Ainda sobre o nazismo

PSTU foge de Trótski como o diabo foge da cruz

Morenistas negam novamente o trotskismo e fazer coro com a burguesia em defesa da censura e da repressão estatal

O PSTU é como aquele motorista que, numa estrada, em vez de desviar dos buracos, não erra um único sequer. Em todas as situações políticas importantes lá está o partido do lado errado. Seja apoiando o golpe militar no Egito, participando do golpe contra Dilma Rousseff, saudando a ‘revolução colorida’ na Ucrânia, atacando o governo cubano.

Apesar de todas essas bolas fora, o PSTU se diz trotskista, nada mais distante da realidade. Afinal, não é o nome que determina a coisa. Se amanhã passarmos a chamar as árvores de ‘avião’, nem por isso elas sairão por aí voando. O que determina a natureza de um partido é sua política e, no caso do PSTU, não é em Trótski, Marx, Lênin, que servem como base ideológica; mas a grande imprensa burguesa — é aí que esse partido busca sua orientação.

Atualmente o PSTU embarcou na onda de histeria que varreu as redes sociais e a grande imprensa: o debate sobre a liberdade de expressão que envolveu o cancelamento de Monark (Bruno Aiub), ex-apresentador do podcast Flow, pelo fato deste ter defendido o direito de haver um partido nazista legalizado no Brasil.

Uma de suas dirigentes, Vera Lúcia, lançou uma enquete no Twitter para tentar ridicularizar o PCO, mas o máximo que consegue é deixar transparecer todo o seu reacionarismo e sua ignorância.

No seu sítio o PSTU publicou um artigo criticando o youtuber Monark e celebrou o fato de o programa ter perdido patrocinadores após as declarações, fazendo coro com a Rede Globo, Folha de São Paulo, Augusto Aras, Eduardo Bolsonaro etc.

A matéria diz manifestamos um veementemente repúdio às declarações que só fortalece o que de mais bárbaro existiu na recente história recente”. (grifo nosso) A questão é que a declaração de Monark não fortalece absolutamente nada. Ou será que as pessoas, pelos simples fato de ouvirem uma opinião, vão copiar aquilo que foi dito?

Um pouco mais adiante, o PSTU, que se diz trotskista, acusa o ex-apresentador de ter feito ‘uma defesa radical da liberdade de expressão, inclusive o direito de as pessoas terem opiniões racistas’. Como acabamos de ver, esse partido não gosta de radicalismos. Pior, tem a ilusão de que a proibição de se expressar algo elimina a causa. Impedir um racista de falar de racismo não impede que ele continue pensando assim. Por outro lado, se a pessoa se expressa e em torno disso se abre um debate, muitas pessoas poderão compreender que o racismo não passa de uma posição irracional. Que o conceito de raça é uma ideia confusa. É o esclarecimento, o debate público das ideias que poderão eliminar o atraso e o obscurantismo, não uma mera proibição.

Um outro fator importantíssimo é que, ao se delegar ao Estado o poder de determinar aquilo que as pessoas podem pensar, o resultado só pode ser um poder completamente autoritário e fascista. O Estado se sentirá com poder de vasculhar dentro das cabeças das pessoas, como no romance 1984 de George Orwell.

Vejamos a opinião de Noam Chomsky, um intelectual. judeu, que perdeu parte da família em campos de concentração o qual, portanto, ninguém poderá acusar de estar ‘passando pano para nazista’. Esta fala pode ser vista em um vídeo que tem circulado nas redes sociais e no Youtube. (assista)

Não acho que o Estado deva ter o direito de determinar a verdade histórica e punir as pessoas que desviarem disso”.

Se você acredita na liberdade de expressão, acredita na liberdade de expressão para pontos de vista que você não gosta. Goebbels era a favor da liberdade de expressão para pontos de vista que ele gostava, assim como Stálin. Se você é a favor da liberdade de expressão, isso significa que você é a favor da liberdade de expressão precisamente para as opiniões que você despreza. Caso contrário, você não é a favor da liberdade de expressão. Há duas posições que você pode ter sobre a liberdade de expressão. Você pode decidir qual é a sua”. (grifo nosso)

No que diz respeito à minha defesa das opiniões de pessoas que expressem opiniões totalmente ofensivas, eu não tinha a menor dúvida de que toda autoridade diz: “Você está defendendo os pontos de vista dessa pessoa”. Não, não estou. Estou defendendo o direito dele de expressá-los. A diferença é crucial e essa diferença é bem compreendida, fora dos círculos fascistas, desde o século XVIII”.

Embora tenham acusado o PCO de ser liberal, por defender a liberdade de expressão, essa crítica não passa de preconceito, ignorância e sectarismo. Conforme disse Chomsky, pelo menos desde o século XVIII, desde o Iluminismo, já se distinguia que defender a liberdade de expressão não significa defender aquilo que eventualmente esteja sendo expressado. Trata-se de defender um direito puro e simples. Sim, é uma ideia liberal, e qual seria o problema?

O liberalismo representou um avanço sobre toda a velharia, de entraves religiosos e de costumes que impediam o progresso do pensamento. A Revolução Francesa é legatária desses ideais. O marxismo também bebeu dessa fonte e sabe que não deve renegar esses avanços, mas aprofundá-los. Por acaso um mundo socialista vai renunciar ao progresso que o capitalismo representou no modo de produção? É óbvio que não, vai tratar, isso sim, de modernizar e levá-lo ao ápice.

O que diria Trotsky

Ao contrário do PSTU, Leon Trótski sabia que não adianta proibir o fascismo, pois ele irá simplesmente mudar de forma e continuar atuando. Sabia também que a extrema-direita é justamente um prolongamento da direita. Ou seja, uma das expressões da burguesia que fará uso de métodos brutais contra a classe trabalhadora sempre que achar oportuno ou necessário.

A proscrição de grupos fascistas teria inevitavelmente um caráter fictício: como organizações reacionárias, elas podem facilmente mudar de cor e se adaptar a qualquer tipo de forma organizacional, uma vez que os setores influentes da classe dominante e do aparelho governamental simpatizam consideravelmente com eles e essas simpatias inevitavelmente aumentam em tempos de crise política”.

Na Ucrânia, que o PSTU saudou, o golpe foi dado por nazistas financiados e treinados pela burguesia internacional. Cinicamente, a grande imprensa esconde esse fato. E embora naquele país seja proibido o nazismo e uso de seus símbolos, o que houve é justamente aquela adaptação que Trótski já havia alertado. Os grupos mudam de nome, usam símbolos alternativos à suástica e pronto, nada lhes acontece de mal, o Estado protege esses grupos e os utiliza para aterrorizar a população.

Para concluir, vejamos um trecho de uma fala de León Trótski que põe por terra os argumentos do PSTU e, principalmente, os desmascara.

“No regime burguês, toda supressão de direitos políticos e liberdades, não importando contra quem seja dirigida no começo, no final recairá sobre a classe operária, em particular sobre seus elementos mais avançados – esta é a lei da História.”

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