O Partido da Causa Operária já está preparando o próximo curso da Universidade Marxista. Em 2022 a independência do Brasil completa 200 anos, não só isso como também completam 100 anos a Semana de Arte Moderna, o levante tenentista do forte de Copacabana e a fundação do Partido Comunista do Brasil. Aproveitando a data marcante e também o momento em que diversas polêmicas históricas são levantadas pela esquerda, o Partido decidiu realizar um curso completo de história do Brasil compreendendo nossos 522 anos de existência. Será o maior curso organizado pelo PCO até o momento e o maior curso de história marxista da esquerda nacional.
A ideia se iniciou após a polêmica levantada com a queima da estátua do bandeirante Borba Gato, que foi o ápice de todo um movimento internacional de queima de estátuas iniciado em 2020 nos EUA. Naquele momento ficou claro que a esmagadora maioria da esquerda não só não compreende a história nacional, ignorando a importância das bandeiras na formação do Brasil, como adota uma política imperialista e antinacional usando por base o identitarismo. A esquerda pequeno burguesa interpreta a história brasileira de forma que o país nem deveria existir e isso tem implicações diretas para a política do presente.
A independência por exemplo, que completa 200 anos no 7 de setembro, é considerada como uma farsa, como uma falsa independência. A teoria é de que no Brasil sempre houve o pacto das elites, ou seja, o povo nunca foi relevante nos processos históricos, algo completamente absurdo. Os marxistas compreendem que a história da humanidade é a história da luta de classes e os grandes eventos da história nacional como a Independência, a Proclamação da República e a Revolução de 1930 todos possuíram uma ampla participação da população que foi crucial para a vitória dos setores mais progressistas em todos esses casos.
O curso está sendo organizado por meio de uma ampla pesquisa realizada por militantes e simpatizantes do PCO e organizada pelo companheiro Rui Costa Pimenta. Será uma grande inovação pois a história nacional até hoje nunca foi estudada de forma aprofundada por meio da ótica marxista, isto é, por um partido operário revolucionário. Por isso o curso será aprofundado com um longo tempo de pesquisa e exposições sendo dividido em três módulos. O primeiro do período colonial até a chegada da família real ao Brasil, o segundo até o início da república e o último até o golpe de 2016 contra a presidenta Dilma.
No primeiro modulo, que será lançado ainda no primeiro trimestre de 2021, serão abordados os temas dos indígenas antes da chegada dos portugueses, as navegações a descoberta do Brasil, a questão da divisão territorial e a ocupação do litoral, os bandeirantes a expansão das fronteiras, o ciclo do outro em Minas Gerais, as diversas revoltas populares contra o domínio português sobre os brasileiros, a escravidão dentre muitos outros. A esquerda identitária ataca diversas figuras desse período como o próprio Pedro Álvares Cabral, o cacique Araribóia, Borba Gato e todos os bandeirantes e por isso é preciso esclarecer diversos pontos.
A independência do Brasil ficará para o segundo modulo mas terá um grande destaque visto que estamos em seu bicentenário. Este evento é um dos mais distorcidos de toda a história nacional, em todo o espectro político, nas escolas, nos filmes e novelas. Os acontecimentos são minimizados a picuinhas entre a família real, ou a intervenção estrangeira dos ingleses, a idenpendencia é diminuída como uma farsa, ou comparada com os países vizinhos ao Brasil que se tornaram repúblicas. A luta política dos brasileiros contra o domínio português é reduzida ou até apagada e setores da esquerda chegam ao cúmulo de se utilizar desse evento histórico para afirmar que os trabalhadores brasileiros têm uma tendência menor a lutar.
A realidade é que uma grande luta foi travada não só pela classe dominante do Brasil contra os portugueses mas também pela classe dominada, houve uma guerra de independencia que mobilizou milhares de voluntários em diversos estados e expulsou os exércitos portugueses do território. Dom Pedro I, apesar de ser filho do rei, cumpriu um papel progressista adotando uma posição contra o absolutismo sendo o autor da primeira constituição do Brasil e de Portugal. Depois o movimento contra o domínio português ultrapassaria o liberalismo moderado do rei do Brasil o que levaria a sua renuncia em 1831. Como se vê houve todo um processo revolucionário, que não levou as ultimas consequências, mas que resultou em um enorme progresso.
Os temas do ano de 1922 ficarão para o último modulo, o século XX possui uma história riquíssima pouco conhecida ou pouco compreendida pela esquerda. As mudanças do governo Vargas, a atuação do PCB, a atuação dos trotskistas brasileiros, toda a produção cultural do modernismo e muito mais. A riquíssima história brasileira, que mal pode ser resumida nesse artigo, será abordada ao máximo no curso da Universidade Marxista que esta porvir. As informações mais específicas serão divulgadas neste diário e o curso estará disponível para compra no sítio da Universidade Marxista.




