A penetração dos identitários nas artes é algo que já está bastante avançado. Graças à ajuda do imperialismo, nas premiações, exposições e debates sobre a cultura, o identitarismo é praticamente unanimidade. Os artistas que ousam tentar combater essa situação são tachados de racistas, machistas, homofóbicos etc.
No caso do Prêmio Jabuti, uma das mais tradicionais premiações dadas a escritores e outros profissionais envolvidos com produção de livros no Brasil, a demagogia identitária se mostra na lista de vencedores e na forma como isso é tratado na imprensa da esquerda pequeno-burguesa.
A página Geledés, conhecido grupo de negros financiados pelo Itaú, celebrou o fato de que mulheres venceram em 13 das 20 categorias do Prêmio Jabuti em 2022. Eles também chamam a atenção para o fato de que, das 14 ganhadoras (em uma delas, duas mulheres venceram juntas), 11 são mulheres brancas e 3 são negras.
Apenas para citar algumas, a escritora Luiza Romão, conhecida por frequentar eventos de poesia improvisada chamados slams, teve seu livro Também guardamos pedras aqui, eleito como o melhor livro do ano. A sinopse da obra, que está colocada na própria página da Editora Nós, é ininteligível:
“Com “também guardamos pedras aqui”, Luiza Romão consegue inserir momentos de afago e restauro existencial, sem perder uma perspectiva crítica. Isso, em 2021, é tudo que a gente quer: seguir nos aperfeiçoando, nos aprimorando, como seres humanos e sujeitos políticos, e ao mesmo tempo sentir um pouco de prazer, um pouco de alívio, que carreguem nossas de baterias, para que possamos voltar à realidade, prontas para a luta. Um livro para ir redescobrindo, à medida que ele passa. Não tenho a menor dúvida disso.” (sic)
Além disso, Sueli Carneiro, coordenadora-executiva do próprio Geledés, foi agraciada com o prêmio de “Personalidade do Ano”. Carneiro também fez parte do conselho editorial da Folha de S. Paulo, o qual deixou rapidamente após uma coluna que ela considerava racista escrita por Leandro Narloch.
Todos os premiados são pessoas envolvidas em algum sentido com as questões que interessam apenas a esse setor minoritário da classe média no qual se encaixam os identitários. A autora Ana Elisa Ribeiro, por exemplo, venceu na categoria Juvenil com o livro Romieta e Julieu, que procura “traduzir” a clássica obra de Shakespeare para a linguagem do “internetês”, algo que soa de extremo mau gosto.
A questão do Prêmio Jabuti mostra como essas premiações não têm nada a ver com a qualidade da obra dos autores vencedores. Trata-se de uma forma de incentivar e de destacar determinado posicionamento político que seja do interesse daqueles que dão os prêmios. É uma conduta totalmente anti-artística por si só, visto que a arte deve ser julgada pelas suas próprias leis. Mas, nesse caso, é ainda mais grave porque se trata de impulsionar uma política imposta pelo imperialismo, a política identitária.
O Prêmio Jabuti, que deveria buscar os maiores autores do País, está servindo para impulsionar um pequeno “clube” de autores identitários, que se abrigam atrás dos gordos financiamentos de bancos e até de organizações ligadas aos governos imperialistas para esconder o fato de não terem talento algum.
Além de tudo, não muda nada a situação das mulheres realmente oprimidas ao redor do mundo o fato de algumas escritoras terem sido selecionadas para um prêmio literário como forma de fazer demagogia. A política do identitarismo é essa: cooptar um setor privilegiado através de favores e privilégios desse tipo para desmobilizar a luta das massas.