Desde o início da ação russa na Ucrânia, a imprensa golpista nacional e a imprensa da grande burguesia internacional fazem uma campanha, 24 horas por dia, em defesa dos interesses imperialistas na região, em especial da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Uma parte fundamental dessa campanha se transforma em denúncias, usualmente falsas, de atividades do exército russo contra pessoas indefesas, mulheres, crianças, etc. Uma tentativa de demonstrar que, na verdade, os maus e cruéis do conflito são os russos.
Cada caso é explorado até a última gota, mesmo que não exista nenhum registro visual da suposta denúncia, a imprensa pega uma situação e a amplifica mundialmente, “chora” cada um dos mortos na Ucrânia, verdadeiros ou falsos.
Ocorre que essa humanidade imperialista só se revela quando os interesses imperialistas estão ameaçados. Os quase 30 jovens mortos pela polícia, no Rio de Janeiro, nesta semana, não deram vazão a nenhuma campanha dramática, a nenhum “choro” da imprensa capitalista. Muito pelo contrário!
Em alguns casos a imprensa reconhece que houve um “exagero”, no máximo, na atuação da polícia no Rio de Janeiro. Mas no restante das notícias sobre o ocorrido, foi o conflito entre traficantes e policiais e que resultou na baixa de quase 30 “bandidos” que supostamente teriam passagem policial.
A polícia matou, oficialmente, mais de seis mil pessoas no Brasil em 2021, quase 20 pessoas por dia. Ou seja, um massacre da polícia diário, espalhado pelo país, o que demonstra que a brutalidade da ação policial é rotineira e faz parte da regra de atuação da polícia, não a exceção.
Mais de três mil pessoas teriam morrido na guerra da Ucrânia, ou seja, não chega nem à metade da ação policial no Brasil no ano de 2021 e provavelmente não batem os números da polícia neste ano. E lá é preciso destacar que os dois lados estão armados.Aqui, não. Todos os mortos pela polícia são vitimados sem chance de resistência, à altura, de maneira armada.
Isso coloca em questão o direito ao armamento do povo, que é um direito democrático, ou seja, não é sequer uma questão revolucionária, mas teria que ser um direito dentro do rol dos direitos democráticos, como a liberdade de ir e vir, liberdade de expressão, etc.
Se existe todo um setor armado da sociedade que mata mais de 20 pessoas por dia, desarmadas, não é possível falar em democracia. A única forma de minimamente chegar perto de um regime democrático seria que a população, de conjunto, esteja armada para defender seus direitos.