Neste domingo (30), os trabalhadores brasileiros elegeram Lula que, a partir do dia primeiro de janeiro de 2023, irá se tornar presidente do Brasil. A votação, extremamente acirrada, foi resultado de uma ampla mobilização da classe operária que, pintando as ruas de vermelho, derrotaram a burguesia em uma etapa fundamental na luta contra o golpe.
Entretanto, justamente por representar os interesses dos trabalhadores e, com isso, mobilizar o povo, Lula é inimigo do imperialismo que, na última década, fez de sua missão acabar com o PT e, principalmente, com o ex-presidente agora reeleito.
As últimas duas semanas mostraram isso de maneira evidente. Afinal, toda a máquina estatal estava ao lado de Bolsonaro, que despejou centenas de bilhões de reais nas eleições deste ano. Sem contar no empresariado de conjunto que, como visto por meio de milhares de denúncias, realizou uma verdadeira operação de coação eleitoral para garantir a derrota de Lula nas urnas.
Consequentemente, ainda é preciso lutar para garantir, além de sua eleição, que Lula efetivamente tome posse e, então, possa governar o País. Fato é que o imperialismo continua em crise portanto, não pode admitir um governo nacionalista no Brasil, o país mais importante da América Latina, que possui riquezas absolutamente indispensáveis para que o capitalismo não desmorone completamente.
Ademais, são os trabalhadores brasileiros a principal arma de Lula para garantir que possa governar. Sem a sua mobilização, ele irá, muito provavelmente, ser vítima de ainda mais um golpe do imperialismo no Brasil, algo que teria consequências absolutamente devastadoras para o povo brasileiro, já que representaria um avanço do neoliberalismo no País.
Por isso, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a maior central sindical de toda a América Latina e uma das maiores do mundo, deve ter papel central no próximo período político. A sua força de mobilização, simplesmente imbatível por qualquer outra organização nacional, deve ser utilizada justamente para garantir que o governo de Lula tenha forças para lutar contra o imperialismo e que, além disso, governe conforme a vontade da classe operária brasileira.
Nesse sentido, é imprescindível que a CUT convoque um congresso do povo, ou seja, um congresso que agrupe os mais amplos setores da população e discuta quais devem ser os pilares da mobilização popular nesse próximo período. É um passo essencial para garantir que a luta que os trabalhadores estão travando agora continue e se torne cada vez mais combativa, conscientizando as massas sobre o seu papel, a sua força e as suas tarefas frente à luta contra a burguesia.
Além disso, dada a atual conjuntura política brasileira, com a total falência do chamado “centrão”, peça fundamental para a manutenção do regime burguês erguido após o fim da Ditadura Militar de 1964, é preciso que tal congresso discuta a convocação de uma Constituinte.
Dessa forma, os trabalhadores, de maneira consciente e organizada, decidirão o seu próprio futuro. A evolução da luta política no Brasil contra o imperialismo deve se dar justamente dessa maneira, é uma tarefa essencial para impor a vontade do povo sobre a ditadura que a burguesia pode implantar no País. A eleição de Lula, por esse ângulo, é apenas o começo.





