonaro é aceitável. Fica claro, portanto, que Lula, até mesmo com “chuchu”, não é uma opção aceitável para os capitalistas.
Os eleitores presenciam frustrados a completa falta de debate político nas campanhas. Situação que abre as portas para o “salvador da pátria” da direita, Meirelles, que dividiria o poder com o representante da esquerda, Lula. A campanha do Lula, que até agora encontra-se sem despertar o povo para a luta e defender seu candidato, está estagnada mesmo com os cerca de metade das intenções de voto.
Em meio a crise que assistimos, encontramos a direita, a gestora do estado capitalista, em enormes dificuldades, dividida e sem muitas alternativas para manter o poder do imperialismo tanto no Brasil como pelo mundo afora. E como existe uma perspectiva concreta de Lula se eleger, precisam urgentemente de mais um representante do imperialismo, Meirelles, que mesmo com Alckmin de vice, não está sendo suficiente para acalmar o “deus mercado”, o que mostra que Lula simplesmente não é uma alternativa.
Henrique Meirelles é um político conhecido dos brasileiros por longas datas. Natural de Goiás, foi alçado à vice-presidência do Bank of Boston em apenas quatro anos de serviços ao banco e, após mais seis anos, chegou à presidência do banco no Brasil. Em mais alguns anos, chegou a ser presidente do Bank of Boston internacional. Foi o primeiro brasileiro a ser presidente do banco global norte-americano, isso no ano de 1996, a maior prova do relacionamento íntimo com o imperialismo.
A carreira do imperialista não se encerra por aí. No ano de 2002, aceita o “convite” para integrar o governo de Lula como presidente do BC e, assim, não assumiu o cargo de deputado federal por Goiás, onde teve expressiva votação.
Segundo o portal InfoMoney, recebeu carta branca para domar a inflação. Conseguiu cumprir o combinado e ainda melhorou as reservas do país em dólar. Isso foi conquistado com a política de elevação dos juros para demonstrar ao mercado que queria controlar a inflação. No início de 2001, ela saiu de 16,5%, para fechar o ano em 19%. Em 2002 dos 19% chegou a 18% e encerrou o ano em 22%. Nos anos seguintes continuou em alta atingindo 26,5% de março a junho de 2003.
Lembrando que juros altos com inflação corroem o poder de compra dos salários, aumentando a miséria ao mesmo tempo que aumentam os lucros dos investidores no mercado financeiro. Bom para o capitalismo e péssimo para os trabalhadores.
É justamente esse parasitismo dos bancos que piora as condições de vida dos trabalhadores: mais da metade do que o Estado arrecada em impostos são para o pagamento aos bancos por dívidas e serviços. Se o Estado fosse de posse dos trabalhadores, a coisa seria muito diferente. Ao invés de pagar dívidas contraídas para financiar as empresas, os bancos seriam estatizados e o dinheiro usado para construir hospitais, escolas, moradias e toda a infraestrutura das cidades, melhorando as condições de vida de todos os brasileiros, não apenas dos mais ricos, como é hoje.