Alguns companheiros desavisados na esquerda podem ainda se confundir com a política do PSOL. Pode parecer a esses mesmos companheiros que seria um exagero dizer que o PSOL é uma espécie de PSDB mais esquerdista ou até um PSDB das origens. Mas essa constatação fica cada vez mais evidente à medida que avança a política do PSOL.
O caso da Ucrânia está escancarando essa característica do PSOL. É quase uma unanimidade no partido e na maioria dos grupos da esquerda pequeno-burguesa o apoio à OTAN e ao imperialismo, disfarçado de um “nem nem”.
Essa política do “nem nem” é mais ou menos assim: nem Rússia, nem Estados Unidos, mas a Rússia precisa sair da Ucrânia pois está cometendo um crime e precisamos respeitar a autonomia dos ucranianos…”, na prática, essa posição é anti-Rússia e pró-OTAN, não existe neutralidade possível diante de uma ação defensiva da Rússia que está sendo ameaçada nas suas fronteiras pelo imperialismo. Alguns são mais diretos: “Fora Rússia”. Outros tentam explicar que a Rússia seria também imperialista, embora não haja nenhum fato nem teoria que justifique isso.
Grossomodo, estamos diante de mais uma adoção da esquerda pequeno-burguesa das posições imperialistas.
Mas há um grupo que se destacou nessa segunda-feira, o MES (Movimento Esquerda Socialista), grupo interno do PSOL liderado por Luciana Genro, Fernanda Melchionna, Sâmia Bonfim e Glauber Braga. Esses não se contentaram em apresentar uma política totalmente adaptada ao imperialismo. Não se contentaram com a teoria e foram se reunir com o governador do Rio Grande do Sul, o tucano Eduardo Leite, para que o estado receba refugiados ucranianos.
Segundo matéria no sítio Sul 21, “As deputadas estadual Luciana Genro e federal Fernanda Melchionna, ambas do PSOL, se reuniram na manhã desta segunda-feira (21) com o governador Eduardo Leite (PSDB) para tratar da possibilidade de o Rio Grande do Sul receber refugiados ucranianos atingidos pela guerra com a Rússia.” Mas não foram apenas as duas deputadas que se sentaram à mesa com o governador tucano
“o presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira, Vitorio Sorotiuk, a vice-presidente da organização na Região Sul, Oliana Reszetiuk, que é moradora de Canoas, assim como Alexandre Machado de Oliveira, que integra a comunidade ucraniana na cidade. Também participaram Etevaldo Teixeira, da direção estadual do PSOL, o sociólogo Gilvandro Antunes, do movimento Vidas Negras Importam, a secretária de Igualdade Racial e Imigrantes da prefeitura de Canoas, Ednea Paim, e os secretários estaduais de Justiça, Mauro Hauschild, e da Casa Civil, Artur Lemos.”
Uma verdadeira confraternização tucano-psolista para fazer demagogia em benefício do imperialismo. Por que um grupo que se diz de esquerda precisa reivindicar que um governo de um fascista como Eduardo Leite recebe os refugiados ucranianos. Não precisa! O próprio PSDB, partido mais pró-imperialista do Brasil, pode tomar essa decisão tranquilamente, não precisa de esquerdistas esquálidos do PSOL para convencê-lo. É muito esforço do PSOL para ser paga-pau do imperialismo!
É uma verdadeira escatologia. Pessoas que se dizem de esquerda (incrivelmente o MES até se diz revolucionário e socialista), sentados com um governador burguês, de direita, golpista, neoliberal, fantoche imperialista do PSDB para apoiar uma política abertamente imperialista.