A direção nacional do Partido da Causa Operária e os responsáveis pelas publicações do partido tomaram uma decisão muito importante nos últimos dias. Perceberam que, em meio ao conflito militar na Ucrânia, é preciso obter informação em primeira mão. Para isso, resolveram enviar um correspondente em nome de Causa Operária (semanário nacional impresso), do Diário Causa Operária e da Causa Operária TV, e eu tive a felicidade de ter sido o escolhido.
Ao longo de 19 anos trabalhando na imprensa do Partido, tive a oportunidade de cobrir diversos acontecimentos importantes, tanto da sala de redação, quanto pessoalmente, mas nunca imaginei que estaria me preparando para viajar para cobrir uma guerra a quase 12 mil quilômetros de distância.
Isso só será possível graças ao apoio e a simpatia irrestritos de mais de 100 companheiros que responderam imediatamente ao chamado que fizemos no sábado (19) durante a Análise Política da Semana, com Rui Costa Pimenta, na Causa Operária TV. Sem as contribuições levantadas, uma cobertura como a que pretendemos fazer seria impossível.
Uma tarefa política
A minha missão é clara: enviar ao Brasil o máximo possível de informações; observar atentamente o clima político na capital da Rússia; fazer contatos com jornalistas e porta-vozes oficiais, políticos e especialistas; tentar aproximar-me o máximo possível das repúblicas de Lugansk e Donetsk para ver, de perto, o que acontece por lá e ouvir, se tiver a oportunidade, o relato dos que enfrentaram o golpe de Estado fascista de 2014 e lutam até agora por sua liberdade.
Essa tarefa está colocada como uma necessidade urgente por dois motivos. Em primeiro lugar, a política. O relógio anda mais rápido, apressado pelo conflito militar e as consequências que este tem (tanto para a crise terminal do capitalismo, como para a revolução mundial).
Aquilo que ficou claro e evidente para o mundo quando o Afeganistão foi libertado da opressão das tropas norte-americanas foi bem entendido pelos russos. Vou à Rússia com a esperança de ver desenrolarem-se parte dos acontecimentos de um dos episódios que pode pôr fim à ditadura mundial do imperialismo norte-americano.
O recado dado pelo Talibã foi bem compreendido pelos setores que estão à frente da luta dos povos oprimidos de todo o planeta. Árabes, muçulmanos, chineses… milhões, bilhões de pessoas têm uma fatura altíssima a cobrar dos responsáveis por décadas de exploração, opressão e humilhação.
Espero que chegue logo a vez dos trabalhadores brasileiros e latino-americanos em geral despertarem do torpor induzido pela máquina de propaganda do imperialismo e da sua burguesia. O objetivo do nosso partido ao enviar-me é contribuir para isso.
Uma necessidade jornalística
Um segundo aspecto é o trabalho de imprensa propriamente dito. O encargo que recebi da direção do partido é extremamente necessário. A imprensa burguesa dominante em nosso país está completamente alinhada com os inimigos do povo russo e se tornou uma verdadeira agência de propaganda do imperialismo norte-americano e europeu. A imprensa de esquerda, progressista, com raras exceções, vacila, isto quando não apoia, desgraçadamente, o imperialismo contra os russos.
A máquina de propaganda imperialista é, em tempos como esses, mero departamento da máquina de guerra. A mentira sistemática, as falsificações mais grotescas tão comuns em uma guerra, se somam ao grotesco e absurdo “cancelamento” da Rússia. Este, por sua vez, integra uma das características mais repugnantes desta época em que vivemos: a histeria e o achaque moral permanentes da burguesia que ganham os acentos de chiliques e faniquitos da pequena burguesia.
Assim, nas próximas semanas, esperamos apresentar nossas reportagens, imagens e todo o material bloqueado pela censura do imperialismo e a cumplicidade da esquerda pequeno-burguesa que pudermos nas páginas deste semanário e diariamente, na Causa Operária TV e no Diário Causa Operária. Até lá!